1. A Confissão da Bramante Branca - Quinta Parte.

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A jovem Maga do Vento pegou o objeto com delicadeza, apertou a minúscula tecla branca posicionada na borda do Ciodalo e a tela redonda iluminou-se com as palavras amarelas fluorescentes que a atravessavam lentamente.

Cidade de Mantrakor
Mosteiro de Hamalios - Área Krop-0
Estação Medra - 3° dia do ano 500

Excelentíssima Eremia,
As poções de Aloe Feixosa estão acabando e os suprimentos de Raízes Roxas já estão escassos. Tendo em vista que a nova estação de frio vai começar daqui a dois dias e as nevascas previstas não permitirão o pronto deslocamento das mercadorias, eu decidi enviar amanhã mesmo uma Vádria com as gestais Animea e Sasima, acompanhadas pela Ancilante Mesia. Eu chegarei no dia subsequente com Dromantes para o carregamento de especiarias e Senthia a ser levado para Áurea Nyos, seguindo as determinações dos nossos amados colegas.

[Símbolo não encontrado] Serunte
Chefe Fhar do Centro Cripto - Área Krop-1 e Guardião do Mosteiro de Hamalios - Área Krop-0

Quando concluiu a leitura, Morga ergueu os olhos azuis e, brincando com uma mecha de cabelos, dirigiu-se à Bramante:
— Desculpe se fui grossa com você. Estou feliz com a chegada de minha mãe. Finalmente, vou poder abraçá-la de novo, depois de dois longuíssimos anos. Mas continuo sem entender por que estou morando com você. Por que minha mãe tem de me ver às escondidas? Por que não posso saber quem é meu pai?

A Bramante pegou o Ciodalo e o colocou de volta no Obolho, que saiu voando em meio a baforadas de vapor. Ela apagou a Fituba amarela na cuia com o incenso granulado e deslizou os dedos pela testa, pressionando seu kumkum vermelho:
— Chegou a hora de você saber. Prepare o seu coração e mantenha as energias em repouso. O controle da potência dos nossos pensamentos deve ser perfeito, conforme eu lhe ensinei. E lembre-se sempre da importância absoluta do contato com a natureza. Eu sei que você saberá estabelecê-lo, tenho certeza disso. Conheço você muito bem e criei você de acordo com as regras da nossa magia alienante, dos Fahr. E eu assumo todas as responsabilidades.

Morga sentou-se no tapete turquesa, cruzou as pernas e aguardou.

— Na mensagem que você leu, não há somente a notícia da chegada de sua mãe, acompanhada por Sasima e Mesia. Claro que é importante para você que ela retorne depois de dois anos de ausência, pois isso também é um fato importante para mim. Contudo, também há outra coisa... você entende? — Eremia baixou a voz, modulando-a de tal maneira que o diálogo se tornou misterioso e inquietante.

— Outra coisa? Você está se referindo à chegada do Fhar chamado Serunte? — A garotinha arregalava os olhos e esperava uma resposta.

— Exatamente. Um Fhar está vindo para cá. É inusitado, você não acha? O vento não falou com você hoje à noite? Você não sentiu nada vibrando no ar? — Eremia nunca falara tão sério.

Morga voltou a pensar na árvore nodosa e na raiva condensada em seu estômago. Arregaçou as mangas do macacão térmico, mordiscou os lábios e, por fim, fez que sim com a cabeça.

— Eu senti as forças mágicas agitando-se dentro de mim. O perfume da floresta era mutável. Acho que está acontecendo alguma coisa ... mas não sei bem o quê.

— Bem, continue falando e raciocine — incentivou-a Eremia.

— Com efeito, normalmente, é um grupo de U'ndários ou de Dakis que vem buscar as mercadorias, as ervas mágicas e as poções. E, a cada vez, eu preciso me esconder como você me ensinou. Sei que ninguém deve me ver, você me explicou isso e eu sempre obedeci.

A Bramante ergueu-se lentamente da poltrona, levantou os ombros e girou lentamente o pescoço para a esquerda e para a direita.

Fim da Quarta Parte.

Foto do Símbolo na Carta.

Foto do Símbolo na Carta

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Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora