Capítulo vinte e nove.

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Poderosa.

📍Parque União, Complexo da Maré.

Acendi uma vela aos pés de São Jorge na sala da minha casa assim que eu acordei. Tive um sonho bonito com os meus avós, nesse sonho minha vó dizia que “Pra tudo se deve dar um tempo, as coisas aparecem quando se pensa estar esquecido.” Meu avô soltava um: “Quem liga? Justiça sempre tem que ser feita, doa a quem doer.”

Desde que eles se foram, apenas sonhei com eles uma única vez tirando essa de agora. Por tradição, fiz o que aprendi com ela, acendi uma vela e orei pela alma deles dois. Ela fazia o mesmo toda vez que sonhava com o pai dela.

Raro: Tá tudo bem contigo? Tu saiu da cama cedo. - me abraçou por trás.

Poderosa: Tô sim, só vim acender essa vela na intenção dos meus avós. Sonhei com eles novamente. - sorri e sequei a lágrima.

Raro: Eles tão melhor que nós, minha nega! - beijou meu rosto.

Poderosa: Com certeza. - sorri de lado e me virei pra ele - Vou cuidar do nosso café, o dia hoje tá prometendo.

Raro: Nem fale, tem tanta pica pra resolver que tu vai ter que ir pra direita e eu pra esquerda.

Poderosa: Lá na VK eu não vou demorar não, só vou buscar o dinheiro pra levar lá pro doleiro pra ele atravessar pra conta lá fora.

Raro: E tem que ver o caô lá da folha dos caras, tá faltando dinheiro e não tá maneiro não.

Poderosa: Vou olhar também, essa palhaçada de gente me devendo tá na hora de acabar. - bufei.

Raro: Tu vai pro Paraguai quando? Aquele tal de Villanueva tá dando problema já.

Poderosa: Tô esperando meu pai ir com segurança, depois que ele tiver lá instalado aí eu vou. - respirei fundo.

Fui pra cozinha e o Richard me acompanhou. Arrumamos o café da manhã e sentamos pra comer e é quase impossível a gente não tomar café assim juntinhos. Tomei banho primeiro e ele foi logo depois, me vesti e verifiquei minha pistola.

Raro: Bora lá na boca e depois eu peço pros moleque te levar na VK.

Poderosa: Vamo, é bom que eu dou uma olhada com o do batalhão pra ver se não tá salgado nas pistas.

Saí de casa com o Raro, no sapatinho de sempre, passei pelo pessoal e cumprimentei todo mundo, incluindo as criancinhas. Já tava pensando na festa beneficente pra eles com tudo o que elas tem direito. Não adianta nada encher minha buceta de dinheiro e deixar eles desamparados.

O que não tava muito normal eram os olhares das pessoas, eu tava sentindo que tinha alguma coisa errada e foi lá na boca que a minha desconfiança se confirmou.

Índio: Foi bom brotar, tô querendo levar um papo reto com vocês mermo. - falou bolado.

Raro: Já sei, briga com a Safira com as outras duas? Qual foi, Índio, tá na hora de parar com isso aí. - entrou na sala e eu fui atrás.

Índio: Não tem nada a ver com a porra do meu casamento, mas tem a ver com a minha filha e o filho de vocês. - entrou e bateu a porta com força.

Poderosa: Roger? O que é que tem meu filho? - botei a mão na testa temendo a resposta.

Índio: Tu não olha as notícias não, Babi? Ou tu só vê quando te convém?

Raro: Opa, dá uma segurada nesse tom de voz com a minha mulher. - cruzou os braços - Se tu falar logo o que tá pegando, nós vamo resolver da melhor forma!

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora