Capítulo quarenta e dois.

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Alana.

Um mês depois.

Deu um trabalhão botar a casa do Atacante no lugar, mas o que parecia impossível eu fiz tornar realidade. Precisei de uma semana pra poder organizar a casa e o último dia eu tirei pra lavar as roupas que eu achei no cesto de roupa suja na bagunça que estava no quintal.

Tinha camisa do Atacante que de branca estava verde, imundície pura. Eu tentei dar jeito, mas toquei fogo nela pra ele nunca mais se lembrar que ela existiu. Ele que compre mais, que tome um banho de shopping porque o bofe tá precisando, eu hein!

O filho dele é uma pestinha de menino, bocudo horrores e olha que ele só tinha cinco anos. No primeiro dia que ele me viu, me chamou de puta e o Atacante ficou puto da vida, brigou com ele e tudo.

Diz ele que o Kaíque aprendeu essas coisas porque via muito a mãe dele falar e presenciou várias brigas dos dois onde ela dizia que ele tinha muita puta. Eu não acreditei muito não, é fácil demais culpar quem já morreu.

E falando em Kaíque ainda, por mais bocudo que ele seja, foi questão de alguns dias pra ele se habituar com a minha presença e passar a me respeitar. A única coisa que ele dá trabalho é na hora de ir pra escola. Tem dia que ele volta de lá todo empolgado, falando o que fez e o que deixou de fazer, ajudo nas lições de casa e olha que dá vontade até de ser criança de novo.

Fiquei observando, fiz logo o pai dele comprar uma mochila nova que vem com lancheira porque a que ele usava quando eu cheguei, era só pela graça. Início de ano escolar e o garoto andando igual mendigo? Não na minha vista, eu hein. Notei que a garrafinha que vinha junto voltou quebrada.

Nem falei nada pro Atacante porque sabemos quem é a peça e que ele ia dar o show dele. Esperei ficar sozinha com o Kaíque na manhã do dia seguinte e ele me disse que a garrafinha caiu da mesa e ela tava cheia de água.

Nesse mesmo dia, fui fazer compras e comprei outra da mesma cor da mochila pro pai dele não desconfiar. Kaíque foi pra escola por uns dias e com menos de uma semana essa garrafinha sumiu. Já desconfiei que tinha alguma coisa errada aí, não é possível.

A gente sabe que criança perde as coisas com facilidade e olha que eu nunca fui nem mãe, mas tirava por mim que só não esquecia a cabeça porque tava grudada. Minha mãe reclamava abeça e olha que dinheiro ela e meu pai tinham de monte.

Sentei com ele e expliquei que a gente tinha que ter cuidado nas coisas dele, o valor do dinheiro e aquela papagaiada toda que ninguém liga. Tudo pra evitar que caísse nos ouvidos do Atacante.

Com uns dias depois, Atacante saiu de missão com um bonde pra fazer um resgate desde ontem de manhã e disse que ia ficar fora por uns dias, mas que se eu precisasse era pra eu falar com o frente. Aí Kaíque me chega da escola com a sobrancelha machucada, aí eu já tinha certeza que tinha alguma coisa errada. O jeitinho de sondar não deu certo, então fui pro confronto direto.

Alana: Pestinha, fala pra tia aqui uma coisa, quem te machucou? - ele ficou calado, só me olhava e eu sentei do lado dele - Eu preciso saber pra poder resolver de um jeito mais calmo.

Kaíque: Ai que chata, já falei que eu só caí.

Alana: Tu já pensou se teu pai chega hoje e te vê assim? Ele vai brigar com você, te colocar de castigo lá em cima e vai brigar comigo também, vai me mandar embora só com a roupa do corpo e.. - ele me cortou.

Kaíque: Foi o Lucas, mas foi sem querer. Eu juro, peste! - se agitou todo. Não nega que é filho do Atacante mesmo.

Sim, ele só me chama de peste e eu chamo ele de pestinha e o pior que é que o apelido pegou.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora