7. Os Vermes Gigantes e a Viagem Subterrânea - Terceira Parte.

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— Estamos em perigo. Está acontecendo alguma coisa...

Yhari fitava a extremidade da galeria em que incautamente haviam adentrado os Piróssios de Drima e Horp. Um sibilo grasnado ressoou, e as paredes voltaram a vibrar, o que levou Drima a levantar-se de supetão. O grito intenso dos dois avestruzes aterrorizou o grupo. Os corpos dos Piróssios de Drima e Horp desapareceram instantaneamente numa nuvem de plumas que se elevou no ar. Cilla e Wapi esticaram os pescoços e arregalaram os olhos diante dessa cena apavorante.

As Conduturas Cobríficas também vibraram e, de repente, uma cabeça monstruosa, lisa e cinza, apareceu no horizonte, iluminada pelo halo vermelho do Glibine e pelas candeias verdes de Óleo Trimado. Dois olhos brancos fitaram fixamente o grupo de Dakis.

— O QUE É ISSO? — gritou Drima.

As Conduturas mexeram-se novamente, e só então os garotos se deram conta de que havia um longo corpo viscoso deitado sobre o grosso duto que transportava o Masmi, e que terminava naquela cabeça monstruosa.

— UM VERME GIGANTE! — bradou Morga.

O animal nojento arrastara-se sobre as Conduturas de Antimônio Soliuto, mimetizando-se perfeitamente com elas. Ao se arrastar, o corpo deixava sobre a superfície aquela substância amarela e gosmenta, composta por enxofre podre. O verme gigantesco permanecia com a cabeça erguida e movia a boca, mastigando as plumas dos pobres Piróssios de Horp e Drima.

— Ele os devorou! — Yhari estava decidido a interferir e apanhou um punhado de pedras.

Os olhos brancos e luminescentes do verme pousaram Wapi e Cilla, que saltitavam em direção aos garotos, berrando, aterrorizados.

O longo corpo cinza deslizou novamente, e o verme afastou-se, desaparecendo na escuridão da galeria.

Devastada de angústia e desespero pela morte do seu Piróssio, Drima juntou as mãos e, olhando para Horp, sentiu um desejo profundo de chorar. Jamais em sua vida sentira semelhante dor. Mas chorar não era algo natural para uma Ancilante. E tampouco para os demais Dakis. Não obstante, a jovem dos olhos cor-de-rosa sentiu que algo terrível estava ocorrendo dentro do seu coração. Estava transtornada por sentimentos, afetos, pela noção de morte e pela perda definitiva do seu Piróssio. Ela não disse nada, mas o seu olhar expressava um sofrimento infinito.

Horp desferiu vários socos nas paredes:
— Verme assassino desgraçado!

Morga agarrou o Obolho.

— Vocês fiquem para trás. Independentemente do que acontecer, não se aproximem de mim.

Yhari observava-a incrédulo enquanto ela abria a segunda portinhola do pequeno dirigível e extraía uma ampola cheia de Cromo Váquio. Certamente, ela não decidira usar o líquido vermelho associado ao Ambali 5. Sua intenção era utilizar essa substância alquímica para produzir uma das magias do Vento de Fogo: essa era a ocasião perfeita para colocá-la em prática.

— Segure esta ampola bem firme — disse, entregando-a para Yhari.

— O que é isto? — perguntou o garoto, observando o líquido vermelho.

— É Cromo Váquio, que serve para a Inféria Rota, uma magia que inventei. Você verá, aquele verme vai torrar entre as chamas. O efeito da magia funciona durante oito minutos. Se eu não conseguir eliminá-lo nesse tempo, estamos fritos.

Morga abriu também a primeira portinhola e, entre os documentos, localizou uma vela branca. Pegou-a. Aproximou-se de Wapi, que tremia ao lado de Cilla, e docemente pediu-lhe que cuspisse fogo roxo para acender a vela.

O Piróssio abriu o bico e obedeceu.

Os três Dakis não estavam sossegados e foram verificar se o verme gigante não estava voltando. Com efeito, o lamento estridente do viscoso habitante dos subterrâneos de Emiós rasgou o silêncio e, dessa vez, pareceu-lhes mais poderoso ainda.

— Ele não está sozinho... talvez haja mais vermes. — Horp queria fugir, mas a única via de fuga estava longe, a muitos quilômetros dali.

Fim da Terceira Parte.

Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora