Morga desembrulhou o pacote em cima da mesa e encontrou Pão Rosa e geleia verde de Momórnica Charantia. Num saquinho separado havia também uma boa dose de Equisetum Arvense para Wapi.
— Obrigada, Gardênio, você é realmente gentil. Esta geleia de melão é energética, e eu estou com tanta fome que meu estômago está roncando. — Um sorriso sincero despontou dos lábios da jovem maga, que deu logo a erva saborosa para o Piróssio.
Wapi estava bem, seu pescoço sarara perfeitamente graças ao creme de Kernite Dênsia e, assim que se viu diante de seu alimento preferido, devorou-o em poucos instantes.
Morga mordeu um pedaço de pão coberto de geleia sob o olhar enternecido de Gardênio.
— Quando você terminar seu café, desça até o portão: eu trouxe sua Komba também, mas acho que hoje de manhã você não vai poder usá-la. Com esta tempestade de neve, ninguém vai trabalhar nas Poças de Esmerilha, nem nas Minas de Ambrioso.
Assim que Gardênio concluiu, ouviu-se um assovio rouco. Era o Obolho, que a avisava da chegada de uma mensagem.
Morga fitou os olhos escuros do U'ndário, que olhava preocupado para o pequeno dirigível de cristal que esguichava vapor.
— Agora, vou ler a mensagem. Mas você não vai me trair, certo? Não dirá a ninguém que eu tenho um Obolho.
— Trair você? Serunte jamais me perdoaria — respondeu, quase gaguejando.
— Eu confio em você. — Morga lançou-lhe um olhar persuasivo, e Gardênio aquiesceu.
De forma decidida, ela abriu a quarta portinhola, tirou o Ciodalo e pressionou a pequena tecla branca. No monitor redondo apareceram as seguintes palavras fluorescentes:
Filha querida,
Espero que a água-furtada da Casa 299 seja confortável. Gardênio ajudará você a ajeitar as coisas, confie nele e em quem emitir energia positiva. Você tem condições de perceber o ódio e a deslealdade; talvez algum Daki fique ao seu lado neste momento difícil; cabe a você decidir se quer ser ajudada por alguém que ainda não conhece.
Eu não vi sua mãe, é impossível programar um encontro com ela, mas saiba que a Casa 299 foi onde Animea morava quando era Daki.
Gostaria de lhe dizer tantas outras coisas, mas o tempo é tirano. Escrevo para comunicar-lhe uma coisa importante: a Pramaga Telkia está doente.
Este é um fato gravíssimo porque nós, Fhar, não estamos acostumados com doenças.
Há um grande alvoroço aqui em Áurea Nyos, e logo Eremia também vai chegar. Sei que ela lhe entregou o livro com os Ambalis: use a magia alquímica com precisão. Neste momento, você vai ter de contar apenas com suas próprias forças; nós precisamos descobrir de que Telkia está sofrendo.
Okrad está muito agitado e desconfiado, cada deslocamento nosso é rigorosamente fiscalizado, portanto, não posso ir visitá-la. Temo que a profecia esteja começando a se cumprir e que o vírus mortal tenha infectado Telkia.
Siga o seu destino, eu estarei sempre ao seu lado.
[Símbolo Desconhecido], Serunte.Morga respirou profundamente, olhou ao redor pensando em sua mãe e sussurrou:
— Ela morou aqui, dormiu naquela cama.O U'ndário mal conseguia ouvi-la e não entendeu nada.
A garotinha guardou o Ciodalo de volta no Obolho e depois enfiou a mão no bolso e apertou o Glibine envolvido no lenço de Animea. A pedra preciosa era quente, e a imagem do rosto de sua mãe atravessou sua mente como um raio. Por um lado, ela estava feliz em morar na Casa 299; não obstante, a mensagem de seu pai a deixara preocupada.
— A profecia... o vírus mortal. E agora, o que eu faço? — Morga resmungava, mais agitada do que nunca, andando de um lado para outro, seguida pelo Obolho.
Fim da Quinta Parte.
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Morga - A Maga do Vento
FantasyAno 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos - negros como piche -, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia - a Bramante Branca dos poderosos achar, gove...