Capítulo cinquenta.

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Imperador.

Minha recuperação é rápida tanto quanto uma tartaruga. Eu já podia andar pela casa, mas em curtos períodos tipo da cama até o banheiro e me segurando nas paredes. Minha mãe fez questão de contratar uma equipe médica pra ficar de olho em mim e de olho no Choque que estava passando pelo mesmo processo que eu.

Daqui eu continuava administrando os meus negócios na Penha e arredores, o BN voltou pra lá pra dar andamento pessoalmente porque eu desse jeito não podia fazer muita coisa.

Com exceção da minha mulher, da minha filha e do bonde criminoso da família todos foram mais cedo pro Rio de Janeiro por causa da morte da tia Keila. Inclusive o tal testamento dela ia ser aberto antes mesmo do corpo chegar. Achei um absurdo? Achei, mas não tinha muito o que fazer.

Minha cabeça não parava um minuto sequer, mas o que estava realmente tirando a minha paz terrível era a Alana. Não que ela estivesse aprontando por aí, mas porque eu sabia que meu pai tinha pegado ela pra matar no Parque União.

Não que eu passe pano pras coisas que ela aprontou, inclusive vi o vídeo do Roger e a foto dela nua vazada por ela mesma. Tive que aturar piadinha uma semana, mas fazer o quê? Com toda desgraça que ela possa ter feito, ela é minha irmã e eu sempre tive muito carinho, muito amor por ela.

Tudo o que eu fiz, foi na intenção de quê ela acordasse pra vida e mudasse as atitudes. Infelizmente, Alana teve que acordar na dor. Mas, ainda não ia ser isso que ia me afastar dela ou que me fizesse virar totalmente as costas pra ela. Eu sei a irmã que eu tenho e garanto de olhos fechados que ela não é ruim!

A Alana se tornou do jeito que é, por causa do meu pai que deixou ela crescer achando que tudo pra ela seria possível. Deixou a Alana achar que era intocável pela nossa família ter poder e nunca foi bem assim. A gente pode até ter poder, mas nego foi criado na disciplina e principalmente quando estava embaixo dos olhos dos meus avós. Com os dois era no amor, mas se pagasse de malucão, recebia tratamento de malucão e falar pra tu? Não era bom não.

Vasculhando a agenda de contatos no celular da Carol, achei o da Alana e não pensei duas vezes em ligar pra ela de chamada de vídeo. Eu estava sozinho naquele momento, então teria todo tempo do mundo pra conversar com ela.

No quinto toque, ela atendeu.

📲 Alana.

Imperador: Bom dia, essa menina. - sorri quando o rosto dela apareceu.

Alana: Bom dia, gracinha. - sorriu de volta - Tá melhor?

Imperador: Eu tô bem, mas você com certeza tá melhor, né não? Quase uma vida pra atender, deve tá ocupada.

Alana: Aí depende do ponto de vista! - piscou pra mim - É, eu tava ajudando o Kaíque na lição de casa dele. Era pra ter feito ontem a noite, mas eu tava no velório e quando eu cheguei ele já tava dormindo. Manda as ordens..

— Ô peeeeste.. - era uma voz de criança no fundo que vinha se aproximando - Eu quero uva!

Alana: A verde ou a roxa, pestinha? - ela virou o rosto pra olhar pro menino.

Imperador: Coisa feia, Alana, xingando os filhos dos outros.

Alana: Fica quieto, Pablo, fica quieto.. Kaíque só me chama assim.

Kaíque: A verde… - ela começou a se movimentar - Peste, eu posso brincar na casa do Yago?

Alana: E eu lá sei quem é Yago? Eu vou ligar pro teu pai e tu fala com ele, pode ser?

Kaíque: Pode. - deu uma pausa - Mas é aqui pertinho.

Alana: Se ele deixar, tu vai.. Se ele não deixar, tu já sabe né? - ela colocou o celular escorado na janela.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora