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| taína gonçalves fernandes |

Júnior, Mayara e o pai de André tinham ido almoçar num restaurante aqui do lado. Eu, no entanto, sabia que não ia conseguir comer.

Já passava do meio dia quando a enfermeira veio me informar que o André havia acordado.

Me levantei num pulo da cadeira do hospital, perguntando se poderia vê-lo. Ela disse que sim e me guiou até o apartamento hospitalar que ele estava.

Abri a porta com receio, mas ao ver o loiro pálido, com os cabelos desgrenhados, deitado naquela maca foi impossível não correr até ele.

— Graças a Deus que você tá bem — sussurrei, enquanto ele me abraçava forte, com a cabeça enterrada no meu pescoço, como se quisesse ter certeza de que eu era real.

— Taí. Cê ta aqui... — ele sussurra, ainda me abraçando apertado. Não consegui segurar as lágrimas de alívio que desceram do meu rosto. Odiava chorar na frente dos outros e fiz muito isso nas últimas vinte e quatro horas, mas isso não importava agora, o que importava é que ele estava aqui, e bem! — Não chora, marrentinha. Eu tô bem. Não ia te deixar aqui tão fácil — ele continua, me fazendo gargalhar.

Olho dentro dos olhos azuis do loiro, que sorri arrumando meu cabelo.

— Me desculpa por ontem, André. Eu tive medo, eu só... — começo, tomada pela emoção, mas ele me impede me puxando pra outro abraço apertado, enquanto acaricia meu cabelo.

— Vem cá, morena — então o loiro me aconchega nele, me colocando em cima da maca hospital — Eu sei das teus inseguranças, dos teus receios, mas eu nunca duvidei do teu sentimento por mim. Só queria que tu me desse a chance de mostrar que o meu sentimento também é verdadeiro, Tainá. Vem comigo, vem comigo e me dá uma chance — ele começa e eu o encaro, fazendo carinho no cabelo loiro dele.

— Eu vou com você, plaboyzinho — naquele momento eu não tinha certeza de nada. Não tinha certeza de como as coisas iriam ficar por aqui, e nem de como iriam ser lá, mas eu tinha certeza de que eu estava com ele, e isso era suficiente por enquanto.
Ele abriu o um sorriso gigantesco pra mim, me puxando pra um beijo demorado.

— Cadê sua aliança? — ele perguntou, parecendo aliviado.

— Na minha casa — respondi e ele assentiu.

— Quando a gente pode ir pra lá? Quando eu posso ter alta? — ele me perguntou e eu gargalhei.

— Calma, André. Vamos esperar seu pai chegar do almoço pra ver o que o médico vai dizer —

— Por que esperar meu pai? Eu posso dirigir, uai — ele disse e eu revirei os olhos.

— Que dirigir sozinho, André? Você acabou de sofrer um acidente —

— Foi só um susto, vida. Tô inteiro — ele diz e me puxa mais pra ele — Alguém mais se machucou? — ele perguntou.

— Não, graças a Deus. O piloto o co piloto estão na santa casa, estáveis — o informei e ele assentiu.

— Fala que qualquer outro gasto que eles ou a família tiverem com o acidente eu vou custear — ele pede pra mim e eu assinto, admirando cada dia mais aquele homem — Ei — ele me chama, em voz baixa e eu o olho, ainda distraída mandando mensagem para o pai dele com meu celular — Te amo Taí — diz, e eu sorrio, com o coração derretido.

— Também te amo, chatinho — respondi antes dele puxar meu cabelo com força, me provocando.

Somos despertos pelo pai do André, Júnior e Mayara abrindo a porta atrás de nós.

— Meu filho! Eu tinha que ter ido com você... — ele sussurrou indo até o filho, o abraçando.

— Ô pai, não foi nada! Só um susto. — ele respondeu abraçando-o de volta.

Logo depois Júnior veio abraçar o irmão, deixando algumas lágrimas escaparem.

— Não chora, caralho — André disse recebendo um tapa nas costas em resposta.

— Liguei pra mãe, ela tá desesperada — Júnior avisou enquanto mexia no celular.

— Porra, não era pra ter avisado. Não queria preocupar ela —

— Como não, André? Ficou todo mundo preocupado. Ninguém relaxou desde de a hora que perdemos o rastreio — ele respondeu e André sorriu, olhando pra mim e me puxando pra ele novamente.

— Até você marrentinha? — ele brincou, com os olhos semicerramos.

— Já tá bom de saúde né? Já tá fazendo gracinha... — respondi e ele gargalhou.

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora