2. As Lágrimas da Gestal - Sexta Parte.

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As carícias, os beijos e os olhares diziam mais que mil palavras.

— Como você ficou grande. Acho que você está muito bem. — Animea apertou as mãos de Morga, observando-a como se ela fosse um milagre na natureza.

— Você demorou demais. Não me deixe mais sozinha. Eu preciso de você. — A ternura e a vontade de se agarrar ao colo materno eram mais fortes que a raiva que Morga sentia queimar em seu corpo.

— Eu também preciso de você. Você é minha vida. — Os lábios de Animea tocaram a fronte da garotinha, que se entregou aos seus carinhos.

Eremia pigarreou e disse:
— Vocês precisam ficar a sós. Falar de muitas coisas. Nós vamos entrar.

Animea agradeceu, depois notou que o olhar da Bramante era diferente do normal e, com voz fina, acrescentou:
— Eu estou em dívida com você pela sua generosidade e paciência.

— Mais tarde, quando você tiver terminado de conversar com sua filha, não sei se ainda terá a mesma opinião. — A resposta da xamã foi seca e clara.

Sasima compreendeu que a situação iria se complicar e recordou a Animea que tinham apenas duas horas, porque, depois, teriam de retornar ao Mosteiro de Hamalios.

A mãe de Morga anuiu, pegou a garotinha pela mão e, juntas, encaminharam-se para o jardim que levava ao prado, perto do refúgio dos Piróssios. Wapi esticou o pescoço e deitou-se junto do chafariz do pátio, fiscalizando as vaidosas Cegóbias, que limpavam suas plumas com o bico.

— Preciso lhe perguntar uma coisa muito importante. — Morga sentou-se ao pé de uma das dez raríssimas árvores de Senthia.

Animea franziu a testa.

— Importante?

— Eu sei quem é meu pai. E, agora, você deve me dizer a verdade. Deve me contar por que ele jamais veio me visitar. E por que estou aqui, isolada de tudo e de todos. — A garotinha arregalou os grandes olhos azuis, olhando fixamente para a mãe.

Fim da Sexta Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora