2. As Lágrimas da Gestal - Primeira Parte.

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Casa de Eremia
Estação Medra - 4º dia do ano 500
Temperatura: 5 graus
Lua branca enegrecida e lua vermelha diurnas

Os raios do sol, ofuscados por um véu de nuvens esbranquiçadas, penetraram no quarto de Morga, iluminando-lhe os cabelos desgrenhados. Eram sete horas da manhã, e as duas luas diurnas anunciavam a mudança repentina do clima. A estação Invéria estava às portas; logo o gelo recobriria Emiós, tornando a vida mais difícil.

Deitada na cama, Morga estendeu as mãos finas, procurando as plumas macias de Wapi. O Piróssio, porém, já tinha ido ter com os outros avestruzes no amplo prado que se estendia ao lado da casa da Bramante Branca.

A garotinha levantou a cabeça, esfregou os olhos e bocejou, olhando pela janela.

"Ela vai chegar do céu, como de costume, a bordo de sua carruagem voadora. Vou abraçá-la com força e seu perfume me atingirá como uma onda pacífica", pensou, imaginando o rosto de sua mãe.

Uma faísca acendeu em seus olhos azuis; as perguntas que tinha exigiam respostas objetivas, e nem o amor de Morga por Animea iria impedi-la de fazê-las.

Ela pulou da cama e vestiu rapidamente o macacão térmico que lhe envolvia o corpo esguio e proporcional, depois calçou as botas anfíbias, amarrando os cadarços com força.

Fim da Primeira Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora