Capítulo dezesseis.

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Roger.

Deixei Belisa em casa e voltei pra Penha de novo pra levar o carro pro Léo. Chegando lá, eu ia meter o pé pra casa, mas tu deixou? Mesma coisa foi Sheron e os moleque.

Uma história de saideira aqui, saideira ali e nessa parada aí eu saí da Penha com o dia amanhecido. Dez pras oito e ainda deu tempo de ver Alana varrendo parte da rua, já tava toda arrebentada e de olho roxo.

Se tia Gabriela estivesse aqui e visse essa cena, era capaz de desmaiar. Vim pra casa de carona do Fábio que ia pro Macaco, agradeci a moral e fui pra casa na caminhadinha mesmo. Entrei em casa, minha mãe tava sentada no sofá, falava com alguém por telefone, uma cara de braba e virou o rosto na minha direção.

Poderosa: É, ele acabou de chegar. - olhou pro relógio no pulso - Oito e meia da manhã, a farra foi boa né? - me olhou.

Roger: Foi, não vou mentir. - fechei a porta.

Poderosa: Então tá bom, meu bem, depois eu ligo pra você que eu vou ter uma conversinha com meu filhote… Tá bom, beijo. - desligou o celular e colocou o aparelho do lado dela - Senta aqui que agora é com nós.

Roger: Ihhh, qual foi do caô?

Poderosa: Tô sabendo o que aconteceu na Penha, sei que a Alana meteu a mão na cara da Belisa na frente de todo mundo e que o motivo é você.

Roger: Mãe.. - ela me cortou.

Poderosa: Eu vou te avisar e espero que tu entenda de primeira, não quero você de papo com a Alana nem em pensamento e não quero você com suas graças pra cima de Belisa. Não tenho nada contra ela, é uma boa menina, vi ela crescer e sei que ela é de família e muito responsável. Mas tu sabe como é o Índio e no lugar dele eu também não seria diferente. Tu voltou pro Rio, mas não foi pra me dar dor de cabeça porque se foi, eu te mando pra São Paulo de novo, te mando pra Marte se for preciso.

Roger: A senhora tá exagerando, eu não fiz nada e Alana que falou comigo lá, não dei moral não, mandei ela ralar e quanto a Belisa não fiz nada com ela não. A senhora também tem que parar de me tratar como se eu tivesse quinze anos ainda e fosse maluco!

Poderosa: Tô te alertando porque eu não quero confusão nem com a porra do meu padrinho de novo e nem com o pai da Belisa. Isso aqui não é brincadeira não, Roger, tudo que eu aguentei todos esses anos não foi e não é brincadeira. - falou séria.

Roger: Tá bom, mãe, tá bom. - cocei a cabeça.

Poderosa: Eu faço de tudo por você, te dou uma vida de príncipe se tu quiser, mas tu não me tira das graças que eu bebo teu sangue com gelo de maracujá.

Roger: Maracujá? - perguntei sem entender. Até uns anos atrás era gelo de côco.

Poderosa: É, porque já me dá sono e eu durmo sem ter que me lembrar que eu bebi teu sangue. - aquilo me arrancou uma risada sincera - Vai rindo.

Roger: Tá bom, dona Bárbara! Prometo fazer as coisas direito. - me ajoelhei na frente dela e beijei as mãos da mesma.

Poderosa: Roger, tu tá com uma cara suspeita e eu não tô gostando disso. Me conta aqui uma coisa, tu saiu com a Belisa não foi?

Roger: Se eu tivesse saído com a Belisa essa hora ela tava me acordando com um boquete sensacional e uma vista panorâmica daquele rabão enquanto o meia nove tava rolando. - soltei a mão dela e ela veio correndo atrás de mim.

Poderosa: Você me respeita, seu filho da puta e respeita a filha dos outros! - sentou a mão nas minhas costas e tacou o chinelo em mim quando eu subi as escadas.

Ela ainda é boa de mira, tá? Entrei no quarto com as costas ardendo. Tirei a camisa, tomei um banho e fui pra cama dormir.

[...]

Tava largadão no sofá, faltava vinte minutos pras quatro horas da tarde, eu já tinha tomado um banho, batido um prato de risoto de carne que a minha mãe faz, um copão de coca, a tv ligada e o jogo do Flamengo contra o Botafogo ia começar.

Raro: Entra aí, o puto tá em casa. - falou abrindo a porta - Aí ó, Rafinha quer falar contigo.

Rafinha: Coé, que maresia é essa? Jogão do Flamengo, os cara tá reunido e tu esperando a morte no sofá?

Roger: A não fode, tô cansadão. - dei risada e fiz um toque com ele.

Rafinha: Para de ser morto, veste o manto e bora assistir, tá lotadão mas sempre cabe mais um.

Raro: Bora moleque, sai de casa que tu não é decoração não. - sentou no outro sofá.

Roger: Chato abeça, tô afim não.

Rafinha: Mas tu vai, pô! Se fosse teus parente playba, tu ia.

Roger: Fofoca! Tu é falador e pra calar tua boca, eu vou brotar. Vou vestir a camisa, pera aí.

Levantei na força da preguiça, fui no meu quarto, peguei uma regata branca do Flamengo, me perfumei, botei a correntinha no pescoço, relógio no pulso e uma pulseira fininha. Fui no quarto do meu pai, minha mãe tava no décimo sétimo sono, peguei um chinelo do meu pai, calcei e saí saindo.

Roger: Vai não, coroa? - perguntei colocando minha carteira no bolso da bermuda.

Raro: Tô com sono, já já eu tô dormindo.

Roger: Minha mãe tá dormindo também, chega tá aberta na cama.

Raro: Folgada demais, já já eu ponho ela no lugar dela. - negou com a cabeça - Mete o pé e fecha o portão.

Roger: Já é.

Saí de casa, Rafinha tava me esperando do lado de fora e nós foi pro Jurandir, lá na Ary Leão. Tava lotadasso e geral presente, já cheguei cumprimentando todo mundo enquanto tava rolando o hino nacional.

— Nós queremos respeito e comprometimento, isso aqui não é Vasco, isso aqui é Flamengo! - geral cantou junto.

Sentei na mesa com os cara lá, quando eu olho pro outro lado, Belisa tinha acabado de chegar com uma amiga dela e tava no meio de outras mulher lá. Ela tava de baby look do Mengo, de sainha preta, até de óculos escuros ela tava.

Aí ela inventou de tirar o óculos e aconteceu do olhar dela encontrar com o meu. Eu pisquei pra ela e ela desviou o olhar, mas deu um sorrisinho.

O mesmo que ela deu quando sentou no meu colo ontem a noite, filha da puta.

Ai ai.. Não mexe comigo não, Belisa!

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora