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| taína gonçalves fernandes |

Depois de ouvir o que Sarah disse no banheiro daquele bar não consegui não deixar aquilo me afetar.

Sempre me blindei pra que esse tipo de coisa não me machucasse, mas eu sabia que estava exposta a esses riscos quando saí da minha casa e vim com André pra cá.

Sabia que o André me amava, mas eu não conseguia não me perguntar se eu conseguia competir com alguém que conheceu ele a vida toda, com alguém que sabe exatamente onde estar na vida do André.

Quando encontrei Larissa novamente, ela estava virando um shot de caipirinha e sorriu pra mim.

— Cê ta bem, Taí? — perguntou, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Tô sim, Lari — respondo forçando um sorriso, pegando um copo de shot que estava em cima da mesa, na esperança que o líquido quente me fizesse esquecer de todas as dúvidas e inseguranças que eu tinha naquele momento.

———

Horas mais tarde eu rebolava até o chão com Larissa atrás de mim, dançando ao som de Let's Go 4.

Tinha perdido as contas de quantos combos tinham pago pra mim e Larissa aquela noite, mas obviamente eu não dei confiança pra ninguém, assim como ela também não.

Também tinha perdido as contas de quantas garrafas de gin sequei. Certamente não uma quantidade suficiente pra que eu conseguisse esquecer as palavras de Sarah no banheiro, que ainda insistam em ecoar pela minha cabeça, apertando meu coração.

Minha vontade mesmo era voar encima do pescoço daquela ruiva ridícula, mas não ia dar esse desgosto pra minha mãe, e muito menos passar essa vergonha na frente dos outros por aí, então apenas me concentrei em dançar e curtir, ignorando

— Ou amiga, me empresta teu celular pra eu fazer uma ligação. O meu já era — Larissa pediu, indicando minha bolsa.

Assenti abrindo minha bolsa e pegando meu aparelho, o qual eu vi que estava descarregado também.

— Morreu — respondo pra ela.

— Tem carregador? — pergunta e eu nego — Então é melhor vazarmos. Não quero André falando no meu ouvido de você tá chegando tarde em casa — ela diz e eu gargalho.

Pagamos nossa conta e saímos da boate, nem tendo noção de que horas eram.

Larissa se encheu de água pra tentar ficar mais de boa e também me fez largar minha garrafa de Gin.

— Aaii Lari, me devolve — peço e ela ri.

— Nada disso! Vem, vamos parar pra comer alguma coisa e depois te deixo lá no André — ela diz arrumando meu cabelo e me levando em direção ao carro.

———

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora