Morga - A Maga do Vento

4. Os Ambalis e a Antiga Profecia - Décima Quarta Parte.

— Antes, digam-me o que estão fazendo ainda por aqui, vocês dois. Sabem que não podem aproximar-se deste lado das casas. Aqui moram as garotinhas. Vão dormir. É tarde e está muito frio, e, como podem ver, eu ainda não tive tempo para vestir o meu sobretudo grosso e quente. — Gardênio queria se ver livre deles o quanto antes.

— Ok, vou embora. Amanhã de manhã o despertador vai tocar às seis e vamos ter uma jornada pesada nas Poças de Esmerilha. — Horp despediu-se do amigo e de Gardênio, fechou a Komba e esvoaçou para o lado oeste do edifício.

Yhari também se aprontava para ir quando um incidente aconteceu atrás do portão. Wapi reconhecera a voz do Daki e pensou que Cilla também estaria ali. Apesar da dor que estava sentindo no pescoço, empurrou Morga, que perdeu o equilíbrio e caiu no chão, logo diante da Komba de Yhari.

Gardênio sentiu-se desfalecer. Yhari arregalou os olhos e sussurrou, incrédulo:
— Você... você está aqui?

Morga levantou-se ajeitando os cabelos e a bolsa de viagem que tinha a tiracolo, olhou para Yhari e sorriu.

Gardênio observou os dois.

— Vocês se conhecem?

Morga torceu os lábios e abaixou a cabeça.

Yhari, compreendendo a dificuldade da garotinha, desceu do ovo voador.

— Não me parece já tê-la visto antes. Eu sou Yhari, moro lá no fundo, na Casa 15. E você, como se chama?

O U'ndário sentiu-se constrangido e, tentando empurrar a garotinha portão adentro, exclamou:
— Bem, agora não é hora de apresentações! Vamos todos dormir.

— Meu nome é Morga — respondeu a Maga do Vento, pestanejando.

Yhari repetiu, sorrindo:
— Morga... Morga. — Sentiu o coração inchar como uma bola e, com um salto, voltou a subir na sua Komba. Antes de partir, falou:
— Boa noite, Morga, até amanhã.

Gardênio permaneceu segurando o Corcundoso, sacudiu a barba gelada, resmungou nervosamente e fez sinal para a garotinha entrar.

Fim da Décima Quarta Parte.