Capítulo oitenta e sete.

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Luara.

Como pode o tempo passar e as coisas parecer que nunca mudaram? Apesar da reviravolta que a minha vida deu, eu sinto como se eu nunca tivesse saído do Rio. Minha amizade com a Gabriela ainda é a mesma, a gente costuma fofocar por telefone e quando raramente apareço pra visitar e cuidar dos negócios da minha mãe pessoalmente.

Claro que eu não poderia meter a língua em problema interno da família dela, afinal, meu problema quem resolveu foi minha mãe e minha tia Fabiana. Tia não, madrinha e uma segunda mãe… Império eternamente, Baronesa e Imperatriz vivem pra sempre.

Depois daquele momento difícil da minha vida, tive ainda que suportar um interrogatório quando eu cheguei no Alemão no dia seguinte. PH não comprou muito bem a história da morte do Chelsea e do meu acidente no mesmo dia, mas a madrinha foi direto no ouvido dele, inventou uma história que eu só confirmei e no final a conta ficou pros terceiros. Se tivesse desaparecido com o corpo dele, PH daria a vida pra achar, como ela previa na época.

Minha relação com o Felipe só veio a tona muito tempo depois, meu pai não aceitou muito bem por ele ser delegado, dizia que bandido e polícia não se misturam e quando se mistura sempre dá caô. Só esqueceu que o Felipe era os olhos das irmãs metralha dentro da polícia. Qualquer informação ele passava pra Gabriela que soprava no ouvido da mãe dela ou da minha. Nem tudo o trio do Barcelona precisava saber, não é?!

Ele se divorciou da Antonella, ex ficante do PH e nós nos casamos. Vivemos bem durante anos, tivemos até uma filha que hoje reside fora do país, faz faculdade nos Estados Unidos e diz que pretende ficar por lá mesmo. Pois bem, quem sou eu pra impedir? Chegamos a separar por um ano e meio, mas acabou que nós voltamos e hoje estamos melhores que antes.

Meu Will infelizmente seguiu os passos da minha família, eu não concordei de início, ele nem tinha necessidade disso, mas o sangue é forte e as referências da família não foram as melhores. Pra mim é William, lá fora ele é o Tricolor. Nada diferente da minha irmã que criou os filhos dela todo cheio de frescura e o resultado é o mesmo… Botou na pista ninguém menos que Rex e Botafogo.

Quando eu botei o pé no Alemão, falei com os caras da entrada, já não eram mais os mesmo da última vez que eu vim aqui, então não me conheciam e tive que esperar a liberação do Falcão. Viemos todos de carro, então imagina o comboio subindo, não é? Fui direto pra casa da Gabriela, mas lá não tinha ninguém, então cheguei a conclusão que estavam pela casa da minha madrinha.

Muita emoção quando a gente se reencontrou, tinha pra mais de trinta cabeça dentro dessa casa, a sala é grande, mas se tornou pequena de tanta gente que tinha. Falcão me abraçou e falou no meu ouvido que eu conversasse com Gabriela, porque ela não tava bem. Ué, quem que fica bem sabendo que a filha tá na mão dos outros?

Mesmo assim a levei pra dentro do escritório, a abracei e deixei que ela chorasse o suficiente pra conseguir falar. O rosto da pobre era só cansaço, tristeza e do jeito que tava indo era fácil dela ficar com uma depressão, crise de ansiedade e tudo mais o que não presta.

Luara: Vai ficar tudo bem, Alana vai voltar pra casa. - falei assim que a abracei. Gabriela nem parecia a mesma, estava abatidíssima e também não era pra menos - A gente vai dar um jeito!

Gabriela: Eu me pergunto que dia eu vou ter paz, pelo visto só quando eu me mudar pro condomínio lá no Irajá. - abaixou a cabeça - Quando não é uma coisa, é outra.

Luara: Não fala besteira, cara! Parece que tá perdendo a mão, poxa. Querendo ou não, a gente é o que vai manter essa família da gente unida, Gabriela. Se a minha mãe era o apoio da tua e vice versa, tá na hora da gente fazer a mesma coisa, não é? - acariciei o rosto dela e sorri sem mostrar os dentes.

Gabriela: Eu não aguento mais tanto problema, cara! Antigamente eu resolvia meus problemas na bala, mas como é que eu vou meter bala no meu marido, nos meus filhos? Não tem condição. - negou com a cabeça.

Luara: Problema dentro da família todo mundo tem, Gabi e tu quer saber de uma? Não vai acabar nunca, a gente é humano, é falho, mas depois de mais essa, vocês vão se entender. Alana, PH e Imperador compartilham do mesmo gênio, é isso.

Gabriela: E que gênio ruim da porra, eles não deitam pra ninguém! Depois eu é que sou ruim igual meu pai lá da Penha. - revirou os olhos.

Luara: Boazinha tu não é não, duvido nada Alana essa hora afrontando o sequestrador. É alemão?

Gabriela: Não sei, dois dias e nada desses filhos da puta entrarem em contato com a gente. A gente sabe que foi sequestrada por causa das câmeras, gravação chegou pra Atacante e quatro caras correndo atrás dela. - começou a chorar de novo - Tudo dela ficou no carro batido lá em Olaria.

Fernando: Tia, eu posso falar rapidinho com a senhora? - botou a cara no vão da porta.

Gabriela: Pode, meu filho. - se virou pra ele - Acharam Alana?

Fernando: Não, mas a gente tá suspeitando de onde ela tá, eu só quero confirmar uma coisa com a senhora. O relógio da Alana, onde é que tá?

Gabriela: Que relógio, filho? Alana tem uma coleção imensa de relógio, vai de Cartier, MK, maçã mordida. Só da maçã, ela tem três e o último é dos novos que eu dei pra ela.

Luara: Se ela tiver usando, a gente acha ela em dois tempos. - olhei pra Gabi que me olhou pensativa.

Fernando: Ô tia, a senhora levou algum pra ela? Sabe se ela tá usando algum? Porque a gente olhou story dela, mas não mostra se ela tá de relógio.

Gabriela: Ia levar tudo pra ela, mas ela mandou deixar e levar só o mais novo. - pegou o celular e parecia procurar alguma coisa - Ela me mandou um vídeo cantando enquanto tava indo pra faculdade, deixa eu olhar se aparece as mãos dela.

Isso é o Jorge Turco e a bala vai cantar, isso é o bonde do Atacante, nosso bonde é bolado, bota a bala pra comer.. - Alana fazia gesto e cantava junto com o som do carro que estava alto - É meu marido, seu genro, mamãe! - Alana gritou e se balançou toda no vídeo.

Luara: Debochada ela, né? Não muda nunca. - olhei pra Gabi que concordou sem desviar o olhar do vídeo e deu pausa no mesmo.

Gabriela: Ela tá usando o relógio da maçã mordida, o último que eu comprei pra ela que a pulseira é branca.

Fernando: O celular antigo dela, tá com quem, tia?

Gabriela: Descarregado lá em cima, no quarto dela, realmente ela ficou sem nada depois que Paulo Henrique bateu nela lá no PU. - respirou fundo.

Fernando: Então vai ter que ser pelo outro aparelho mesmo. - pareceu pensar e saiu correndo.

Eu e a Gabi nos olhamos sem entender nada e logo fomos atrás dele. Nessa corrida de doido, nós fomos parar na boca onde tava rolando uma reunião e claro que a gente não podia ficar de fora nessa.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora