Capítulo cinquenta e dois.

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Leonardo.

Conheci Suzane por acaso. Tá, não foi por acaso… O banco teve um problema com um cliente podre de rico, o cliente meteu um processo no banco e ela é uma dos muitos advogados do banco. Ela tava de frente na causa e eu no meio do pessoal que repassava aquela montanha de papéis pra ela estudar melhor o caso.

Numa dessas sextas feiras sem lei, a galera agitou um happy hour na balada pra desestressar. Fora das quatro paredes do banco, ninguém era santo e foi só loucura. Cerveja, caipirinha, uísque, a porra toda e todo mundo meio irresponsável.

Ela tava lá, nós começou a conversar e por conta da música alta ela foi respondendo no meu ouvido. Só perguntei se tava solteira. Pra quê? Negou com a cabeça, passou a mão na minha nuca e o pai não arregou no escurinho da balada.

Dali meti o caô que ia levar ela em casa, mas desviei o caminho pro motel. Dois rounds, filha da puta tava sedenta e eu com o cão no couro… Mal sabia eu a merda que ia vim pela minha frente.

Ela foi pro banheiro primeiro, mas deu bobeira com o celular em cima da cabeceira, a tela acendeu e o nome Amor subiu na tela. Botei a filha da puta na parede e apertei o psicológico, ela confessou que era casada e o relacionamento tava passando por uma turbulência. Eu acreditei? Não, é lógico.

Quem passa por turbulência é avião e meu nome não é Roger.

Fiquei puto, larguei ela lá no motel e fui embora de pau durão ainda mermo. Coé? Nós é cria de favela e sabe que mulher casada cheira a pólvora! A vida seguiu, mas ela não saiu do meu pé e quanto mais eu tentava desviar, mais ela vinha pra cima de mim. Veio com uns papo brabo, veio chorando e eu que gosto de fazer mulher sorrir, cedi.

Desde então nós vive nessa daí no sigilo. O cara vive no meio da água, é quinze dias de prazer acima de qualquer suspeita. O lado bom? Sem cobrança, sem amor, sem compromisso e sem satisfações a dar.

Eu tava largado em casa, só assistindo tv porque saí do banco mais cedo por causa que fizeram o favor de derrubar um poste e justo esse poste é onde fica ligado a fiação do banco. Sem sistema, sem trampo! O foda é o que fica acumulado depois.

A campainha de casa tocou e a minha mãe tava fazendo almoço na cozinha.

Maísa: Vai ver quem é, Leonardo. - berrou lá da cozinha justamente na hora que eu já ia levantar.

Leonardo: Tá bom. - demorei uns segundos só pra não ir na mesma hora que ela mandou.

Sou ruinzão.

Abri a porta da sala, abri o portão e dei de cara com tia Bárbara e não por acaso ela estava vestida igualzinha a minha mãe. Era sempre assim, dentro da favela, tia Bárbara se vestia de um jeito, mas quando precisava circular fora de seus domínios, ela se vestia igual minha mãe.

Deve ser o bicho ser gêmeo com alguém, inclusive queria.

Leonardo: Benção, genérica da minha mãe. - brinquei e ela riu.

Poderosa: Deus te abençoe e se eu fosse sua mãe, essa hora você estava é lavando uma louça, varrendo uma casa. - beijou meu rosto - Tá bem, meu preto?

Leonardo: Mas eu lavo, só que a mãe tá na cozinha e a senhora sabe que ela não gosta de ninguém se metendo lá quando ela tá presente. - a abracei forte e a enchi de beijo.

Sou doido nessa pretona tenebrosa a vida toda! Sei lá, é como se eu tivesse duas mães ao mesmo tempo.

Poderosa: Hoje de madrugada. - me soltou e acariciou meu cabelo - Cadê minha irmã?

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora