Capítulo noventa e dois.

502 117 39
                                    

PH.

📲

— O safado do Jetta, tá usando a Alana de escudo humano, menor bateu aqui pra mim, X9 vai rodar também. - era a voz da Poderosa na frequência do meu rádio - Todo cuidado é pouco, tá com uma arma apontada pra cabeça dela.

PH: Onde é que o safado tá?

Poderosa: Tá entocado nos fundos da padaria de um tal de Curió, o senhor sabe onde que fica? Não vou conseguir sair de onde eu tô, porque é tiro pra caralho.

— Nós tomava café lá direto com o Trindade, pai. - agora era a voz do Imperador - Vou dar jeito de meter o pé pra lá.

PH: Nós também vamo pra lá, o resto segura os caras aí e passa sem dó.

📲

Atacante: Tu conhece esse lugar aí? - se aproximou de mim. Agora esse viado não fala gracinha, incrível.

PH: Conheço, nós vamo cair pra lá, mas com calma pra gente não fazer merda. Aquele viado vai se arrepender de botar a mão na Alana. - falei tentando manter a calma pra agir na cautela.

Nós saiu do cafofo, foi entrando em tudo que é beco, é viela, laje e toda desgraça possível. Nem se eu fosse cria daqui, saberia tanto de como entrar e sair, aliás eu só sabia por causa da minha amizade com o falecido Trindade. Nós era parceria e muitas vezes quando o Chapadão entrava em guerra, eu vinha fortalecer pessoalmente.

A área aparentemente tava limpa, tinha uns cinco fazendo a segurança pros alemão, mas eu junto com Atacante e mais três que tava com nós mandou tudinho pro colo do capeta. Os menor que tava com nós foram na frente metralhando a porta do estabelecimento, Atacante e eu nos olhamos e entramos em seguida.

PH: TU VAI SE FUDER, FILHO DA PUTA. - gritei e atirei.

Nessas horas dou graças a Deus a musculação, porque o impacto que dá quando a bala sai, é surreal e sim meu corpo já não aguenta como antigamente.

Depois de cercado, nós fomos lá pros fundos da padaria e tinha um cômodo onde ficava as coisas velhas de lá. WL tava ajoelhado no chão, totalmente desarmado e de cabeça abaixada.

PH: E aí, arrombado do caralho, feliz em me ver? - fiz ele levantar a cabeça pra olhar pra mim pelos cabelos.

WL: Acaba com isso logo, PH, já sei que eu perdi pô. - me encarou.

PH: Não tô com a menor pressa, pô, relaxa aí que nós tem muito o que conversar. Inclusive onde é que tá teu parceiro e a minha filha.

WL: Não sei.

PH: Caralho, mil anos trabalhando pra mim e tu não aprendeu que eu não sei lidar com a porra de um não?

Comecei o esculacho naquele momento, a bala ainda comia pelo lado de fora e nada de WL abrir a boca. Até que Atacante puxa minha camisa e aponta pra direção atrás de mim.

Atacante: Eu conheço esse pé, PH. - me virei e segui na direção que ele tava apontando.

Um pé feminino num chinelo rosa da lança perfume no chão por trás de um monte de tralha empilhada e eu conheço esse pé a vinte e cinco anos. Era minha filha que tava lá, porra... Meu sorriso até se abriu.

Perdi o sorriso quando me aproximei junto com o Atacante e vi a cena. Alana tava largada no chão, de olhos fechados no meio de uma poça de sangue que avançava pelo chão lentamente e vou falar a real, ver ela daquela forma me quebrou por dentro.

Atacante: Alana, acorda. - balançou o rosto da Alana de um lado pro outro e nada dela mexer um músculo sequer.

PH: Nega, nega, fala comigo, minha nega. - pedi desesperado, a lágrima já rolava pelo rosto - Reage filha, eu tô aqui, meu amor. Vim te buscar pra te levar pra casa, não me deixa não, filha.

Eu virei o corpo dela na direção do Atacante e lá estava o buraco de dois tiros em suas costas. Eu fiquei doido, não dava pra acreditar que a minha menina estava realmente passando por aquilo. Aproximei meu ouvido de seu peito e dava pra sentir seu coração ainda batendo, fraco até, mas tava batendo.

PH: Ela ainda tá viva, mas precisa ir pra um hospital agora antes que a gente perca a nossa Alana. - olhei pro Atacante.

Atacante: Eu não perco nunca, vou buscar um carro pra poder levar ela. Tu vai ficar?

PH: Fico pra tomar conta de tudo por aqui, tu vai com ela e vai me dando notícia, leva ela pro StarMed e obriga quem tá lá a socorrer ela o mais rápido possível.

Atacante: Já é, já é.

Atacante correu e eu peguei a Alana no colo e levei pra porta da padaria. Logo Atacante apareceu com um carro, desceu pra abrir a porta, eu coloquei ela no banco de trás e ele saiu de lá voado. A situação que já tava feia, piorou, a porra da polícia brotou e agora nós tinha que dar conta dos alemão e deles. Até helicóptero tinha no bagulho, tá de sacanagem com a minha cara, porra.

📲

Corolla: Fudeu, PH, os cana tá avançando, não dá pra meter o pé não. - avisou na frequência.

📲

Pará: E agora, PH?

PH: E agora? E agora é recarregar os fuzil e fazer o que nós sempre fez... Meter bala nesses cuzão, entendeu? - falei recarregando o fuzil e fiz careta.

Fomos pra guerra de novo, bala vai, bala vem e as horas iam se passando. Os alemão ia caindo, gente nossa também, os filhos da puta mais ainda. Tava brabo e eu já nem lembrava mais a última vez que eu vi algo parecido, eles não vieram pra brincar e nós também não.

— O cerco tá se fechando pra nós, vai dar merda. - um dos soldados do Atacante falou.

PH: Então se prepara que eu vou fazer é feder, essa porra. - atirei contra os cana que vinha na direção de nós - Vocês dá cobertura, a festa desses filhos da puta voador vai acabar agora.

Pará: Então vou na tua, tô contigo. - falou atirando nos que vinha por terra e eu mirei no céu.

Dei uma sequência de rajada na direção do helicóptero, as hélices começaram a pegar fogo e desceu rodopiando. Saí de onde eu tava e corri no sapatinho entre os becos, nessa daí não dava pra andar todo mundo junto, mas eu tava crente que Pará tava vindo comigo, né? Fui dar o papo pra recuar e dei um passo pra trás, aí eu senti o bico do fuzil nas minhas costas.

Jetta: Perdeu, vagabundo. - falou cheio de sorrisinho - Vira pra mim, cuzão.

Agora fudeu tudo, pô.

Levantei a mão pro alto, olhei pro céu e mentalmente perguntei a Deus se esse ia mesmo ser o meu fim. Se eu ia embora sem ao menos dar tempo de juntar meus filhos perto de mim, sem dar o perdão que a minha filha merecia.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora