Mia
Decidi ir ver minha mãe hoje, pois senti um pouco de saudades dela. Me sinto uma filha horrível por não visitá-la quando eu posso.
Vôo até o castelo do meu padrasto barra avô, pouso no terraço e fecho minhas asas bicolores. Caminho entre os cômodos procurando a minha mãe e paro ao escutar alguém falando meu nome em uma das salas.
Vou até a porta e encosto meu ouvido, fico parada tentando não fazer muitos movimentos para não ser percebida.
Dantalion —eu não tenho nada mais a dizer sobre esse assunto— a voz do meu padrasto parece séria.
Dagon —você vai me dizer sim porque os anjos falaram o nome da Mia, o que ela tem a ver com isso tudo que está acontecendo no inferno.— pela voz está bravo.
Dantalion. —....... Isso tem a ver com ela sim, mas não sei o porquê disso.— fico sem entender o que eles estão falando.
Dagon —você é um péssimos rei mesmo, se as coisas estão ruins você deveria tentar arrumar, mesmo ela sendo sua afilhada o inferno deveria estar em primeiro lugar.— estou começando a ficar com ódio dele, não entendo o que eles estão conversando, mas....
Dantalion —então vamos dizer que eu escolha ser um rei que deixa o inferno acima de tudo, Mia teria que morrer para ver se as coisas voltam ao normal e você morreria junto com ela pois sua vida pertence a ela.
Dagon —todos nós vamos morrer se o inferno continuar assim, as almas estão desaparecendo, nosso principal alimento vai acabar logo depois de ter conseguido resolver esse problema a décadas atrás.— diz mais brava.
Dantalion —esta mesmo dizendo isso? Desde quando parou de ser egoísta?
Dagon —vou morrer do mesmo jeito, esse é o ponto. Se não tem outro jeito a melhor coisa a se fazer é mata-la. Se não consegue fazer isso por causa da sua esposa é um covarde, pois tenho certeza que não gosta dela, demônios não esquecem traições, ainda mais os frutos delas.
Só caio para trás pois a porta é aberta bruscamente, só toco na minha testa pois bati ela. Olho para frente e vejo que os dois estão me olhando meio que surpresos.
Dantalion —ouviu né?— pergunta me olhando sério.
—é....
Dagon —não faz diferença se ela ouviu ou não.— diz passando por mim, ele só vai embora sem nem falar comigo, mais que filho da puta mal amado.
Dantalion —vem vamos conversar.— diz me olhando.
(...)Eu ainda estou tentando entender o que eu tenho a ver com o fato do céu e o inferno estarem enfraquecendo...
Saber disso está me deixando com um peso enorme nas costas, medo e aflição também, se eles não acharem uma forma terei que ser morta, não quero morrer cedo, é ainda mais triste e deprimente morrer sendo virgem, mas não é como se eu fosse chorar e lamentar por causa disso.
Só fico sentada no sofá da sala de estar do castelo enquanto minha mãe fica a me olhar.
Sarah —você está bem?— pergunta me olhando preocupada.
—não tenho resposta para isso.— falo sem encarar ela.
Sarah —flor, o Lion não vai machucar você, vai achar outra forma de resolver as coisas.— diz me olhando com um sorriso confiante.
—sim, ele vai fazer isso por você, a mulher que ele ama e que espera um filho de sangue dele. Todos me odeiam por existir, até mesmo o ser que deveria me proteger quer que eu morra sem se importar com a própria vida.— falo normalmente com raiva de tudo.
Sarah —nos vamos dar um jeito, as mulheres da família nunca desistem fácil.— diz me olhando diretamente.
—acho que vou ir embora, preciso falar com o Arael sobre tudo isso e...
Sarah —já pensou na possibilidade de ele saber disso? Deveria pensar mais antes de confiar completamente nele, anjos sempre fazem o que é certo, mesmo você sendo mestra dele.— diz e eu olho para seu rosto pois não esperava essa fala dela.
—eu entendo, mas dizer para eu desconfiar de um anjo é diferente.
Sarah —eu confiava na minha sombra até ela começar a me vigiar.— acho que isso tem alguma coisa a ver com o marido dela e tal.
—eu preciso relaxar.— falo colocando a cabeça para trás no sofá.
Sarah —por que não vai na termal do castelo, a água é quentinha naturalmente.— talvez eu precise disso, pelo menos uma vez na vida.
—vai tomar banho comigo?— pergunto e ela fica em silêncio.
Sarah —não posso, tenho que pegar o exame para saber o sexo do bebê.— diz alegre.
Com certeza minha morte não vai doer tanto nela por causa da criança que está esperando, isso até que é bom, não quero que ela sofra.
—espero que seja menina.— falo e ela fica me olhando de forma estranha.
Sarah —por que? Você nunca gostou de usar vestido nem te se maquiar, não imagino você fazendo isso em uma criança.— pergunta me olhando.
—é porque se for garoto vou ter inveja dele, nunca vai ter passado pelo sofrimento da cólica, tpm, menstruação etc.— falo e ela só respira fundo para não se irritar, logo abre um sorriso.
Sarah —as vezes eu acho que criei um menino e não uma menina.— diz se levantando.
—mas eu não uso roupa masculina e nem gosto de mulher.— vejo que ela me olha como se eu estivesse mentindo, mas só respira fundo e deixa para lá.
Sarah —não, mas queria.— diz saindo do quarto.
Minha mãe parece me entender mais que eu mesma as vezes, preciso voltar para casa e ter uma boa noite de sono, relaxar e esquecer o dia de hoje, que a culpa por todo caus que está acontecendo agora é minha, espero não ser a causa pelo menos.
Por que minha vida não pode ser normal como a de todo mundo? Sempre tem algo que atrapalha ou algo ruim acontece, estou cansada disso, quero descansar, quero ter um pouquinho só de paz pelo menos, mas acho que isso é pedir demais.
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Meu Problemático Demônio
RomanceMia Nasci com uma destinação diferente, uma ligação de mestre e servo. Descobri quando criança que tenho um servo demônio, tudo seria normal se não tivesse que viver com ele no inferno, o pior é aturar o ódio dele por mim. (Continuação de Sequestra...