Wapi compreendeu ter aprontado uma das suas e ficou sem jeito. Além do mais, nem sequer tinha conseguido ver Cilla!
Quando o U'ndário acendeu as luzes da casa, a desolação da decoração entristeceu Morga.
— Horrível! São móveis velhíssimos e meio quebrados! — protestou.
— Não faça cenas, eu havia lhe dito que esta é uma casa imprestável e que precisa de manutenção. Telkia vai tomar providências para realizar as obras necessárias. Por enquanto, você vai ficar aqui bonitinha. Vamos subir à água-furtada. — Gardênio se deu conta de que as cadeiras e a mesa da cozinha também estavam em péssimas condições.
Wapi subiu pela escada estreita com muita dificuldade, mas, no fim, quando colocou as patas na água-furtada, alegrou-se um pouco. Havia um canto bem confortável, logo ao lado da pequena lareira. Ele abriu o bico e cuspiu uma labareda de fogo que acendeu a lenha empilhada ali, chamando a lareira à vida. Acomodou-se na frente e, finalmente, fechou os olhos para dormir. Morga olhou ao redor e viu a cama de ferro forjado com um velho colchão e um edredom puído. Na água-furtada havia duas cadeiras amarelas, algumas almofadas poeirentas, uma tábua comprida que fazia as vezes de mesa, um armário desengonçado e um baú aberto e vazio.
— Bem, este lugar não é tão ruim assim — resmungou Gardênio.
— Pois é, mas vou me adaptar. O importante é que eu possa dormir no quentinho — retrucou a garotinha, descausando a bolsa ao lado do armário.
— Além da lareira, há a calefação. As Conduturas Cobríficas funcionam muito bem; na estação Invéria aquecem, e quando a Ársica explode, elas esfriam. — O U'ndário procurava infundir ânimo na jovem maga. Antes de ir-se, coçou a barba para retirar os pedaços de gelo que estavam derretendo. — Durma bem. E fique tranquila, não contarei a ninguém o que vi você fazendo. Mas eu tenho de dizer para Serunte. — Gardênio tossiu e aguardou a reação de Morga.
— Está bem. Talvez possamos falar sobre isso amanhã, com calma. Agora, realmente, quero dormir. — A garotinha deitou-se sobre a cama sem querer tirar as botas anfíbias.
Fim da Décima Quinta Parte.
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Morga - A Maga do Vento
FantasyAno 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos - negros como piche -, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia - a Bramante Branca dos poderosos achar, gove...