4. Os Ambalis e a Antiga Profecia - Quinta Parte.

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— Estas substâncias vão ajudá-la. Você também levará ampolinhas de Cantária Sólia; lembre-se de tomar poucas gotas quando se sentir cansada. E também enchi este recipiente de madeira com folhas de Galanga Márfica; caso tenha necessidade de se manter em forma durante vários dias, esprema-as na hora. Nesta caixinha de prata há uma boa dose de Quêbulas Ferma; use-a em ferimentos seus, mas, atenção, não tente tratar Wapi com ela: os Piróssios são alérgicos a esta substância. Por fim, dentro desta garrafinha há Adormida Branca, contra a dor. Tome cuidado para não abusar: sete gotas provocam a morte. Saiba que estes remédios foram inventados por seu pai — concluiu a xamã, sem se virar.

Morga colocou os livros na mesa, observou os outros frasquinhos e viu que continham elementos alquímicos que ela conhecia bem porque os utilizava nas fórmulas do vento. Havia uma ampola minúscula com a Água do rio Hamandor, utilíssima para a Plúvia Flasa, havia um frasquinho cheio de Cromo Váquio para a Inféria Rota e também caixinhas contendo os frutos secos e tóxicos de Barósmio Betulino, areia do deserto de Alfásia e Pedras Metamórficas.

— As únicas coisas que faltam são a Resina e as Pinhas Carya Glabra; espero que você consiga encontrar, você sabe que dão nas árvores do bosque da Área Krop-0, perto da cidade de Mantrakor — lembrou Eremia, fechando os frasquinhos com tampas de Bronze Ofuscado. A Bramante explicou que melhor seria usar as substâncias com os instrumentos apropriados, mas que certamente não disporia de Rôndolo, Suflio, Boca Chama, alambiques e ampolas na Colônia Briosa. Assim, Eremia terminou consolando Morga, ensinando-lhe que também podia se virar com um simples panelão e uma lareira.

— Obrigada, você realmente pensou em tudo, mas onde... — Morga estacou, interrompida pela xamã.

— Já sei o que você quer me perguntar: não sabe onde guardar este precioso material para que nenhum Daki o encontre. Certo? — Eremia tocou seu rosto e olhou a garotinha com meio sorriso.

— Sim, era nisso que eu estava pensando. — Morga ficou esperando.

A Bramante abriu o Boca Chama; no fogo do forno ardia um objeto de forma ovoide. Com destreza, ela agarrou o alicate Cademônia Curvada, que estava pelando, e extraiu um Obolho transparente, muito parecido ao seu.

Morga arregalou os olhos:
— É muito lindo!

— Sim, devo dizer que o resultado está ótimo. Este será o seu Obolho; é de cristal puríssimo e, portanto, muito frágil. Não tem filigranas de ouro como o meu, mas vai funcionar muito bem. Como você pode ver, há quatro portinholas, nas quais você pode colocar o que quiser. Olhe, também fiz um Ciodalo, e você poderá escrever aqui as suas mensagens, assinando-as com M de Morga. — Eremia apertou o alicate com força e apoiou o Obolho sobre a pedra hexagonal para deixá-lo esfriar.

A Bramante explicou como o pequeno dirigível mágico funcionava: a primeira portinhola era para guardar documentos e pequenos objetos; a segunda, para líquidos; a terceira, para pedras, seixos e vegetais; e na quarta havia o Ciodalo, para receber e enviar mensagens.

Morga ficou surpresa.

— Vou poder entrar em contato com você?

— Sim, e também com seu pai. Fiz este Obolho para nós três: os Fhar não poderão localizá-lo porque ele é invisível. — Eremia sorriu.

— Invisível?

— Claro. Ele só aparecerá quando você quiser. E estará sempre ao seu lado. — A xamã retirou um objeto preciosíssimo do bolso interior do seu longo vestido branco: o Gual.

Era um pingente de cobre de forma esférica, em cuja parte superior havia um anel de ouro que, por sua vez, estava ligado a um cordão de seda preta. Debaixo da esfera projetava-se uma ponta de prata.

— Quando você apertar a ponta, fazendo-a penetrar na esfera, o Obolho se tornará invisível. — Eremia ilustrou suas palavras diante de Morga, e o pequeno dirigível transparente desapareceu completamente.

A garotinha pegou o Gual e passou de leve os dedos sobre os mil entalhes que o decoravam. Depois, passou o cordão em volta do pescoço. Com delicadeza, segurou a esfera que pendia e puxou a ponta de prata: o Obolho reapareceu.

Fim da Quinta Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora