Capítulo noventa e três.

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Imperador.

Eu tava até acostumado a trocação, mas no nível que isso aqui tava, tava fora de série. Até porque no meu império lá na Penha, a polícia só tenta, mas não entra e nem sobrevoar por lá os caras pode. Se for, vão cair igual ao helicóptero que tá caindo nesse momento. Imagine alemão e verme ao mesmo tempo, tio Nando e Trindade tão se revirando no caixão uma hora dessa vendo essas palhaçada.

Chapadão hoje era prato cheio pra jornalista fofoqueiro filho da puta passar a semana toda falando de nós. Eu já tô até imaginando minha foto com cara de mau, bem bonitão na tv e a jornalista das sete, falando meu nome e meu vulgo quase gemendo. É o preço que se paga por ser um coroa gostoso.

E daí que os Falconi é máquina de fazer bandido? Quem liga, pô? Respeita nossa história, é o Complexo, rapá!

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Falcão: Os alemão tão arregando, mas os verme tá de ponta a ponta, não vai dar pra sair agora não.

Imperador: Então manda os moleque do Trindade subir, não vai ter jeito. Eles não quer o reduto do Trindade? Essa é a hora de mostrar que merece.

Falcão: Já acionei, tão se preparando pra subir já. Tem granada aí contigo?

Imperador: Ainda tem umas três.

Falcão: Faz teu nome, filho. - ouvi o barulho da rajada - Cadê teu pai? Não consigo falar com ele.

Imperador: Foi buscar Alana, ele tá com Atacante e mais uns mano. Vão dar conta de lá.

Falcão: E nós daqui, fé e cuidado porra! Morre não.

Imperador: Morrer é o caralho, nós vai botar esses filhos da puta pra voltar de ré.

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Meu dedo nervoso e a minha Ana Carolina – minha parafal – cantou mais do que a cantora com Seu Jorge no show. Quem batia de frente comigo, caía. G3 do mano que tava comigo tava pegando fogo de tanto tiro, coisa linda. Nós foi entrando de beco em beco na correria, avistei meu pai de longe e eu me preparei pra ir na direção. Antes de pensar em sair, vi Jetta indo na mesma direção do meu pai.

Di Raça: Tu viu essa parada? Maluco vai pegar teu pai na covardia.

Imperador: Ele ia, menor, ele ia! Se tiver que alguma família chorar, primeiro vai ser a dele antes de nós.

Fui atrás no sapatinho, os manos me deram cobertura e na calma eu cheguei atrás do Jetta que tava com o bico encostado nas costas do meu pai. O erro é dar as costas pra rua, tá ligado? Eu esperava mais do Jetta, sinceramente.

Jetta: Perdeu vagabundo, vira pra mim, cuzão. - ordenou, meu pai levantou as mãos pro alto.

Imperador: Nós nunca perde, filho da puta. - destravei e mirei no Jetta.

Abri um sorrisinho, Jetta se virou na minha direção e esqueceu de balear o meu pai, sentei o meu dedo nervoso na direção da cabeça dele e nem foi de parafal, foi de pistola mesmo. Ainda dei um de parafal na cara dele pra estragar o velório, aliás não vai ter velório nenhum.

PH: Bagulho de maluco, pensei que ia de ralo. - botou a mão no peito - Valeu mermo.

Imperador: Tá maluco andando por aqui sozinho, pai? Se eu não tivesse visto Jetta de longe, nem aqui tava mais pra contar história. - procurei machucado nele - Tá de boa?

PH: Me perdi dos moleque, pô, vou fazer o quê? Ficar parado igual menino é que não vou. - respirou fundo - Tô de boa, mas nós tem que se adiantar.

Imperador: Cadê Alana?

PH: Espero que essa hora esteja no hospital, nós encontrou ela, mas já tava baleada com dois tiros nas costas. - atravessou o fuzil no peito de novo - Mandei Atacante levar pro StarMed.

Naquela hora era melhor me dar um tiro do que ouvir que a minha irmã tava baleada. Infelizmente, eu não esperava outra coisa, pegaram ela pra atingir nós e principalmente meu pai. Só que essa porra vai acabar ou eu não me chamo Imperador.

Imperador: Fez bem, agora vamo meter o pé daqui que se não nós vai de ralo, velho.

PH: Ainda.

Nós voltou pro meio do furacão e mesmo com a visibilidade reduzida, taquei as granada, nós botou a bala pra voar e os cana pra voltar de ré. Tomar no cu, o problema era só nós sair do Chapadão, maior corre corre, quase bati o carro, mas deu certo. Entrei no Alemão voado puxando vários carro bicho.

PH: Eu tenho um bagulho pra falar contigo. - falou depois que os manos que tava no banco de trás desceu.

Imperador: Qual foi? Tá sentindo alguma coisa? - olhei escaldado já.

PH: Peguei pesado contigo muitas vezes, nunca fui um bom pai pra tu e perdi as contas de quantas vezes eu deixei meu lado bandido tomar conta de tudo. Só quero que tu saiba que eu te amo, mas te amo mermo e que de longe tu e tua irmã são as maiores riquezas que eu poderia ter ganho na vida. Virei homem quando tu nasceu, pô e eu daria a minha vida por tu um milhão de vezes sem pensar. - botou a mão no meu rosto - Espero que um dia, tu me perdoe de coração.

Imperador: Eu sei, papai aqui tá valendo o valor de um diamante. - sorri, me achando a última antártica do churrasco na intenção de tirar uma onda da cara do coroa.

PH: Brinca muito, vagabundo. - riu negando com a cabeça.

Imperador: Nós tudo tem defeito e o senhor não seria diferente. Com tudo que aconteceu ainda acho que o senhor não foi um péssimo pai. Fez escolhas erradas sim, falou muita besteira sim, mas ainda sim não apaga o que o senhor já fez de bom. Não só pra mim, mas também pra Alana e até pra mandada da Ayla. Nós te ama, fazer o quê? Por mais mandado que o senhor seja, o senhor é o pai que a mãe escolheu pra gente, olhar pra mim e olhar pra Alana é a mesma coisa que ver essa cara acabada do senhor. - falei de propósito, só pra implicar com ele.

PH: Respeito nunca, né? - fechou a cara e eu ri - Não adianta contigo não, só te matando mesmo. - ia sair do carro e eu segurei o braço dele.

Imperador: Coé negão, relaxa o coração e escuta bem, eu te amo pra caralho, sempre amei e vou continuar amando até o dia que eu não respirar mais. - beijei a testa do coroa - Tá perdoado, pai.

Me abracei com o coroa, nós ficou assim por um tempo até ele me dar um cascudo só pra não perder o costume. Quando nós entrou lá na casa da minha vó, o caô tava formado entre Fernandinho e tio Davi.

Tô falando que nós não tem paz nunca.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora