Morga - A Maga do Vento

6. O Mapa e as Poças de Esmerilha - Décima Quarta Parte.

Yhari deslocou o primeiro tubo, afundando-o ainda mais dentro da Poça para tentar fazer confluir o máximo de líquido possível. A Mecânia começou a sugar, enchendo o reservatório localizado dentro de sua cabeça ovoide.

Os demais Dakis fizeram o mesmo. Morga agarrou o tubo diante de si e, ao ver o líquido lodoso, sentiu ânsia de vômito. Yhari exortou-a a suportar o mau cheiro pelo menos por alguns minutos.

O chiado que a Mecânia produzia lhe dava calafrios, mas a Maga do Vento mobilizou forças. Segurava o tubo apertado, mas, não estando acostumada a usar luvas tão grossas, se atrapalhava. O tubo escorregou-lhe das mãos duas vezes. Lefório percebeu e fez sinal para que as Sentinelas se aproximassem da garotinha.

Morga sentiu-as atrás de si e ficou agitada. Yhari lançou-lhe um olhar de cumplicidade e a garotinha voltou a pegar o tubo e, finalmente, conseguiu empurrá-lo para baixo, enquanto o líquido borbulhava diante dela. Devido à precipitação, moveu a cabeça para a frente, e um espirro de líquido lodoso passou perto dos seus cabelos.

Uma das Sentinelas se postou ao seu lado. Morga não conseguiu olhar para ela: era horrível. Sentiu suas mãos vaporosas pegarem-na pelos ombros e afastarem-na para trás alguns passos. A garotinha virou-se e, corajosamente, fitou os olhos verdes e luminosos que sobressaíam no rosto de fumaça daquele ser inventado pelos Fhar.

A criatura jogou a cabeça para trás, e o capucho que a cobria deslizou, mostrando a forma vaporosa de sua fronte. Suspensa do chão, ela retornou para o lado de Lefório.

O olhar de Morga chamara a atenção.

O Fhar quis ver a garotinha de perto e aproximou-se com passo majestoso. A Maga do Vento prendeu a respiração, Yhari resmungou alguma coisa incompreensível, enquanto Drima e Horp rezavam para que nada de grave acontecesse.

Lumira e Reful riam de soslaio enquanto seguravam os tubos cheios de líquido.

— Casa 299. Você é Morga, certo? — A voz de Lefório parecia uma espada fervente introduzida na mente da garotinha.

— Sim... meu Senhor. Este é o meu nome — respondeu a jovem sem levantar a cabeça.

Fim da Décima Quarta Parte.