Alana.
Acordei com a claridade da luz branca na minha cara, papo de desconforto por algumas partes do meu corpo e principalmente pelas minhas costas. Parece que o remédio é água, tá maluco, efeito é mínimo e se nego soubesse o quanto eu detesto a porra da dor, já tinha me sedado de novo.
Jetta deu molinho e eu aproveitei a oportunidade pra correr, não queria morrer na mão dele, então quando ele me fez subir pra laje, eu saí correndo e pulando de laje em laje pro mais longe possível, não deu outra, tomei bala e depois que eu caí eu não me lembro de porra nenhuma mais.
Eu tô numa UTI, mas a UTI mais reservada do que as comuns, só tinha três camas e por ironia só tinha eu. Presumo que eu tenha sido trazida pra ala onde só vem os traficantes do comando, até porque é mais fácil pra minha família ter acesso.
Falando em família, minha mãe entrou junto com o Atacante e eu fiquei feliz em vê-los, mas acho que eles nem tanto assim, pois seus rostos estavam longe de transparecer felicidade. Talvez tenha sido o susto ou realmente aconteceu alguma coisa com o pessoal, já comecei ficar preocupada.
Gabriela: Graças a Deus você acordou, princesa. - se aproximou de mim, acariciou meu rosto e deu um beijo em minha testa - Tive tanto medo de perder você.
Alana: Ai mãe e vaso ruim lá quebra? - brinquei. Pelo tanto de dor, posso imaginar que eu quase fui de ralo, isso sim. - sorri - E aí, gato, muita saudade de mim? - olhei pro Atacante que estava do lado oposto da minha mãe.
Gabriela: Não brinca desse jeito, tá repreendido em nome de Jesus, minha bebê. - acariciou o meu braço e segurou as lágrimas.
Atacante: Muita saudade, sua abusada. - me deu um selinho e um cheiro nos meus cabelos - Kaíque até adoeceu logo depois que tu foi sequestrada. - abri olhão - Mas calma, ele já tá melhor e eu vou ligar pra minha mãe pra vocês se verem.
Alana: Quem é que tá tomando conta dele, Wellington? - perguntei preocupada.
Atacante: Minha mãe, fica tranquila que ela tá cuidando bem dele. - sorriu fraco.
Alana: Mas também é só uns dias, logo logo eu saio daqui direto pra casa e aí ela volta pra rotina dela, porque ela tem as coisas dela. - respirei fundo - Não vejo a hora de ver meu pestinha, dessa vez eu vou levar ele pra praia querendo você ou não, tá?
Atacante: É, eu sei que sim, patroa. - sorriu, mas foi um sorriso que não era verdadeiro nem aqui e nem na China.
Alana: Mas que cara é essa de vocês? Poxa, parece que não tão feliz em me ver viva. Aconteceu alguma coisa? - olhei pra ele e pra minha mãe que botou a mão na boca pra chorar - Foi alguma coisa com meu pai, com meu irmão, alguém da família?
Atacante: Não, tá todo mundo bem, ninguém se machucou a não ser você. - segurou minha mão.
Alana: Se eu não morri, eu tô ótima. - sorri - Já já eu saio daqui, vou me recuperar maravilhosamente bem e eu juro que eu vou jogar o cu pro alto no baile até o dia amanhecer.
O médico entrou acompanhado de outro médico, eles cumprimentaram o Atacante e a minha mãe que estava muito nervosa e não falou mais um a pra mim, mas se manteve parada ao meu lado.
— Oi Alana, eu sou o doutor Eudes, realizei a sua operação e eu vim ver como você está. Tá sentindo alguma coisa?
Alana: Eu tô sentindo dor em algumas partes aqui nas costas, tô me sentindo meia lenta ainda, mas deve ser a anestesia, não é? Vou falar pro senhor, essa é da braba porque até agora eu não tô sentindo nem minhas pernas. - dei risada - Essa é mais potente que cinco das de dez que meu pai vendia, mas logo logo vai passar e eu vou estar cem por cento.
— Ela ainda não sabe? - o outro médico perguntou e minha mãe negou com a cabeça.
Alana: Ué, o que é que eu não tô sabendo? - olhei pra ele e em seguida olhei pro Atacante.
