5. O Engano e a Verdade - Sexta Parte.

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O U'ndário a acompanhava com o olhar e, receoso, perguntou:
— Notícias ruins?

— Sim. Há complicações em Áurea Nyos. Telkia está muito doente, não virá para cá — respondeu Morga, tocando no Gual, que lhe pendia no pescoço, oscilando.

Gardênio coçou a barba.

— Doente? Impossível! Os Fhar nunca ficam gravemente doentes. Gozam de ótima saúde e usam poções alquímicas milagrosas para alguns achaques. E nós também somos tratados por eles quando não estamos muito bem.

— Pois é. Mas, dessa vez, a situação está muito complicada. — Morga olhava para as chamas que ardiam na lareira e semicerrou os olhos.

— Mas a mensagem era de... — O barbudo ruivo não teve coragem de pronunciar o nome.

A garotinha virou-se e, olhando-o fixamente nos olhos de novo, exclamou:
— Sim, era de Serunte!

— Eu... eu... não posso acreditar! Você e o poderoso Fhar se comunicam? — O U'ndário levantou-se da cadeira e recuou.

— Acalme-se e ajude-me. Agora, estamos ligados por um único destino. Eu salvei sua vida matando o Vrak, e você vai guardar os meus segredos. Não irá se arrepender.

Morga passou as mãos pelos cabelos desalinhados e olhou para a janelinha. A luz do dia penetrava na água-furtada, iluminando a jovem maga. Naquele momento, Gardênio percebeu que Morga tinha os mesmos olhos magnéticos de Serunte. O U'ndário conhecia muito bem as íris azuis que despontavam da Kaplá do poderoso Fhar. Tremeu, começou a transpirar e, levando as mãos à altura do coração, jurou não falar sobre isso com ninguém. Não quis perguntar mais nada a Morga, porque temia uma verdade que já intuía. Uma verdade desconfortável e impossível de articular. Um segredo que, se fosse revelado, desorganizaria os Dakis e todo o povo de Emiós.

O rangido do portão de entrada e o barulho de passos pesados que subiam a escada desviaram os pensamentos da garotinha e do U'ndário.

Fim da Sexta Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora