9. O Conciliábulo dos Fhar - Décima Parte.

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Já eram quatro horas da manhã; a noite estava prestes a terminar, porém para Morga o pesadelo acabara de ter início.

Arrastando-se com dificuldade em direção às luzes, ela chegou a um vão bastante estreito e baixo, por onde conseguiu passar, enquanto o sangue secava sobre suas faces. Seu inseparável Obolho de cristal seguia-a, esbarrando perigosamente nas paredes de pedra úmida. Atrás da passagem abria-se um aposento perfeitamente quadrado: um verdadeiro laboratório de experimentação alquímica. Um letreiro de madeira e prata pendia das vigas do teto, ostentando os dizeres: Kimiyerante de Okrad.

— Kimyerante? É uma sala secreta do Grão-Medônio! Um Panacedarium ilegal! — exclamou Morga olhando ao redor.

No centro havia uma mesa de mármore sobre a qual estavam dezenas e mais dezenas de vasos, cumbucas, garrafas, alambiques, ganchos, ferros longos e curtos, facas, tesouras curvas e tubinhos de vidro opaco. À direita, num canto, bufava um estranho e complexo instrumento: não se parecia com o Boca Chama do Panacedarium de Eremia, mas um fogo baixo ardia no fundo, provocando ebulição na jarra de prata que flutuava solitária sobre as chamas. A jarra estava cheia de um líquido vermelho, e o odor pungente e repugnante provinha justamente daquela misteriosa substância.

As chamas de 12 velas gastas iluminavam o ambiente e pingavam sobre o piso coberto de cera, cinzas e bastõezinhos de madeira. Numerosos pergaminhos com desenhos do corpo humano, crânios, olhos e pernas estavam pendurados nas paredes de pedra tosca. Mapas de estrelas, planetas e luas adornavam um painel redondo preso no teto por meio de arames delgados. Um amontoado de folhas em grande parte chamuscadas e amarelas ocupava uma bancada de mármore preto. Na mesa, entre mil objetos e instrumentos, havia também vários livros grossos e empoeirados. Um manuscrito com capa de pele de Dromante destacava-se sobre o atril, ao qual estava preso com uma correntinha de ouro. O título despertou a curiosidade de Morga: Itterbio et Aeternum. Das páginas espessas e esverdeadas, escritas rigorosamente à mão com nanquim vermelho, emanava um fulgor argentado.

Fim da Décima Parte.

Fim da Décima Parte

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Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora