Capítulo 40 - Humbert Humbert sete

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O ônibus caiu no caos total. Alguns alunos gritavam “Depressa!” Alguns gritavam “Srta. Hu!” O agressor de olhos arregalados enfiou a faca no estômago de Hu Lingling. Para Hu, a vida tinha sido boa e bastante tranquila até aquele ponto. Ela nunca teria imaginado que existisse uma dor tão insuportável neste mundo. Ela desabou no chão. Todas as forças escaparam dela. Seus olhos estavam fixos na porta entreaberta do ônibus, rezando para que fechasse e o ônibus fugisse.

A chave do ônibus ainda pendurada ao lado do volante, aparentemente esquecida pelo infrator. O motorista segurava o câmbio na mão. Ele poderia fechar a porta com um simples toque de um botão. Ele era experiente. Ele era capaz. Ele poderia colocar a engrenagem no lugar em um segundo e dirigir para longe de tudo isso... certo?

Não exatamente.

O motorista Han Jiang parecia horrível. Seu corpo parecia muito rígido para se mover. Ele sentou-se e gritou para o agressor: “Pare!”

Hu Lingling não conseguia mais falar na hora. Ela continuou balançando a cabeça desesperadamente para Han Jiang, esperando que o motorista pudesse deixá-la e ir embora. No entanto, no momento seguinte, ela ouviu as palavras mais arrepiantes saindo da boca desse homem honesto: “Não era só pelo dinheiro? Que diabos vamos fazer se você matá-la?”

Hu Lingling sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem.

Nesse ínterim, a cortina do canto traseiro do ônibus foi levantada pelo vento noturno. Com a ajuda da cortina ondulante, a garota de vestido floral silenciosamente se esgueirou para trás e deslizou pela janela do ônibus. Como um gatinho esguio, mas ágil, ela pousou na grama lamacenta sem que ninguém percebesse

Interrompido, o agressor jogou furiosamente a faca para o motorista, se abaixou para agarrar Hu Lingling pelos cabelos e começou a atacá-la.

Os olhos de todos foram atraídos para a violência horrível. A tempestade uivante e os gritos da mulher cobriram os passos da garota; a noite sem estrelas tornou-se seu aliado. Ela evitou os faróis do ônibus e correu na direção oposta.

Não havia uma única alma respirando no caminho tortuoso da montanha. Sem luz, sem sinal. As sombras das rochas e das árvores saltaram sobre ela enquanto corria, como monstros espreitando na escuridão. Ela não sabia dizer para onde estava indo e não ousou olhar para trás. Até mesmo seus próprios passos a assustavam – soavam como se alguém estivesse perseguindo suas costas.

Ninguém jamais a ensinou o que fazer sob tais circunstâncias no deserto. Tudo o que ela podia fazer era continuar correndo –

De repente, os olhos da garota foram cegados por um forte flash de luz. Seus nervos frágeis estavam à beira de explodir. Para ela, os homens eram tão assustadores quanto fantasmas agora. Assustada, a menina tropeçou em uma pedra e caiu: “Ah---”

Um carro guinchou e parou ao lado dela. Suas orelhas estavam latejando e todo o seu corpo rígido.

Nesse momento, ela ouviu uma voz muito nítida e doce dizer: “Papai, é um animal pequeno? É um cordeiro?”

A voz daquela jovem a libertou do pesadelo sufocante. Seu coração batia como um tambor. Ela ouviu passos suaves se aproximando. Um homem apareceu na frente dela, segurando um guarda-chuva.

Ele parecia gentil e bondoso. Ele não deve ser uma pessoa má.

Ela gritou: “Tio, ajuda!”

Seu vestido floral estava coberto de lama. Seu joelho foi rasgado. Uma das unhas do dedo do pé foi quebrada pela pedra e sangue estava por toda parte. O homem olhou para ela, então gentilmente a pegou e segurou em seus braços.

Silent Reading (Mò dú By Priest) [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora