Capítulo 67

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Aconteceu o mesmo do que da última vez. Dei passos rápidos pra trás, e acabei tropeçando no meu próprio pé. Ela começou a descer as escadas, e meus olhos se arregalaram em medo e pavor. Meu coração batia forte, senti suar escorrer pelo meu rosto, minhas mãos tremiam a medida que eu usava ela pra me arrastar pra trás, e ela não parava:

Maria: Eu voltei... Pra você!

Não, de novo não...
Continuei me arrastando pra trás, meus lábios grudados a força, era impossível abrir-los naquele momento pra pensar em dizer algo. Ela se aproximava e meu corpo inteiro doendo mais e mais. Eu sem saber o que estava atrás de mim, eu poderia muito bem estar em direção a um móvel frágil, quebrar ele sem mais e nem menos, tudo no desespero.

Maria: Por que está tão apavorado?...

Ela continuei caminhando até mim. Era tão real, e assustador... Meu corpo doia mais. Meu pai chegou, não consegui prestar muito atenção, mas tudo indicava que ele estava na garagem antes. Ele se agachou na minha frente, e ela não sumiu. Da primeira vez, no momento em que Sonic me achou no chão, Maria desapareceu num instante. Não foi o que aconteceu dessa vez. Meu pai olhou pra trás, pra direção que eu olhava, e aparentemente ela estava visível apenas pra mim. Ele começou a segurar meus braços, dificultando a minha capacidade de me arrastar pra trás. Já que ele não via ela, pra ele não fazia mais sentido eu sair me arrastando que nem um doido.

Pai: Shadow?! O que foi, cara???

Ele me segurava, e Maria se aproximava, e meu estômago doia, minha cabeça doia, ela não parava, meu pai ainda me chamando, começou a me chacoalhar, e isso não adiantava, minha visão começou a escurecer um pouco, minha mãe chegou, se agachou:

Mãe: O QUE TÁ ACONTECENDO?!

Dane-se os dois, agora eu prestava atenção nela...

Maria: Você mudou tanto...

Minha sorte é que os passos dela era bem curtos e lentos, mas a qualquer momento ela já estaria bem em cima de mim. E isso aconteceu. Ela se agachou na minha frente, igual aos meus pais e levantou a sua mão, acariciando minhas bochechas, e eu senti isso. Seu toque era leve e macio, mas aquilo ainda continuava sendo aterrorizante pra mim. Eu apenas tremia. Até que ela sorriu, meu corpo todo já estava desmoronando de dor, e essa dor se foi derrepente, e minha visão se clariou de uma vez. Ela sumiu. Meu corpo pulsou e eu suguei o ar com força, voltando pro mundo real.

Comecei a respirar pesadamente, ofegante, meus pais se afastaram um pouquinho, e continuaram me olhando, com seus olhos arregalados e ambos os olhares um pouco confusos. Minha respiração pesada não parava. Me acalmei alguns segundos depois, e já fui recebido com gritos:

Mãe: TÁ FICANDO LOUCO, MENINO?!

Terminei de recuperar meu fôlego, um pouco mais calmo, mas eu ainda não disse nada. Meu pai se levantou e me ajudou a levantar. Minha mãe fez o mesmo. Agora os dois me encaravam sem dizer nada, mas estava explícito que eles queriam uma explicação:

Shadow: Eu... E-Eu... — Eu não sabia como eu iria explicar, nem como começar — Eu... Eu...

Mãe: DESEMBUCHA!

Shadow: EU...! Eu... Eu vi ela...

Mãe: Ela quem, Shadow?!

Shadow: Maria...

O queixo da minha mãe caiu, e meu pai fez uma cara ainda mais confusa, agora um pouco assustada:

Pai: O que...?

Shadow: E-Ela tava aqui...! Eu a vi...

Mãe: Você tá ficando louco!

Shadow: Não! I-isso já tinha acontecido quando vocês estavam fora... M-Mas, tinha um amigo meu aqui e ele... Me ajudou...

Sonadow - Como O Excessivamente Exigente (Portuguese)Onde histórias criam vida. Descubra agora