Capítulo dez.

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Roger.

Raro: Tu pode deixar avisado pra tal de Nice que eu não quero vê ela na rua e nem em baile durante um mês e se eu ver eu vou mandar passar. Tá maluco, inventa de dar a buceta pro amigo lá e depois me vem fiel fazer escândalo na boca! - falava no radinho sentado na mesa da cozinha.

Eu só observava ele dando ordem, achava bagulho de maluco e acho que antes meu pai dando esporro do que minha mãe. Nego já acha ele periculoso, mas nego entra em desespero quando as ordens partem dela.

Raro: Tá com essa cara de morto vivo, por quê? - botou o rádio de lado e me encarou.

Roger: Dormi bem não, tô meio quebrado do sofá ainda. - passei a mão nas costas.

Raro: Teu quarto do tamanho da sala, não foi pra lá por quê? Medo do bicho papão? - começou a dar risadinha.

Roger: Deitei no sofá e apaguei.

Raro: Tem certeza? - me olhou desconfiado.

Roger: Abso.. - comecei a colocar café na xícara - Ih, qual foi?

Raro: Nada não, só achei assim esquisito né? Tu e Belisa aí na sala, escurinho.

Roger: Achei Belisa caída no meio da rua, queria que eu fizesse o quê? Largasse ela lá mesmo?

Raro: Jamais, Belisa é da família. Vi aquela menina crescer, mas tu é atrevido e eu te conheço.

Roger: Não fiz nada, só trouxe pra casa e fim. - dei um gole no café - Minha mãe saiu ou tá dormindo?

Raro: Tá lá em cima, tá se arrumando que nós vamo sair e o papo é tu ir lá visitar tua tia Maísa, rever tua família.

Roger: Tô com saudade dela mesmo, uma versão da minha mãe mais doce. - sorri.

Poderosa: Maísa é doce porque nunca teve que provar nada pra ninguém, já eu… Tive que provar que merecia ter uma buceta. - falou descendo as escadas já arrumada.

Raro: Maísa nunca quis entrar pro tráfico, isso é o que difere de vocês.

Poderosa: Sempre torci pra ela mudar de opinião. - sorriu - Mas beiço de jegue não é arroz doce e a vida não é um morango.

Roger: Duas filhas no tráfico e meu avô ia de ralo infartado, não acha não?

Poderosa: Meu pai faz escândalo por tudo, inclusive vou subir aquele bendito Complexo. Chega me dá uma tristeza.

Raro: Não fala assim, lá é seu também e querendo tu ou não, tu vai morrer sendo parente deles.

Poderosa: Chega desse assunto! Se arruma que nós vamo pro Alemão. - olhou pra mim e eu concordei.

Roger: Cadê a 900? - me referi a moto do coroa. Uma BMW F 900 R.

Raro: Tá lá na casa da tua avó e a chave tá no cofre, se quiser já sabe o segredo.

Roger: Tranquilo, então vão na frente e eu broto lá, pode ser?

Poderosa: Pode, mas tô com uma ideia melhor. - sorriu e me olhou de lado.

Roger: Ih, conheço esse olhar, tá aprontando o quê?

Poderosa: Tu vai saber. - me olhou e desviou o olhar pro meu pai - Liga pro Índio, manda ele arrumar uma caixa de papelão enorme e enchimento de isopor pra ontem.

Raro: Pra quê?

Poderosa: Faz o que eu tô te pedindo pra eu não te encher de tiro, faz amor da minha vida. - alisou o rosto do meu pai.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora