Capítulo dezoito.

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Roger.

Nada pode abalar a alegria do carioca depois de uma vitória do Flamengo e de uns amassos na morena. Depois de uns amassos na Belisa dentro do banheiro, pra abaixar meu piru tive que me concentrar no dia que eu me traumatizei vendo os meus bisavós fudendo na sala da casa deles.

Tem cena que a gente não esquece e essa tá no top três meu e dos meus primos. Geral viu, tia Gabriela até tentou dar uma explicação, mas depois da gente mais desenvolvido chegamos a conclusão do que tava rolando com eles aquele dia.

Vi quando ela foi embora, mas continuei bebendo uma com os moleque lá e o assunto era a Belisa. Só que o intuito era gastar a onda do Rafinha, fiquei tranquilo porque nego podia falar da beleza dela a vontade, mas quem ia atuar nela era eu.

Coquinho: Qual foi, cunhado? Não adianta bolar, um dia nós volta a ser da mesma família.

Rafinha: Só se Belisa fumar maconha estragada, só assim pra ela voltar pra tu! - rebateu.

Neguin: Coquinho vive preso no passado, tá vendo não?

Rafinha: Meu pai não quer Belisa com vagabundo não, então pode tirar da cabeça que não vai rolar.

Coquinho: E Índio tem querer onde?

Rafinha: Pergunta pro fuzil dele, aí ele te responde.

Coquinho: Para o amor não há barreiras. - disse sínico.

Neguin: O problema é quando a barreira é sete palmo de terra. - deram risada.

Neguin: Vai falar nada não, Rogin?

Roger: Vou, tô metendo o pé. - me levantei.

Rafinha: Ih, tá de tpm?

Roger: Vou cair lá pra Penha, tenho um assunto antigo pra resolver. - sorri de lado e levantei.

Rafinha: É loira ou é morena?

Roger: É azul.

Neguin: Carai Roger, a mina é um avatar? - dei risada junto com geral.

Roger: Acontece, acontece. - cumprimentei os três e botei cem reais na mão do Rafinha - Minha parte aí.

Rafinha: Aí sou teu parceiro e tu vai esconder o bagulho de mim?

Roger: Deixa o bagulho acontecer pô, se nada der errado, um dia tu descobre.

Eu não ia falar pro cara que eu ia sair com a irmã dele, né?

[...]

Raro: Vai sair? - passou por mim no corredor e me olhou dos pés a cabeça.

Roger: Vou dormir fora hoje, amanhã eu tô aí. O senhor libera o carro?

Raro: Vai lá buscar, tá na garagem da casa da tua avó lá. - se referiu a mãe dele - A chave tá lá embaixo.

Roger: Cadê minha mãe?

Raro: Tomando banho, mete o pé que se não ela vai querer saber até o CNPJ da mulher. - falou encostando a porta do quarto.

Roger: Tá tranquilo, então avisa pra ela.

Raro: Juízo e qualquer coisa, me aciona. - me abraçou e desceu comigo até a sala.

Peguei a chave do Civic, a chave da garagem e meti o pé pra lá. Como eu ainda tava com tempo, conversei um pouco com a minha avó paterna e quando deu quinze pras dez da noite, mandei mensagem no direct da Belisa avisando que eu já estava indo pra NH.

Atravessei pra lá, fui parado e os moleque fez maior interrogatório, tive que falar que eu era sobrinho do homem e esperar falar ele confirmar com o meu tio. Ainda nego teve a audácia de me ameaçar, se eu não tivesse falando a verdade eu ia entrar na bala.

Agora tu vê… Vou mentir pra quê?!

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— Qual foi, menor? - era a voz do meu tio.

— Aí patrão, tem um maluco aqui falando que é teu sobrinho, só que não tô lembrado desse não, entendeu? - parou do meu lado.

Tio Carlos tinha mais irmãos, mas por parte de pai. Meu pai era irmão dele apenas por parte de mãe, então o velho tinha sobrinho pra caralho por aí.

Carlos: E tu não sabe perguntar o nome do moleque não? De quem que é filho?

Roger: Roger Murilo de Carvalho Falconi Calassa. - falei logo o nome todo pra ficar ciente.

Carlos: Libera o moleque! É filho do meu irmão.

Roger: Depois eu broto aí, tio!

Carlos: Já é, tá tudo bem por lá né?

Roger: Tá sim, valeu.

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Levantei os vidros e fui lá pra casa da Paula, pelo menos foi o endereço que a Belisa me deu. Chegando lá, buzinei e com cinco minutinhos Belisa apareceu pronta.

De vestido tomara que caia azul escuro, cabelo solto.. Porra! Só pensei sacanagem mesmo. Deus que me controle pra eu não fazer besteira dentro do carro.

Paula: Sabia que era o poderosinho. - falou da janela.

Belisa: Não liga, ela é maluca. - falou fechando a porta - Vai dormir, garota.

Paula: Poderia tá indo dormir melhor, mas sabe como é que é né? Tem que ajudar as amigas.

Roger: Depois te dou uma moral, Paula. - gritei com a cabeça pra fora da janela.

Paula: Qualquer homem solteiro, vai avisando. - deu risada e eu fiz beleza com a mão.

Eu podia pagar de maluco e levar Belisa direto pro motel, mas aí não seria eu. Então levei ela pra comer um japa lá na zona sul, pra conversar um pouco mais longe da favela e das fofoca que sempre rende.

Nós falou de tudo, enquanto bebia um vinho e comia tranquilamente.

Belisa: E tu voltou só agora por causa de quê? - falou mergulhando o salmão no shoyu.

Roger: Pra te ver, acredita? - dei um gole no vinho.

Belisa: Nem tu acredita nisso, cara! - nós rimos.

Roger: Saudade de casa, pô! Saí daqui novão, lá em São Paulo a minha rotina era outra.

Belisa: Muita farra?

Roger: Farra de menos! Brotei poucas vezes pelos bailes de lá, farrar mesmo só quando eu descia pro litoral.

Belisa: Imagino, tu sempre foi perturbado.

Roger: Eu gosto da minha tia, mas o pique da casa da minha mãe é diferente. Ela não vai ligar se eu chegar oito e meia da manhã, já minha tia é capaz de surtar.

Belisa: Hm e não deixou ninguém por lá?

Roger: Deixei umas fãs, mas nada que eu me importe! Passado é passado.

Belisa: No teu caso depende né? Tem um passado que te ronda e que inclusive deu na minha cara.

Roger: Alana foi meu desvio de conduta, mas já passou e até te peço desculpa.

Belisa: Desculpa por causa de quê? Quem aprontou foi ela.

Roger: Foi desnecessário.

Belisa: Águas passadas!

Roger: Teu passado também não te tira da cabeça, sabia? Coquinho ainda tá disposto em te ter de volta.

Belisa: Nada que eu me importe. - me olhou com uma cara de demônia - Quem gosta de traficante é cadeia.

Roger: Bocuda tu né? Teu pai também é da classe.

Belisa: É, mas eu não sou a minha mãe e o meu futuro não vai ser visitando macho em Bangu.

Roger: Tá certa. - balancei a cabeça positivamente - Quer mais alguma coisa?

Belisa: Pede a conta, tô afim de outros ares. - sorriu e ali já peguei a maldade no ar.

Roger: Pô, adivinhou meus pensamentos.

Olha aí o vinho fazendo efeito.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 4Onde histórias criam vida. Descubra agora