— Olhem, cada torre está ligada outra com duas pontes. Vocês devem entrar naquela lá no fundo, a mais iluminada; como podem ver, é a única que não está ligada a nenhuma outra.
— A torre de Okrad! — exclamaram em coro.
— Exatamente. E para chegar lá vocês vão ter de atravessar as pontes cobertas quando a noite estiver adiantada. Vocês passarão da torre de Telkia para a de Smartika e, por fim, para a de Lefório. Dali, deverão descer ao pavimento térreo e atravessar um espaço aberto e iluminado. Tomem cuidado com as Sentinelas. — Eremia suspirou, examinando os rostos dos quatro garotinhos, que a olhavam, temerosos. — A torre de Okrad é a única a não estar ligada por pontes. Vocês entrarão atravessando um longo pórtico circular e, quando encontrarem uma pequena porta de alabastro, introduzirão este prego na fechadura. — A Bramante entregou o prego de ouro que ficava pendurado em sua pulseira.
— Ela se abre como o depósito da sua casa! — exclamou Morga guardando o prego no bolso.
— Sim, é fácil entrar. Depois, quando estiverem do lado de dentro, subirão as escadas até chegarem à biblioteca e ao quarto de Okrad. Espero que os documentos e as chaves estejam dentro de algum baú ou gaveta. Tomem cuidado para não fazer barulho.
— Wapi e Cilla irão conosco? — perguntou Yhari, preocupado.
— Não! Agora, vou mostrar para vocês onde eles vão ficar. Vocês virão pegá-los depois de ter recuperado as chaves. Eu certamente não posso ficar com eles!
Eremia saiu da Extânima e encaminhou-se para a escada em caracol. Os garotinhos a seguiram e, titubeantes, abandonaram a câmara de adormecimento.
— Agora, vocês vão se esconder no Panacedarium de Telkia; ninguém ousará entrar ali. Evidentemente, fiquem de olho nos dois Piróssios — ordenou a Xamã enquanto ia descendo os degraus.
Cilla e Wapi, que roncavam ruidosamente, acordaram com a voz da velha Fhar. Puseram-se de pé e alongaram o pescoço.
Eremia dirigiu-se para a porta do aposento alquímico e girou a maçaneta em forma de bússola, deu alguns passos para dentro, e as luzes verdes do extraordinário laboratório de Telkia acenderam-se em cascata.
Morga, seguida por Wapi e pelos outros, entrou, cheirando o ar, que tinha odor de cogumelos secos e incenso.
Horp começou a espirrar, Drima tossiu e Yhari tapou o nariz.
— Vocês vão ter que se acostumar, Telkia amava este perfume. Encontrarão alguma coisa para comer naquele cestinho em cima da mesa, que eu trouxe antes de vocês chegarem. — A Bramante postou-se diante de Morga, olhando-a severamente. — Você vai me trazer as chaves e as pedras. Prometa que o fará! O medo não pode impedir o destino. Pense no seu vento e conserve a magia dentro do coração. Quando eu bater três vezes, você saberá que está na hora de ir — prosseguiu a anciã Fhar, tocando o seu kumkum.
— Mas como é que vamos fazer para chegar à ponte? — Morga olhava ao redor, mas não havia nem janelas nem portas, apenas paredes de pedra repletas de panelas e estranhos instrumentos pendurados.
— Atrás daquela pequena lareira, ao lado das cadeiras, há uma alavanca. Puxe-a, é um vão se abrirá, atrás do qual há um corredor em subida. Você vai desembocar no segundo andar, onde fica a ponte. — Eremia foi-se, dando uma última olhada nos Dakis, que nesse olhar puderam ler toda a sua apreensão.
Morga pegou-a pelos ombros.
— Meu pai virá para cá?
— Sim, ele vai chegar dentro de poucos minutos com os outros Fhar. Você não poderá encontrá-lo. Ele sabe o que você vai ter de fazer. — A Bramante, seguida pelo seu Obolho, fechou a porta do laboratório e a maçaneta travou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Morga - A Maga do Vento
FantasyAno 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos - negros como piche -, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia - a Bramante Branca dos poderosos achar, gove...