PH.
Tomei uma dura da doutora depois que Alana e Atacante saíram daqui, nego não pode nem imaginar, mas pode crer que a fama nos tribunais dela de ser carne de pescoço quando o assunto é argumentar é real. Tô boladão até agora, pô, sinceramente mermo, a vontade é jogar a porra toda pro alto e desaparecer.
No dia seguinte ainda de bico, saí do quarto pra tomar banho no banheiro lá do quintal pra manter a onça da minha mulher dormindo. Não tava com a menor vontade de ouvir a mesma história, então me adiantei e na volta do banho, vi a porta do quarto da Alana entreaberta.
Minha mente lutou mais que o Popó contra o meu coração pra eu não entrar no quarto que era dela, mas acabou que eu fui de contra a tudo que a minha mente acredita e entrei. Desde que eu a expulsei, nunca mais havia entrado aqui e olha que já fazem muitos meses.
Tudo ainda estava praticamente do mesmo jeito que ela deixou, apenas faltava uma boa parte de suas roupas, de seus objetos, perfumes e afins, pois a Gabriela fez questão de mandar pra ela contra minha vontade.
Vi um porta retrato perto da cabeceira da cama, uma foto minha com ela em seu aniversário de quinze anos. Eu gastei pouco mais de um milhão entre festa e viagem.. Quis rodar a Europa, quis ir pra Disney, quis passar uma semana em Paris e eu bobão, patrocinei tudo sem reclamar. Dos meus três filhos, a que eu mais babei foi a Alana e justamente ela foi a que mais me decepcionou.
Talvez eu tenha pego pesado, talvez eu ainda esteja pegando pesado com ela, mas do jeito que ela tá, ainda não é o jeito que eu queria que estivesse. Queria que ela fizesse o oposto de tudo que a gente tá acostumado a ver nessa família, queria ela longe do crime, não queria ela casada com traficante, queria que ela tivesse o mesmo ritmo das minhas outras sobrinhas, da minha neta, Sheron, Marina, Mariane, Dafne, enfim algo parecido. Errei na criação? Errei, mas errei tentando acertar.
PH: Pra que tu foi meter o louco, nega? Não tinha necessidade disso, fia. - falei olhando a foto dela e sequei a lágrima que ia se formando no meu olho.
- Porque ela sempre foi sem juízo igual você. - a voz doce e firme da Gabriela invadiu o quarto e eu me posturei.
PH: Eu sem juízo? Coé?
Gabriela: Não adianta, nego, todos nós temos uma carga de não se orgulhar e ela não seria diferente. - sentou ao meu lado e me abraçou.
PH: Ela não tinha esse direito, Gabriela, teve tudo de nós. - coloquei a foto no lugar que estava e a encarei.
Gabriela: A gente também teve, mas ainda sim a gente já derramou muitas lágrimas dos olhos dos nossos pais. Deixa isso tudo pra lá, meu velho, a gente tá já morrendo e é agora que a gente tem que tá junto dos nossos. - beijou meu rosto.
PH: Como é que eu passo por cima das coisas que Alana aprontou e ainda vem aprontando? Daqui a pouco a gente vai saber que Alana tá de chefe em boca.
Gabriela: Você empurrou ela pra isso, quem jogou Alana no Jorge Turco foi você e ainda temos que agradecer que Atacante cuidou dela do jeito dele. Alana poderia ter ido parar em lugares piores, poderia ter ido pra prostituição. Tu alguma vez pensou nessa possibilidade?
PH: Eu só queria fazer ela entender que não teria mais a minha mão passando por cima da cabeça dela.
Gabriela: Acredite, você fez! Mas agora o que tá fazendo é afastar nossos filhos e fazê-los brigar entre si.
PH: Que caô é esse? - olhei pra ela sem entender nada.
Gabriela: Liguei pra Carol pra parabenizar a Danúbia que ganhou as eleições de lá da cidade dela. Carol me contou que a Ayla ligou pro Pablo e eles bateram boca pelo que aconteceu e eu sei que foi você que abriu a boca pra ela. - segurou na minha mão - Eu não quero ver meus filhos se matando à toa, PH. A gente vai começar a acabar com essa desunião aqui em casa e essa semana tu não me escapa.
PH: O que é que tu vai fazer? - olhei pra ela desconfiado - Não adianta me arrastar pro Jorge Turco que a tua filha tá puta comigo.
Gabriela: Deixa comigo! - piscou - Hoje o senhor vai tomar café comigo e nós vamo lá no Parque União que Roger saiu do hospital, tá em casa e nós temos por obrigação ir visitar o menino.
PH: Esse é outro! Ainda bem que não morreu, se não ia ter que mexer na ossada lá no Irajá. - falei sem maldade e ela me beliscou - Ai, Gabriela.
Gabriela: Se tivesse acontecido é claro que ele ia pra lá, ele é da família e outra, trata de se lembrar que a mãe dele é nossa afilhada e ela é filha do seu irmão que você é unha e carne.
PH: Irmão seu também, filhinha. - falei irônico e levantei.
Gabriela: Infelizmente. - deu risada - Um feio daquele não dá pra se comparar comigo. Eu já disse que eu sou linda e ele não.
PH: Tá bom, minha linda. - coloquei ela na minha frente e saí do quarto agarrado com ela.
Sim, anos se passaram e Gabriela ainda continua chamando Falcão de feio. Nós foi pra cozinha, meti a mão na massa passando o café enquanto ela cozinhava. Depois nós sentou, tomou café e conversou sobre a aposentadoria da doutora e a minha do comando.
Gabriela: Tá bom de se preparar pra deixar mesmo essa tua cadeira pra Falcão.
PH: Falcão, nega? É sério? - dei risada - Falcão não quis quando tava novo, imagine agora depois de velho. O controle vai sair da nossa mão, vai acabar a tradição.
Gabriela: Tá querendo mentir pra quem? - deu um gole no café - Essa porra vai continuar na mão da nossa família, o crime ainda não acabou.
PH: Tá falando de quem?
Gabriela: Fernandinho. - cruzou os braços e eu abri olhão. Eu não contei nada pra ela, mas que diabo! - Tá pensando que eu não sei o que acontece com os nossos? Fernandinho matou os polícia que bateu nele e ainda tá traficando no Chapadão.
PH: Falcão já foi fofocar pra tu?
Gabriela: Não, nem se eu quisesse ele me diria algo. Eu desconfiei, fiquei sabendo e você me confirmou tudo enquanto tava dormindo, gato. - sorriu de orelha a orelha.
PH: Ele não vai continuar traficando, nós vamo falar pro Davi e ele vai tomar partido. Nem que ele mate o moleque na porrada, mas ele não vai continuar nessa vida.
Gabriela: Adoro como você se ilude, nego safado. Tu já parou pra analisar tudo o que esse menino já fez? A forma que tudo ocorreu na execução? Não deixou rastro, a polícia tá seguindo a linha de investigação errada e não há rastros que incriminem ele.
PH: Quer dizer que Fernandinho vai a julgamento e vai ser absolvido por falta de provas ou seja, mais uma chance dele criar vergonha na cara e voltar a vida que ele tinha antes.
Gabriela: Fernandinho é ruim, PH e a essa altura já pegou gosto pela coisa, não sai nunca mais e pode anotar, ele vai mudar muita coisa no jeito do tráfico e vou te falar mais, vai levar vida de patrão na pista.
PH: Ainda acho que Davi vai impedir ele de fazer essa loucura.
Gabriela: A mãe e o pai, com mais de vinte anos de crime nas costas não segurou vocês, imagina Davi com Fernandinho. - riu incrédula - Se tu for abrir a boca pra ele, vai logo porque a bomba vai estourar.
PH: Pô, pra que paz nessa família? - me levantei negando com a cabeça.
Gabriela: Porque nós é o problema e a mídia, preta. - imitou meu pai falando e nós acabamos rindo.
Coloquei a xícara na pia, depois tratei de subir pra me arrumar e esperei minha mulher uma vida. Apesar de coroa, ela continua vaidosa como sempre e linda também. Gabriela apareceu um bom tempo depois, finalmente estava pronta e a gente meteu o pé pro PU.
Quando a gente chegou na casa da Babi, parecia que tava tendo festa de família e com excessão do povo do Davi, o povo do Imperador e Alana o resto tava tudo presente e inclusive tia Jaqueline. Detalhe, não foi combinado porque se fosse ainda não daria tão certo.
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DO JEITO QUE A VIDA QUER 4
FanfictionFabiana e Murilo morreram e seus familiares se afastaram após uma briga. Será que um dia a família Falconi volta a ser como antes?