PH.
Quando eu tinha vinte anos, eu sonhava em ser o dono da porra toda e aos dezoito meu pai começou a jogar tudo nas minhas costas e tirar as caras pra aproveitar a vida com a minha mãe. Hoje em dia, meu sonho é ter sossego, pô! A real é que eu via o lado bom de ser bandido quando era novinho, mas esqueci de ver o outro lado.
É comando, é Complexo, é os meus filhos e o resto da família. Já vi que sossego mermo, só quando eu me mudar pro condomínio da família lá no Irajá, inclusive não vejo a hora, só problema pra minha cabeça.
Eu saí da casa da minha mãe, meu irmão ficou lá e fui pra minha casa. A minha doutora ainda tava na cama, completamente pelada, ar condicionado no quinze e ela se mexendo como se fosse acordar. Deitei do lado da Gabriela, fui enchendo ela de beijo e o resumo foi nos dando uma namorada pra começar o dia bem.
Gabriela: Por onde você tava? Levantei de madrugada pra ir ao banheiro e você não tava na cama. - me olhou séria.
PH: Fui lá na mãe, não consegui dormir a noite toda, meu pensamento tava nela e então fui pra lá.
Gabriela: Outra vez? - me olhou séria - Todas as noites tu me espera dormir e sai de casa com essa desculpa. Paulo Henrique, tu não tá me dando perdido não, né? Se eu descobrir que tu tá me traindo, eu vou te matar. - falou mais séria ainda.
PH: Quantos anos tu acha que eu tenho, Gabriela? - levantei a sobrancelha - Eu mal tô dando conta de tu, imagina dar conta de mulher fora de casa. Mas, eu não tô bem não, eu não consigo dormir, eu tô perturbado, Gabriela. Eu consigo ver o rosto da mãe, a feição dela, os olhos dela cheio de lágrima. É tenebroso!
Gabriela: Até me arrepiei! - passou a mão no próprio braço - Nós vamo resolver isso, mas é lá na mesa branca. Eu não acredito que a mãe esteja vindo perturbar as pessoas da família, quem dirá um filho dela e se tá vindo todas as noites é porque ela quer alguma coisa.
PH: Isso não é coisa da mãe não. A mãe morreu faz vinte anos e pra mim isso é coisa do inimigo pra me confundir. Se fosse teu pai, eu ficaria até quieto. - me referi ao pai biológico dela.
Gabriela: Meu pai biológico só perturbou em vida e a única vez que eu sonhei com ele, eu tinha quinze anos.
PH: Tem um milhão de anos já, né filha? - acariciei o cabelo dela - Tempo que a minha nega era novinha, bucetinha lacradinha, peitinho bem durinho.
Gabriela: Nem nos seus sonhos, já tinha perdido a virgindade já. - deu risada - É, tu também não tá mais aquele novinho, barriga trincadinha, já não é mais duas sem tirar de dentro como antigamente. - a gente riu e eu concordei.
PH: É, minha nega, nós tá no bico do urubu. - olhei pra ela que riu e me abraçou.
Gabriela: Faz é tempo, meu amor.
Tava aos beijos com a patroa ainda na cama, pensando num segundo e terceiro round, eis que Falcão começa a me tontear na frequência. Respirei fundo e só falei que tava indo encontrar com ele porque ele disse que o assunto era de urgência e me interessava.
Ainda me dei ao luxo de tomar banho com a minha mulher e me ajoelhar pra chupar a buceta da Gabi até ela gozar novamente. Depois de deixar a patroa mais calma, vesti a roupa e meti o pé pra boca.
PH: Eu acho bom ser muito importante pra tu me tirar de casa nas pressas e interromper minha conversa com a minha mulher. - falei sério.
Falcão: Tu e Gabriela conversando? Me engana que eu gosto.
PH: Conversando sim e sobre a Alana. - menti na cara de pau.
Falcão: Tá, se senta aí que o assunto é sério e vem aí a terceira guerra na família.
PH: Qual foi? - falei desanimado e me rendendo a vontade do Falcão de me sentar.
Falcão: Tu lembra os polícia que nós tamo atrás, que forjou o Fernandinho?
PH: Lembro, claro. Tô esperando o paradeiro desses maluco até agora, pô, o moleque não vai ficar apanhado a toa não.
Falcão: Digamos que a gente chegou tarde pra essa cobrança, PH. - deu uma pausa e eu sem entender nada - Os verme tá morto, irmão.
PH: Como assim? Quem passou os caras? Eu falei que eu queria eles aqui que nós ia executar.
Falcão: Não foi gente nossa que matou e é aí que entra o problema. Tu sabe quem foi que passou o cerol?
PH: Não, pô.
Falcão: Fernandinho. - sentou na minha frente e eu pareci não ter ouvido direito.
PH: Fernandinho? - repeti sem acreditar - Tu tá falando do Fernando.. - ele me interrompeu.
Falcão: Fernando Guimarães de Carvalho Falconi, filho do Davi e nosso sobrinho. PH, Fernandinho matou os caras e ainda jogou pra um casal de jacarés.
PH: Não… Eu não acredito, quer dizer, não dá pra acreditar. Que papo torto é esse, irmão? Fernandinho pode ser qualquer coisa, mas envolvido ele não é.
Falcão: Não era até ele ser forjado, PH e não é só isso não. - respirou fundo - Fernandinho tá traficando no Chapadão, tu tem noção? Fernando dando plantão em boca de fumo?
PH: Depois dos nossos filhos, nada mais me surpreende. - respirei fundo - Não é todo mundo que cai na cadeira de chefe assim que nem nós.
Nem nos meus piores sonhos eu podia imaginar algo assim, eu não esperava, mas não fiquei tão surpreso assim e é só olhar a família que o moleque nasceu e as referências que ele teve a vida toda.
Fernandinho é um dos caras mais de boa que eu conheci, comparado aos meus sobrinhos e aos meus netos, o moleque é uma seda, mas quando ele quer ser ruim, ele mostra que faz jus ao sobrenome dos meus pais.
Falcão: Nós trabalhou pra MK, Guto e Barão, não foi a toa que nós chegou aqui e nem com o pai alisando nossos rostos. Se for pra virar bandido, é pra ser chefe, ser bucha é foda, porra. - coçou a cabeça - Tá maneiro não, irmão.
PH: Davi tá sabendo já? - olhei sério pra ele.
Falcão: Ainda não, mas nós vai ter que contar antes dele descobrir quando aquele maluco tomar um tiro.
PH: Puta que pariu, esse povo tem um dom pra fazer merda que eu tenho até medo de perguntar dos outros. Eu não vou dar notícia ruim pra Davi não, tá maluco?!
Falcão: Vai deixar o cara no escuro igual nós dois no passado? Se ele descobrir sozinho e descobrir que nós dois sabia, aí é que a nossa família se racha de uma vez.
PH: Quem tem que abrir a boca pra ele é o Fernando, pô.
Falcão: Tu sabe que ele não vai chegar pro Davi e falar “e aí velho, matei os polícia e eu tô traficando” - deu uma pausa - Tu nasceu ontem?
PH: Que diabo também. - me bolei - E cadê Fernandinho?
Falcão: Chapadão.
PH: Então, vamo né? - me levantei.
Falcão: Pra onde?
PH: Pras Arábias. - forcei um sorriso - É claro que é pro Chapadão, tô pra ver essa parada com os meus próprios olhos antes de matar o Davi infartado. Ele não vai entender legal não.
Falcão: Vai dá um sacode no Fernandinho?
PH: Eu devia, mas o último que fez isso, ele jogou pra um casal de jacarés, mas se quiser, boa sorte.
Falcão: Não gosto de ácido e meu corpo é muito gostoso pra pegar fogo assim, novinho e durinho.
PH: Não fode. - revirei os olhos.
Família é máquina de dar problema não tem jeito. Falei que não me metia mais nos caô de família, mas olha onde estou.. Juntando mais de vinte vagabundo pra fazer minha escolta pra ir atrás de sobrinho meu que resolveu virar traficante.
O trajeto todo eu fui pensando no Davi, maluco fez de tudo pra esse moleque não desviar do caminho que ele trilhou, pra quebrar a tradição de envolvido da família e no fim das contas Fernandinho fazer tudo ao contrário.
Davi vai endoidar.
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DO JEITO QUE A VIDA QUER 4
FanficFabiana e Murilo morreram e seus familiares se afastaram após uma briga. Será que um dia a família Falconi volta a ser como antes?