Capítulo sessenta e sete.

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Roger.

Vários tipos de flores diferentes, várias rosas vermelhas, brancas. Várias pessoas que eu nunca vi na minha vida, do outro lado eu vi tia Diana e toda a tropa dos maiores de sessenta, incluindo tia Keila que apenas acenou pra mim. Eu cheguei a falar com eles, mas eles apenas sorriram e acenaram pra mim. Olhando mais a frente tinha uma cachoeira e a água bem cristalina. O vento gostoso batia no meu rosto e eu comecei a andar em direção a essa cachoeira até que eu parei em frente e fiquei admirando.

— Você parece um peixinho, sempre gostou de piscina, de praia, de água. - falou uma mulher ao meu lado.

Não era qualquer mulher, era dona Fabiana Imperatriz. Ela usava um vestido branco, o mesmo que ela foi sepultada, eu lembro bem, afinal eu fui ao velório e ao enterro dela. Esse vestido tinha uns detalhes em azul claro na gola do pescoço.

Roger: Vovó? O que a senhora tá fazendo aqui?

Fabiana: Vim ver você, aliás, viemos ver você. Não é, meu amor? - olhou pro meu lado e lá estava ele. Murilo brabão, de calça e camisa de manga na cor branca. Ele sorria de canto a canto e transmitia uma paz inabalável.

Como ele dizia, paz terrível na cabeça do bandido.

MK: É, vou falar que vocês tão demais. Nem depois de morto, eu e a sua vó tá tendo sossego! A gente tá tentando evoluir, mas tá complicado com vocês tentando ser um mais do que o outro. Que isso, não tá maneiro pra nós não, entendeu?!

Roger: Do que o senhor tá falando?

Fabiana: Roger, eu e o seu avô lutamos muito pra dar o melhor de nós pra todos vocês, principalmente pros nossos filhos e não tô falando de bens materiais. Mas sim dos valores, dos princípios e o mais importante: do amor de uma família. A gente não trouxe nada do que tínhamos porque aqui não cabe nada daquilo, mas a gente não consegue descansar em paz enquanto vocês tentam se matar a todo custo.

Roger: O pior até que já passou, vó! Acredite, a sua família não é fácil de lidar.

Fabiana: Eu sei, mas o que eu quero dizer é que vocês precisam se unir, entender que todo mundo é falho e os erros existem pra que se possa aprender com eles a sermos melhores. A gente tenta interceder, mas não podemos fazer tudo no lugar de vocês.

Roger: Então minha vida não acabou ainda?

MK: Não, porque a gente ainda quer sossego. A gente só tá aqui pra te transmitir uma mensagem, mensagem essa que você tá encarregado de transmitir pros nossos. O tempo vai passar e vocês vão ter que aprender a caminhar com as pernas de vocês sem colocar a gente no meio. Vocês precisam aprender a se perdoar de coração, vocês precisam aprender o que é ceder, o que é a verdadeira união.

Fabiana: Eu quero ver vocês felizes, se amando e se respeitando da mesma forma que era enquanto nós estávamos com vocês. Diga ao seu tio Paulo Henrique que Deus tá aqui pra julgar, que é pra ele procurar mais a palavra e saber interpretar e entender que ele não está acima do bem e do mal. Diga a todos que nós os amamos muito e para sempre.

MK: Juízo e até nem tão cedo, assim espero. - beijou minha bochecha e minha vó fez o mesmo do outro lado do meu rosto - Vamo preta, tá na hora de ir.

Roger: Bença vô, bença vó.

MK: Deus te abençoe, eu te amo.

Fabiana: Deus te abençoe, eu te amo demais e tô orgulhosa de você.

Assim eu acordei atordoado, suando mais do que uma panela de pressão. Me arrepiei da cabeça ao pé, foi surreal! Faz uns vinte anos que eles se foram e poucas pessoas da família conseguiram se dar ao luxo de sonhar com eles. Até onde eu sabia, só meu avô, minha mãe, Lala e tio Fabinho que tinham tido essa honra. Comecei a considerar como um aviso e se eles deram o papo, quem sou eu pra ignorar?!

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora