Queria sair ao ar livre para ver a chegada da Vádria vermelha como o fogo e esperar sua mãe no pátio. Desejava ir a seu encontro de braços abertos e sentir as carícias que não recebia havia tanto tempo. A Maga do Vento queria ser amada.
"Eu, uma Imperfeita! Por quê?" A ferida causada pelo fato de se sentir diferente sangrava em sua mente, deixando uma cicatriz que jamais poderia ser eliminada, nem mesmo usando a hera Quêbulas Ferma.
Desceu as escadas correndo. O cheiro de Candita, sucosa bebida matinal, subia da cozinha anunciando que o café da manhã estava pronto. Chamou Eremia bem alto, mas a Bramante não respondeu. Ela não estava no Panacedarium, já que as Sinfobaixas se encontraram paradas e silenciosas.
Ao chegar ao primeiro andar, a garota entrou no salão achando que ia encontrá-la. Olhou ao redor e viu, na mesa quadrada, a xícara cheia de Cantária Sólia, leite azul superenergético, um copo de suco de Candita e, ao lado, uma cestinha repleta de Pão Rosa com o perfume das especiarias de Nepeta Catária.
Cheirou o ar e mexeu os dedos para captar as energias com as mãos; o nível de tensão era elevadíssimo, tanto assim que as pequenas chamas das velas se apagavam e voltavam a acender sem cessar.
A garota pegou a xícara, bebeu dois goles e mordiscou uma fatia de pão, mas encontrava dificuldade para engolir: seu estômago estava trancado como um cofre. Nem sequer tocou no suco.
"Mas aonde terá ido?", pensou, limpando a boca.
Apurou os ouvidos e percebeu um rangido proveniente do último andar.
Subiu correndo os três lances de escada e parou no patamar diante da Extânima, a câmara de adormecimento da Bramante. A porta estava fechada, e a maçaneta em forma de folha fora virada para o alto: sinal inequívoco de que Eremia não queria ser incomodada. Certamente, ela estava imersa na Cuba Biomágica, coisa que fazia uma vez por dia, como todos os Fhar. O vapor que emanava da cuba era necessário para manter o corpo são e regenerar as células. Era um dos procedimentos secretos que os Mestres de Vida adotavam para se tornarem imortais.
Fim da Segunda Parte.
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Morga - A Maga do Vento
FantasyAno 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos - negros como piche -, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia - a Bramante Branca dos poderosos achar, gove...