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Desde que você era mais jovem, você se lembrava de sua mãe falando sobre almas gêmeas. Como quando você tinha um objeto semelhante, como os anéis de seus pais, eles brilhavam. Ou se você olhasse para algo reflexivo, como um espelho ou uma bolha, você poderia ver o mundo de sua alma gêmea.
Durante anos você carregava um espelho com você, mas só via seu reflexo. Sua mãe lhe dava um pequeno sorriso com seus olhos verdes e simplesmente dizia.
– Ainda não é hora.
Mas não durou muito, porque no seu aniversário de 8 anos, você estava olhando pela janela, para o horizonte. O céu tinha tons de rosa e laranja, o sol se pondo ao longe. Seu desejo não mudou desde que você conheceu a história da almas gêmea.
Seu desejo se tornou realidade, porém não da forma que você queria. Naquela noite, quando você dormiu, sonhando com o príncipe que iria varrer você de seus pés, você foi levada para a ilha dos perdidos por ninguém menos que a própria mamãe Gothel.
Ao contrário de quando ela levou sua mãe, Gothel nunca saiu da torre. Ela não te tratou com a "delicadeza" que tratava sua mãe.
Ela te alimentava com pequenas refeições, forçava-a a usar o cabelo para torná-la jovem e limpava-a. Ela batia em você, a ponto de você ficar com algumas contusões espalhadas pelo seu rosto e braços.
Eu me sentia mais fraca a cada dia, Gothel tinha levado o colar que minha mãe me deu quando criança. Ela também livrou a torre de quaisquer espelhos, me forçando a não ter idéia ou conceito de minha alma gêmea. Quem ele era, como ele se parecia.
Nas raras ocasiões em que se lavava o chão, através das bolhas, às vezes se viam aparições de ondas com um clarão vermelho.
Sua mãe sempre lhe disse que quando você encontra sua alma gêmea pela primeira vez, todo o seu corpo se sente aquecido. Você quer correr para os braços dele e conversar a noite toda.
Era tarde da noite. Névoa pairava no céu, e um tom claro de luzes da aldeia podia ser visto à distância. Contusões frescas cobriam sua bochecha e sua mandíbula. Se havia uma coisa que Gothel não tiraria de você era sua janela. Mostrava o quão perto você estava da civilização, e possivelmente de sua alma gêmea. Mas você já havia tentado escapar. Isso não acabou bem.
Então você se sentou no parapeito da janela, observando as luzes piscarem.
– S/N!
Você podia ouvi-la gritar. Você desceu as escadas. Gothel estava ao lado do balcão da cozinha.
– Eu estou indo para a cidade. Você fica aqui e limpa o chão. Nem pense em sair.
Ela olhou, abriu o alçapão, então o fechou com uma chave. Você correu para a janela, para ver sua figura desaparecer na floresta em direção a aldeia. Você sabia o peso de sua ameaça e, portanto, pegou seu balde e começou a trabalhar. Despejando o sabão, você assistiu melancólico lá fora, sentindo um puxão no coração, quando de repente você deixou cair a garrafa no balde, derramando sabão por toda parte.
