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Você olhou para suas mãos frias, colocando-as nos bolsos de sua jaqueta para ganhar um pouco de calor, amaldiçoando qualquer Deus que decidisse tornar seu dia tão catastrófico. Primeiro, seu carro quebrou no meio do caminho para o Chateau, depois seu telefone ficou sem bateria, impossibilitando que você ligasse para qualquer pessoa que pudesse oferecer um pouco de ajuda. Você se encostou no carro, traçando círculos com os pés no chão enquanto calculava seu próximo movimento.
A estrada para casa era uma opção tão ruim quanto a estrada para Chateau, ambas terrivelmente distantes. Então você decidiu que esperar por um milagre parece ser a opção mais racional. Talvez alguém vai parar e ajudá-la. Mas a terrível temperatura baixa fez você se desesperar, balançando as pernas para criar um pouco de calor. E como se um dos deuses a tivesse visto tão perturbada e se preocupasse em lhe oferecer uma mão amiga, um caminhão branco parou na beira da estrada, fazendo você sorrir.
Você se recompôs, tentando parecer o mais decente possível. Seus olhos vasculharam o carro, esperando que alguém descesse. Mas no momento em que você notou o cabelo bagunçado do homem saindo do carro, você percebeu que isso era apenas mais uma brincadeira de mau gosto dos deuses.
– Porra.
Você sussurrou para si mesmo, revirando os olhos. Rafe Cameron é o salvador com asas de anjo que veio para te ajudar. Ou, neste caso, as asas eram negras como brasas e a relíquia foi substituída por chifres de diabo.
– Ah, não fique tão animada com isso.
Ele comentou, escondendo seu sorriso. Mesmo para ele, a situação parecia irônica, pois a pessoa que estava tão desesperada por ajuda acabou sendo a que mais estava com nojo dele, ou pelo menos, queria parecer assim.
Você se virou para ele, jogando as mãos no ar.
– Como você sabia que eu estava aqui? Você me seguiu ou algo assim?
O fato de Rafe ter um histórico de sempre aparecer onde você estava não era segredo. De alguma forma, ele sempre conseguiu surpreendê-la nos lugares mais inoportunos, nos momentos mais inoportunos, como se pretendesse estar lá desde o início.
Mas a reunião de hoje foi realmente não intencional, até o momento em que ele notou sua figura desesperada sentada ao lado de um carro quebrado, movendo-se de um lugar para outro para pensar em uma solução, por isso decidiu ajudá-la.
– Eu não.
O tom de sua voz parecia mais sério do que ele pretendia, passando a mão pelo cabelo desgrenhado. Ele endireitou a voz antes de falar.
– Sabe, em vez de agir como se você me odiasse, já que eu tenho certeza que sou o único que possa ter ajudar no momento, você deveria apenas me dizer qual é o problema.
Você não podia acreditar nas observações estúpidas que ele poderia fazer para você, olhando para ele com os olhos carrancudos.
