9. O Conciliábulo dos Fhar - Décima Primeira Parte.

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A garotinha aproximou-se para ler, mas as únicas palavras que conseguiu decifrar foram as do título.

— É sânscrito... a língua antiga. É a linguagem dos códigos sagrados dos Fhar! — murmurou, recordando-se do que contara Eremia.

Observou que algumas frases estavam intercaladas com pequenos desenhos que representavam pedaços de mental cinzento. Não parecia tratar-se de prata, nem de chumbo e muito menos de gelo sâmico.

O mistério aguçou o interesse da Imperfeita. Mas, assim que tocou nas páginas, uma descarga elétrica envolveu suas mãos. Deu um salto para trás. Era impossível folhear aquele manuscrito e muito menos removê-lo do atril.

"Itérbio... mas o que é isso?", pensou, perplexa, enquanto inspirava o cheiro pútrido proveniente da jarra que continuava a flutuar sobre o fogo.

Tapou o nariz. "Que porcaria alquímica é esta que Okrad criou?"

A garotinha recolheu um dos bastõezinhos de madeira espalhados pelo chão e mergulhou-o no líquido vermelho. Alguns fragmentos acinzentados vieram à tona, quase liquefeitos, parecidos com os desenhos do manuscrito.

Quando Morga retirou o bastãozinho, percebeu que ele se tingira de preto.

"Uma poção vermelha que se torna preta... quem sabe para que serve?", pensava, reprimindo a ânsia de vômito.

Observou também que dentro de seis vidros havia pedaços de metal cinza idênticos aos da poção e do livro.

— Nunca vi um metal desse tipo! — murmurou.

Pegou alguns e, cheirando-os, sentiu o estômago se contrair: eram realmente esses fragmentos que fediam como carniças pútridas.

Franzindo o nariz, guardou-os na terceira portinhola do Obolho, junto com as substâncias vegetais e as pedras alquímicas.

— Eremia certamente conhece esse metal fedorento — disse, afastando-se da mesa para procurar uma saída.

Nesse momento, a luz do Glibine iluminou um pequeno nicho escavado no canto da parede esquerda. Dentro dele havia um documento contornado por um fio de ouro: era um diário em que Okrad anotava, havia quinhentos anos, locais e datas.

Fim da Décima Primeira Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora