Capítulo nove.

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Belisa.

Acordei sentindo meu celular vibrando por baixo de mim, o climinha frio me dava preguiça e por um tempo me mantive ainda de olhos fechados. Quando abri os olhos, ainda estava meio desorientada, mas logo me dei conta que não estava em casa e sim dormindo na sala da casa do tio Raro.

Olhei pro sofá menor e vi o Roger ainda dormindo todo encolhido. A essa altura ele já estava sem camisa, botão da calça aberto, cós da cueca branca aparecendo e o braço por cima do rosto e o outro por cima da barriga. Levantei o edredom que estava por cima de mim e eu estava exatamente como fui dormir.

Belisa: Graças a Deus… - murmurei e respirei aliviada.

Não que ele fosse me comer enquanto eu dormia, mas eu tinha costume de ir dormir vestida e acordar seminua, ou muitas vezes completamente nua e bom, tia Babi não ia gostar e com razão.

Levantei do sofá, coloquei o edredom por cima do outro com maior cuidado e peguei minha bolsa. Meu celular estava entupido de mensagens da minha mãe, do Rafinha e até de um dos meus meios-irmãos. Respondi à minha mãe que já estava indo pra casa e me preparei pra sair na pontinha do pé.

Quando dei o primeiro passo, senti ser segurada pelo meu pulso por uma mão morena com uma única dedeira que tinha as iniciais “RM” cravejada de diamante.

Roger: Vai sair sem se despedir de mim? É assim que tu agradece teu heroíno? - falou com a maior cara de pau.

Belisa: Tu queria que eu te acordasse? Heroíno? Não brinca, cara. - dei risada.

Roger: Sei lá, um beijinho na boca não faz mal. - se fez de inocente.

Belisa: Não vou ficar contigo, Roger, esquece.

Roger: Não tô te pedindo em casamento não, Belisa. - se levantou e foi se aproximando de mim - Pelo menos por enquanto não. - sorriu.

Eu fui andando de costas na intenção de chegar na porta pra sair e quanto mais eu andava, mais ele vinha na minha direção até eu bater na parede e ele ficou pertinho de mim igual uma entidade obsessora. Vou mentir não, calor bateu real ali!

Belisa: Tu brinca mais que a brincadeira mesmo, olha, valeu por ter me ajudado, mas não vou ficar contigo.

Roger: Eu sou tão feio assim?

Belisa: Não Roger, tu só é cheio de ousadia demais, se banca de nego doce e se derrete pra qualquer uma e eu não gosto disso. - me desvencilhei dele - Até depois, fica com Deus.

Roger: Pega esse chinelo aí pra tu não queimar teu pé. - abriu um sorrisinho e apontou pra um chinelo branco da Reserva.

Belisa: Não precisa não, sério, já abusei demais pro meu tamanho.

Roger: Franquia do pai é sem limite pra tu. - riu e eu mostrei o dedo do meio pra ele - Vai sem medo pô, não dá em nada não, meu coroa tem uma coleção, depois eu pego uma dele e já era.

Foi muito vai e não vai, mas acabei cedendo e calçando o chinelo e metendo o pé pra casa.

Safira: Graças a Deus e a São Jorge, tu tá bem e inteira. - falou me abraçando forte, tava quase sufocada.

Belisa: É mãe, eu tô bem, agora solta um pouquinho. - beijei o rosto dela.

Safira: Desculpa, é que eu fico preocupada com você, quase surtei e não consegui falar contigo aí eu piorei.

Rafinha: Tu tava por onde? Te cacei malucão pela favela, não te achei. - apareceu secando o cabelo.

Belisa: Me perdi de todo mundo, maior puxa puxa na saída e a sorte foi que eu esbarrei com o Roger e ele me chamou pra ir pra lá até o tiroteio acabar, mas acabei dormindo no sofá.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora