Morga - A Maga do Vento

3. Os Olhos de Yhari - Sétima Parte.

— Há dias que não vejo você treinar suas magias do vento. A magia deve ser aperfeiçoada cotidianamente. Seu pai é o maior perito de Medicina Kármica, e muitas poções curativas são sua criação. Saiba que a magia e a alquimia jamais devem ser negligenciadas.

Naquele momento, ouviu-se a voz de Gardênio, vindo do pátio.

— Excelentíssima Bramante Branca, o Fhar Serunte chegou diante da sua casa acompanhado por mim, humilde U'ndário, e por dois Dakis da Colônia Briosa.

Eremia tocou o kumkum vermelho, inspirou pelo nariz e deslizou rapidamente a Kaplá sobre o rosto.

— Sou obrigada a vesti-la. O U'ndário e os Dakis decerto não podem ver meu rosto decrépito.

Morga abriu a porta do Panacedarium, mas foi imobilizada pela xamã.

— Fique aqui e não se mova.

Ela permaneceu sentada num banquinho, de olhos fechados, concentrando-se para captar sons e palavras. Cheirou o ar com o desejo de sentir novamente o perfume de Yhari.

E foi justamente o Daki com sua Cilla que apareceram inesperadamente no pátio, ao lado do chafariz agora gelado, onde Wapi estava alisando suas plumas brancas.

A Piróssia arregalou os olhos e o avestruz a olhou fascinado.

— Então, ela está aqui! Refugiou-se na casa da Bramante Branca! Mas... como é possível? — Yhari já não entendia mais nada. A identidade daquela garotinha permanecia um verdadeiro mistério para ele.

Quando Eremia saiu ao pátio, Yhari esperava rever a Daki de olhos azuis, mas isso não aconteceu.

Serunte apeou do Dromante e baixou a cabeça em sinal de respeito pela Bramante.

— Você está sempre em grande forma, e estou contentíssima de acolhê-lo em minha casa — disse a xamã, permanecendo na soleira da porta.

— É uma honra estar aqui. A viagem foi cansativa e a neve atrapalhou os Dromantes. Tenho certeza de que uma de suas infusões quentes vai me aquecer a alma. — O Fhar avançou com passo firme, fazendo o manto azul esvoaçar.

Fim da Sétima Parte.