Eudes: Alana, você deu entrada aqui no hospital em estado grave, foi levada pro centro cirúrgico e a gente fez a retirada dos projéteis que ficaram dentro de você. Um desses projéteis atingiu a sua coluna e comprometeu a sua capacidade de se movimentar ou sentir as pernas. - falou calmamente.
As palavras dele entravam na minha mente em delay, por mais carinhoso que ele possa ter sido nesse momento, eu estava entendendo bem o que ele quis dizer, eu só não quis aceitar de primeiro momento. Como assim eu tô paraplégica?
Alana: O senhor tá me dizendo que eu tô aleijada? Que eu nunca mais vou andar e vou viver presa a uma cadeira de rodas, é isso? - abri olhão e tentei levantar.
Atacante: Calma, Alana. - me impediu.
Alana: Calma? Que calma o quê, Wellington? Tu tá ouvindo o que ele tá dizendo? Doutor, por tudo o que o senhor mais ama nessa vida de cão, me diz que eu não entendi direito o que o senhor disse. Eu tô paraplégica? - perguntei desesperada, crente que ele ia dizer outra coisa.
Eudes: Infelizmente Alana, nesse momento você se encontra paraplégica e a paraplegia consiste em perda dos movimentos das pernas e dos pés.
Minha mãe tornou a se abraçar com o Atacante, os dois começaram a chorar e eu entrei em estado de negação. Eu comecei a tentar fazer força com os dedos dos meus pés, fazer força pra dar um chute pra provar que eles estavam enganados, mas todos os esforços que eu fiz foram em vão e aí o desespero tomou conta e aí eu soltei o que o coração sentia.
Alana: NÃAAAAAAAAO, EU NÃAAAAO ACEITO, É MENTIRA, DOUTOR VOCÊ É INCOMPETENTE. - respirei fundo - MÃE, ELE FEZ MERDA NA MINHA CIRURGIA, ELE ACABOU COM A MINHA COLUNA, WELLINGTON, FAZ ALGUMA COISA. - gritei e tentei me levantar mesmo com dor.
Atacante: Alana, por favor, não faz assim. - me fez deitar novamente e eu gritava de desespero, chorei igual criança.
Alana: Ele me deixou inválida. - falei chorando desesperadamente - Ele me destruiu, Wellington, eu não posso mais andar. Meu Deus, eu sei que eu tenho meus pecados, mas PORQUÊ DEUS? - gritei.
Gabriela: Princesa, o que realmente importa pra nós é que você tá viva, meu amor. - se aproximou de mim, chorando muito também e me encheu de beijo.
Alana: Pois eu preferia ter morrido, mãe, era melhor do que viver dependente de vocês de novo! - o desespero deu lugar ao ódio.
Atacante: Não fala besteira, amor, não é assim que as coisas vão se resolver.
Alana: Fácil falar quando não é no cu de vocês, vocês tão aí em pé e eu? Eu vou ficar presa pro resto da vida a uma cadeira de rodas, dependendo de um e de outro pra fazer coisas que eu fazia sozinha. Como é que eu vou cuidar de Kaíque desse jeito, Wellington?
Atacante: A gente vai encontrar jeito, mas agora a gente tem que pensar em você.
Alana: Que jeito, filho da puta? Eu não posso mais andar, será que tu ainda não entendeu ou tá se fazendo?
— Alana, você ainda vai ser submetida a outra cirurgia pra descompressão das suas vértebras entre hoje e amanhã. É importante que seja feita, pra gente poder tentar reverter esse quadro seu. - o outro médico falou.
Alana: Reverter? E porque já não fez essa droga quando me abriram? - abri olhão - Quer saber de uma coisa? Que se foda, eu não quero ver ninguém, eu quero ficar sozinha!
Gabriela: Alana… - a interrompi.
Alana: SAI TODO MUNDO DAQUI, SAAAAAAAAAAAAAAI. - gritei que acho que até a voz falhar.
O médico olhou pro outro e logo saiu voltando com uma enfermeira. Mesmo assim eu continuei expulsando todo mundo dali, comecei a me debater pra não deixar ela me dopar, a desgraçada não se dobrou, Atacante me segurou e ela fez o nome dela. Dali eu fui sentindo cada vez menos o controle de mim, até meus olhos fecharem completamente.
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DO JEITO QUE A VIDA QUER 4
FanfictionFabiana e Murilo morreram e seus familiares se afastaram após uma briga. Será que um dia a família Falconi volta a ser como antes?