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| taína gonçalves fernandes |

Essa semana a saudade de casa estava apertando mais.

Desliguei a ligação de vídeo com minha mãe com lágrimas nos olhos, me deixando chorar.

André não estava em casa, ele tava na agência. Na última semana ele trabalhou muito. Segundo ele, tinha uma fusão entre duas empresas importantes que ele estava representando, então entendi a ocupação do loiro.

Mas não conseguia deixar de me sentir sozinha naquele apartamento enorme.

Pedi um doce da vizinha. Fui treinar. Desci pra área de lazer e parece que as horas só demoravam mais ainda passar.

Eu, que nunca fui de precisar de ninguém pra fazer nada, pela primeira vez experimentei o sentimento de me sentir só.

Liguei pra Mayara pra conversarmos do bebê que já ia fazer dois meses de gestação e depois fui trabalhar um pouco, sem conseguir me concentrar e com os olhos ainda cheios de lágrimas de saudade de casa.

Eu amava o André. Amava viver com ele, amava estar com ele. Mas não conseguia não estranhar essa mudança na minha vida tão rápido assim.

Quando ele chegou em casa passava das oito da noite, e eu guardava umas roupas minhas no guarda roupa.

O loiro me viu e sorriu, afrouxando a própria gravata e vindo até mim.

— Oi, meu amor — ele sussurrou com as mãos na minha cintura. Sorri fraco pra ele, continuando a arrumar minhas roupas — Desculpa a demora, linda. Tá foda as coisas na empresa — ele bufou coçando a barba rala.

— Não tem problema — respondo sorrindo, e ele parece ter percebido meus olhos vermelhos quando olha mais pra mim.

— Cê ta bem, princesa? — sussurra em voz baixa, afastando uma mecha do meu cabelo do rosto. Apenas assinto em resposta, voltando a atenção ao meu guarda roupa.

André parece perceber que tem algo errado, mas não diz mais nada, apenas vai pro banheiro tomar um banho.

Me sento novamente na cama, cansada.

Não queria deixar ele mal por eu estar tristinha, talvez fosse só tpm.

De qualquer maneira, termino de guardar as coisas e tomo um remédio forte pra dor de cabeça, me enfiando nas cobertas.

Quando André saí do banheiro, já de pijama, deixa um beijo na minha testa e se aconchega do meu lado.

— Quer ir num beach club amanhã? — ele pergunta com a cabeça no meu pescoço.

— Amanhã tenho a sessão se fotos com a Lari — respondo baixinho e ele assente.

— De boa — responde, antes de se levantar da cama e sair do quarto.

Bufo pegando meu celular e ligando outra vez pra casa. Quando minha mãe atende não consigo segurar as lágrimas novamente, deixando que ela me acolhesse e me permitindo ser vulnerável.

———

| andré magalhães lacerda |

Acordei com os movimentos de Taína ao meu lado.

Ela se levantou da cama indo direto para o banheiro, sem falar comigo.

Sabia que tinha algo errado, só não sabia o que. E ficava mal pra caralho com aquela situação.

Durante essa semana eu sabia que tinha ficado um pouco distante, voltando pra casa mais tarde, saindo mais cedo, trabalhando em casa. Mas é claro que aquilo não era proposital, eu estava trabalhando assim por que queria proporcionar um padrão de vida foda pra Tainá, um que ela merecesse.

Minha cabeça voou até meses atrás, quando Sarah alegou ter me traído por eu passar tempo demais no trabalho. Meu coração pesou na hora.

Eu amava a Tainá. Eu confiava nela. Mas depois do que aconteceu era foda não deixar isso vir a mente.

A porta do banheiro de abriu novamente revelando minha namorada.
Ela usava um short branco e um blusa curtinha cor de rosa. Nos pés a sandalha que eu dei de presente, sorri pra ela. Porra, é muito gata mesmo.

— Espera dez minutinhos que eu te levo, amor — digo me levantando da cama.

— Relaxa. Larissa tá vindo aí me buscar — ela responde e eu assinto, cabisbaixo.

— Você chega que horas? — pergunto e ela da de ombros.

— Não sei, marcamos de ir num barzinho pós fotos com o resto das meninas — ela responde e eu arqueio uma das sobrancelhas.

— Meninas? Quais meninas, Taína? — pergunto e ela sorri.

— Relaxa, Dé. Qualquer coisa peço um uber. — responde, me dando um selinho antes de sair do quarto.

Que porra.
Claro que eu ficava feliz em ver a Tainá fazendo amizades, se adaptando a São Paulo.
Mas se eu já tava inseguro pra caralho antes, agora mesmo é que eu estava.

———

notas da autora

oie :)
primeiro queria pedir desculpas pela demora pra atualizar, c o final de ano acabei viajando e não queria entregar capítulos de qualquer jeito, só posto quando tenho CERTEZA que gostei!!! mas agora que to de volta tá tudo certo pra voltarmos com a frequência normal dos capítulos. Beijão e boa leitura ❤️

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora