Capítulo setenta e cinco.

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Alana.

Já é terça-feira e nada de Atacante em casa ainda e com ele fora de casa, esse Jorge Turco parece que vira zona. Sobrou até pra mim atravessar encomenda de armamento do Jetta lá no Chapadão e buscar o dinheiro pessoalmente. Tudo o que eu entendi é que eles tinham o mesmo distribuidor, enfim, fizeram compra casada e como chegou aqui, agora é hora de ir fazer a entrega.

Descolaram uma S10 vermelha bem novinha, tinha plástico no banco ainda, mas os vidros já tava lacrado no G5. Atacante mandou a foto e disse que os caras já começaram a botar as cargas na bendita camionete e enquanto isso eu ainda tava em casa dando banho no Kaíque pra deixar ele na casa da Ellen. Eu não ia levar o Kaíque comigo dentro de um carro cheio de fuzil, não é?

Kaíque: Tu sempre me leva pra sair, porque eu não posso ir hoje, peste? - questionou quando saímos de casa.

Alana: Porque eu vou trabalhar e no trabalho não pode ter criança lá, entendeu pestinha? - sorri pra ele.

Kaíque: Que chato. - reclamou e rolou os olhos. Aprendeu comigo, eu sei.

Alana: Bem vinda a vida dos adultos, meu amorzinho! - me abaixei na frente dele, já estávamos na frente do portão da Ellen. Arrumei a gola da camisa dele - De qualquer forma, você vai brincar com o Yago a tarde toda e a noite levo você pra comer uma pizza.

Kaíque: Oba. - comemorou - Mas e a escola, eu não vou hoje?

Alana: Hoje tu tá de folga. - sorri e toquei a campainha na casa da Ellen - Mas isso é um segredo só nosso, tá bom?

Atacante que fique bolado e puto, mas enquanto eu ou ele não chegar, Kaíque não sai do Jorge Turco e acabou.

Kaíque: Tá, peste.

Alana: Se comporta. - acariciei seus cabelos.

A Ellen veio abrir o portão, eu me despedi do Kaíque e conversei rapidamente com ela. Respirei fundo, fiz o sinal da cruz e fui buscar a porra da S10 que tava lá na casa do caralho. Quando eu cheguei, ainda tinha fuzil sendo colocado na carroceria e uma caixa de explosivos no banco de trás. O medo dessa desgraça explodir era grande, mas a vontade de esganar o Atacante era maior.

Pará: Atravessa pro Chapadão, pega o dinheiro e só depois entrega a carga. Se vim faltando um centavo, Atacante vai cortar tua cabeça, entendeu? - falou serinho.

Alana: Entendi, mas tem que tá vendo o jeito que tu fala comigo ou é a tua cabeça que eu vou mandar cortar e não é a de cima. - abri um sorrisinho e abri a porta do carro.

Dentinho: Uh.. - debochou.

Ele ficou me olhando com cara de cu, eu entrei no carro, dei partida e subi os vidros porque liguei o ar. Saí de lá com o cão no couro, levei uma vida pra chegar no local marcado e quando eu estacionei o carro, tive que esperar cinquenta anos pelo tal de LC chegar. Fiquei lá mofando dentro do carro e deixei os faróis piscando pra nego saber que eu tava lá dentro, foi aí que eu lembrei de abrir o porta luvas e achei um bilhete.

Espero que faça tua missão na tranquilidade e depois aproveite o presentinho adiantado! Afinal, não é todo dia que a gente ganha uma picape 0km.
Tô voltando pra casa, um beijo.
WT.

Não acredito nisso, que filho da putinha arrombadinha! Aí vocês me perguntam: Quem é WT? É a porra do Atacante. Caralho, que cara maluco! Eu não sei se ria ou se surtava, porque porra, não era assim que eu queria chegar no meu império. Tá certo que qualquer mulher se mataria pra estar no meu lugar, pra desfrutar do conforto que o Atacante me proporciona, mas a gente já tinha conversado sobre isso e ele sabia do meu desejo de não ser tão mimada assim.

Quando o tal LC chegou eu desejei ser cega. Não podia ser aquilo que eu estava vendo, LC chegou acompanhado de mais de quinze homens fortemente armados, mas apenas um me chamou atenção e eu já conhecia muito bem. Não só de vista, mas pra ser mais exata, conheço a minha vida inteira e é do Fernandinho que eu tô falando. O que é que ele tá fazendo aqui? Desde quando ele é envolvido? Será que meu tio sabe? Meu pai e tio Falcão tão acobertando? Eram muitas perguntas a serem respondidas.

LC: E aí ô Atacante, dá pra descer ou tá de chinfra? - berrou.

Alana: Você me paga, Wellington. - falei olhando pra foto do bonito no bloqueio de tela do meu celular.

Peguei a pistola, abri a porta do carro e desci. Me olharam surpresos, principalmente Fernandinho que não tava esperando me ver ali e muito menos sendo confundida com o Atacante. Mantive meu sorrisinho sem mostrar os dentes e o olhar de quem queria matar geral e logo depois de bater a porta da S10 comecei a caminhar na direção do LC. O silêncio era tão grande que o barulho do meu salto batendo no chão chegava a fazer eco. É o famoso barulhinho do poder, pô!

LC: Não foi com esse Atacante que eu fiz negócio! - falou todo cheio de gracinha.

Alana: Vim no lugar dele pra honrar o compromisso, não pra escutar gracinha. Cadê o dinheiro?

LC: Tá aqui e a minha carga, cadê?

Alana: No carro, junto com os explosivos. - falei séria - Enquanto você conta o dinheiro, tua rapaziada tira a carga do carro.

LC: Quem me garante que vai tá tudo certo? Tá pensando que é quem pra me peitar? - me encarou.

Alana: Eu garanto. - falei séria e a cambada de segurança que vinha me acompanhando começou a se aproximar - Alana Andrade de Carvalho Falconi, apenas.

O tal Andrade já dava um tiquinho por causa da família paterna da minha mãe, mas a cereja do bolo continua sendo Carvalho Falconi. O bonitinho abriu os olhos, olhou pro Fernandinho que apenas balançou a cabeça concordando com o que eu havia dito.

Alana: E aí, priminho. - pisquei pro Fernando que balançou a cabeça em negativa.

Fernando: Coé, Alana. - piscou pra mim, mas manteve a cara de ruim e a postura.

LC mandou trazer a mala cheia de dinheiro, começou a contar na minha frente e os meninos foram pegar a carga, enquanto isso acontecia, Fernandinho parou do meu lado e ficou me olhando como quem quisesse falar algo. Como eu não tenho paciência, olhei pra ele e quebrei o silêncio.

Alana: O que é que você pensa que tá fazendo? - falei sem tirar os olhos do dinheiro.

Fernando: Eu que tenho que te perguntar isso. Tá ficando doida ou é vontade de matar teu pai infartado? - falou baixo.

Alana: Não se faz de pão, todo mundo sabe que meu pai e eu estamos rompidos a um bom tempo já. - falei séria ainda olhando pro dinheiro - Inclusive ele se desconsidera meu pai e eu vim porque eu recebi ordens pra isso. Agora você… - desviei o olhar rapidamente.

Fernando: Meu nome tá sujo, tô sendo processado por alguma coisa que eu não fiz e eu não levo fama sem deitar na cama. Simples!

Alana: Simples pra quem? Tu tem noção do que tu tá fazendo contigo mesmo?

Fernando: Tu não vai me dar lição de moral não, né?

Alana: Tem razão, não vou mesmo não, mas vou te falar com propriedade, tu pensa no teu pai porque quem mais vai sofrer nessa história é ele. Se eu tivesse pensado no meu, não tinha feito um porcento e não estaria aqui agora. - bati no ombro dele.

— Tudo certo, LC. Só não tá os explosivos. - um dos homens dele falou.

Alana: O explosivo tá no banco de trás, abre lá e pega.

Quando eu me virei pro carro, eu quase tive outro infarto e passei a mão nas costas do Fernando por dentro da camisa só pra ele ter o pé de virar e ver o que eu estava vendo também. Meu pai e tio Falcão chegaram escoltados e acompanhados do Jetta, isso só pode ser provação.

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