6. O Mapa e as Poças de Esmerilha - Última Parte.

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Horp gritou:
— Achei. É por aqui.

O Glibine iluminou um poço de mármore negro, fechado por uma placa redonda de ferro enferrujado.

Yhari e Horp voltaram a enfiar as luvas verdes, e com muito esforço levantaram a placa. Até as garotas tiveram de ajudar para conseguir deslocá-la completamente. Olharam para dentro do poço com o Glibine, mas só viram escuridão fechada.

Suas vozes ecoaram dentro da escuridão que se estendia até sabe-se lá que profundezas.

— Mas como vamos fazer para descer? Precisamos de cordas. — Horp virou-se para os Piróssios e teve uma ideia. Tirou as rédeas dos avestruzes e começou a emendar uma na outra.

Morga postou-se na borda do poço.

— Sou eu que vou descer primeiro.

E sem deixar que os outros pudessem dizer alguma coisa, pegou a ponta do insólito cabo formado pelas bridas e começou a baixar. Os três amigos seguraram a outra ponta, fincando os pés na neve.

As paredes do poço eram úmidas e escorregadias, o cheiro da terra e das pedras do subsolo ia se fazendo cada vez mais intenso.

— Está tudo bem? — chamou Yhari, preocupado.

— Sim, estou descendo devagar. — A voz de Morga subia retumbante.

Houve um solavanco, seguido de outro; o corpo da Maga do Vento oscilou e, quando os seus pés tocaram pedras e seixos, um grito de alegria explodiu pela boca do poço:
— Cheguei!

Os três amigos recolheram as rédeas enquanto Morga os iluminava com o Glibine.

O halo vermelho da gema revelava rochas e materiais muito pretos. As paredes pingavam, e a temperatura estava agradável. O calor que emanava das Conduturas Cobríficas derretia o gelo, e poças de vários tamanhos haviam se formado no solo . Morga afastou os cabelos dos olhos e colocou as mãos nuas sobre as paredes para se orientar. A mão esquerda apalpou alguma coisa lisa e fria. A garotinha orientou a luz vermelha para o objeto, e o Glibine iluminou um interruptor. Ouviu-se um clique, e as cadeias abastecidas com Óleo Trimado, substância alquímica especial que produz energia, acenderam-se de repente. Um túnel muito comprido e de cerca de 6 metros de largura apareceu diante de Morga. No centro passavam as Conduturas, às quais estavam acoplados numerosos tubos por onde afluía o Masmi. Felizmente, não dava para sentir o cheiro nojento do líquido gasoso.

— Vamos, garotos, encontrei a instalação de iluminação. Joguem a bolsa de viagem e o saquinho de Equisetum. Depois, podem começar a baixar os Piróssios; há espaço suficiente para todos — comandou Morga em direção à abertura do poço.

O medo de descer até as vísceras de Emiós era terrível, mas os três Dakis não podiam mais retroceder.

Yhari olhou para baixo e viu que, efetivamente, uma luz brilhava. Mais uma vez, sentiu seu coração bater muito forte pensando naquela garotinha mágica e corajosa que estava transformando sua vida.

Fim do Sexto Capítulo.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora