Capítulo quinze.

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Gabriela.

📍Madrid, Espanha.

O futuro da Alana me preocupava, mas o descontrole do meu marido me preocupava mais ainda. Pra não ver a história se repetindo, cuidei dos meus processos mais pesados e deixei o resto na mão da Ayla. Arrumei as malas, entrei no avião e fui pra Madrid.

Me encontrei com o PH somente duas horas depois de chegar pra ter certeza que ninguém estava atrás de mim. Matamos a saudade, fiquei sabendo o que a Alana aprontou, tirei um tempo pra descansar, mas acordei ouvindo ele falando com alguém no celular e tive certeza que era com o nosso filho.

Entreabri os olhos e vi o safado andando pro corredor. Levantei da cama, amarrei o roupão e me sentei na cama novamente e esperei ele voltar. Quando ele voltou, chegou a se assustar na hora que liguei o abajur.

Gabriela: Tá devendo? - quebrei o silêncio e ele acendeu a luz.

PH: Não queria acordar você, achei que tava dormindo.

Gabriela: E estava até ouvir você batendo boca com o Pablo essa hora da manhã. - aprontei pro relógio digital na mesa de cabeceira.

PH: Não vamo entrar numa briga agora, pelo amor de Deus.

Gabriela: Nós vamo conversar, Paulo Henrique.

PH: Amor.. - eu o cortei.

Gabriela: Durante vinte e cinco anos eu deixei que as coisas fossem ao seu modo, já que você já jogou na minha cara inúmeras vezes que a culpa do Pablo ser do jeito que é, é minha porque eu fiz isso e fiz aquilo. E a Alana, hein? De quem é a culpa? É minha também?

PH respirou fundo e continuou me encarando sem saber o que dizer.

Gabriela: Alana não respeita ninguém, Alana arruma confusão por onde anda, Alana não tem uma profissão, só vive de coçar a xereca e gastar o que ela não conquistou. Definitivamente um mega orgulho! Tudo que você disse que a Ayla seria, quem se tornou foi a Alana e de quem que é a porra da culpa? - ele permaneceu calado - Eu respondo, a culpa é sua!

PH: Todo mundo erra, Gabriela, nossa filha não seria diferente!

Gabriela: Para, Paulo Henrique! Nem você acredita nisso. Todo mundo procurou um caminho pra seguir, Alana continua socada lá em casa como se ela fosse não sei nem o quê. Quem cresceu com ela, hoje tem uma carreira. Todo mundo farra, todo mundo brinca, mas todo mundo tem responsabilidade, tem compromisso. Em que mundo tu acha que ela é diferente dos outros?

PH: Ela vai se encontrar, tá só precisando de um tempo. Eu vou conversar com ela e ela vai me entender, vai procurar fazer alguma coisa da vida.

Gabriela: Não vai e sabe por quê? Você vai abrir mão pra ela como sempre! Eu restrinjo as contas bancárias, você manda seus homens lá pra casa com dinheiro vivo pra ela.

PH: Eu não faço isso.

Gabriela: Faz, eu sei que faz! Não adianta negar. - me bolei - PH, a gente não vai viver pra sempre! Eu queria muito que a gente vivesse pra manter nossos filhos embaixo das nossas asas, mas a gente cria filho é pro mundo. Eu não quero o mal dela e eu sei que você também não quer, mas será que tu não tá vendo que isso faz mal pra ela?

PH: Eu não quero ver minha filha passando necessidade, a garota vai viver de quê?

Gabriela: Vai ter que trabalhar se quiser comer, nós dois tivemos responsabilidade cedo e você sabe disso. A gente não morreu, pelo contrário! Eu com vinte e cinco anos tinha Ayla e Pablo pra tomar conta, faculdade, estágio e a porra toda. Ela não tem nada disso, dá tempo de aprender a ser gente, mas me ajuda por tudo que é mais sagrado e pra gente não passar pelo que o seu pai passou. Você quer isso?

PH: Claro que não, Alana jamais se aliaria a terceiros pra me matar.

Gabriela: Até hoje eu lembro dele chorando pelos cantos da casa, quando ele se trancou no quarto da Yasmin e o quanto ele sofreu com isso a vida toda. Ele não era feliz cem por cento, pra ele sempre faltou alguém em casa e era a Yasmin. Tu sabe disso, cara.

PH: Então digamos que eu faça o quê tu tá querendo que eu faça, como é que vai fazer?

Gabriela: Eu vou bloquear as contas bancárias e você vai ordenar que ninguém leve dinheiro pra ela, você vai ligar pra Maísa e vai suspender a divisão dos lucros da Império Rio. Se ela quiser sobreviver, vai ter que ralar e o resto o destino toma conta.

PH: Isso vai funcionar?

Gabriela: Se tu colaborar comigo e não passar por cima do que a gente tá combinando aqui agora já vai dar uma diferença. Os armários tão cheios, com o passar dos dias vão acabar e se ela tiver um qualquer guardado também vai acabar uma hora ou outra. Tu tem que ser firme até mesmo se ela chorar pra tu por telefone.

PH: Tá bom, se tu quer assim, nós vamo fazer assim.

Gabriela: Se fosse outra metendo a mão na cara da Alana, eu ficaria bolada também, imagine do jeito que os pais dela não estão.

PH: Roger tem culpa nisso!

Gabriela: Não tem como nunca teve e sua cabeça dura trouxe consequência pra nossa família e você sabe que eu acho mesmo que a Alana fez tudo de caso pensado? - ele me olhou surpreso - Uma gravidez que nunca existiu e uma culpa jogada em cima de família nossa. Como se só ele tivesse errado… Isso deixaria a minha mãe arrasada.

PH: Já reconsiderei, Babi que quer se fazer de difícil, não posso fazer mais nada.

Gabriela: Você humilhou ela, deu na cara dela e imagina como ela não se sentiu e ainda se sente? Nem todas as desculpas do mundo, apagam o que você fez. Onde foi que você deixou o PH que você era?

PH: No Irajá, amor. - abaixou a cabeça por uns instantes - Se eu pudesse sumir, eu sumia.

Gabriela: Eu vou te ajudar a se encontrar nem que seja na marra! Tá me entendendo?

PH: Adianta falar que não? - levantou a sobrancelha.

Gabriela: É isso ou nós tudo no caixão, e aí?

PH: Tá bom, Gabriela, tá bom. Será que tem como a gente deitar e voltar a dormir?

Gabriela: Você vai ligar pro seu filho e vai pedir desculpa e eu não tô pedindo, tô mandando. - falei séria e ele ameaçou negar - Am, am, sem negação pra mim.

PH: Onde aperta pra separar?

Gabriela: Dorme que passa, mas você vai ligar e vai pedir desculpa pro menino.

Ele me olhou, acabou cedendo com o olhar, desligou a luz e me puxou pra deitar abraçada com ele. Ele beijou meu pescoço e eu desliguei o abajur.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora