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| taína gonçalves fernandes |

Eu terminava de comer uma sobremesa de goiabada com queijo feito diretamente na fazenda dos Lacerda.
Estávamos sentados nos bancos externos na casa, conversando e resenhando. André tinha os braços ao meu redor e estava ao meu lado, roubando um pouco do meu doce.

— Por que você não pegou um pra você? — pergunto baixinho, dando mais uma colher na boca dele. Ele sorriu roubando um selinho meu.

— O seu é melhor — o loiro responde, ainda sorrindo.

— Pai, já falou pro André de segunda-feira? — Júnior pergunta pro pai, que estava fumando um charuto no banco em frente ao nosso.

— O que tem segunda? — André pergunta coçando a barba por fazer.

— O Junior tinha uma inspeção de transação de gado numa fazenda em Alfenas, mas é o dia da primeira ultrassom da Mayara. Você vai no lugar dele — o mais venho disse e eu olhei atenta pra André — Vai com o helicóptero, tenho que ver com o Victor se tá tudo certo. Se quiser eu vou com você, filho —

— Pode deixar pai, volto no mesmo dia! — André respondeu ganhando um sorriso e um tapinha nas costas do pai.

Olhei pra ele meio tensa, Alfenas não ficava tão perto daqui.

— Que é, marrentinha? Vai nem dar tempo de sentir saudades — ele disse num sussurro, para que só eu ouvisse, e apertou meu nariz com carinho.
Sorri sem jeito, não querendo que admitir que ia sentir saudades sim.

Se só a ideia de passar um dia longe já apertava o meu coração, imagina quando ele me dissesse que quer voltar pra São Paulo.
Afastei a ideia da minha mente pra não estragar o dia maravilhoso que estava tento e voltei a prestar atenção na conversa do pessoal.

———

— Ele gostou de você — André diz me guiando rumo a caminhonete dele. Agora beirava as cinco da tarde e estávamos indo embora — Acho que ele ficou preocupado quando disse que estava com aquém daqui. Ficou aliviado quando viu que era você — o loiro sussurrou, me puxando pra ele.

— Você acha? — pergunto apreensiva, ele sorri acariciando meu rosto com as mãos.

— Eu tenho certeza — ele responde deixando um beijo na minha testa — Você tá parecendo uma princesa hoje — o loiro diz enquanto me puxa pra um abraço.

— Que grudinho, meu Deus — respondo abraçando ele apertado e fazendo um carinho na sua nuca.

— Você gosta... — sussurra no meu ouvido antes de dar uma mordida do lóbulo da minha orelha, me fazendo arrepiar.

Quando entramos no carro coloco meu cinto e tiro meus saltos, me confortando no banco do carro.

— Cê já comprou seu presente pro aniversário do Miguel? — André pergunta enquanto dirigia, com os olhos na estrada.

— Não, pensei em ir amanhã — respondo.
O aniversário do meu afilhado era domingo, e com essa correria toda pra organizar a festa eu nem tive tempo de sair pra comprar o presente do querido.

— Vamo encostar no shopping, tenho que comprar o meu também —

— Não vamos dar o mesmo presente, uai? — pergunto e ele ri.

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora