Mia
Acordo desorientada e com muita dor de cabeça, tem um vento bem forte batendo em minha pele, me levanto e sento no colchão, noto que a cama que estou é suja e parece pedra, olho o lugar, as paredes são de pedra, está cheio de teia de aranha e o cheiro é horrível, parece que algum animal morreu aqui.
Coloco meus pés no chão gelado e me levanto ainda sonsa, estou com os pés descalços, começo a caminhar devagar enquanto tento lembrar de qualquer coisa, mas nada passa pela minha cabeça.
Vou até uma janela aberta e vejo que estou no topo de uma torre em um lugar que só tem floresta em volta.
Quem sou eu? Qual meu nome? O que estou fazendo aqui?
Todas essas perguntas não saem da minha mente, olho para minhas costas por sentir um incomodo e vejo asas bicolores, preta e branca, mas estão presas com algum tipo de tranca para eu não conseguir abrir, vou até um espelho e fico me olhando.
—meu cabelo é preto, tenho olhos azuis e lábios bem rosados quase vermelhos— falo ouvindo minha própria voz suave.
Tem uma gargantilha no meu pescoço que tem uma fechadura, não consigo tirar.
Vejo uma porta logo a frente, tento sair, mas está trancada, forço o máximo que eu posso, mas não consigo nem mexer ela.
Fico rodando pelo quarto e vasculhando as coisas, meu instinto parece me forçar a fazer isso, quando levanto um pouco o colchão vejo um colar e um papel escrito.
Pego o bilhete e fico olhando a caligrafia, parece tão familiar, o estranho é que consigo ler, mas não lembro de ninguém e nem de ter sido ensinada.
Bilhete
Eu não sei como escrever uma mensagem para mim mesma, mas não é a primeira vez que estamos aqui, também parece que não vai ser a última, estou tão confusa quando você deve estar agora por acordar sem memória novamente.
Um homem de cabelo preto e orelhas pontudas nos prendeu aqui dentro como se fossemos uma Rapunzel, o nome dele é Atalus, ele apaga nossas memórias sempre que começamos a lembrar da nossa vida de verdade, nos trata mal se não obedecermos a ele, e é dócil quando fazemos o que quer.
Temos poderes, mas a gargantilha bloqueia eles, precisa convencer ele a tirar, finja que o ama até.
Eu nem sei mais a quanto tempo estou aqui, ele se faz de amigo próximo, usa a gente para entreter ele, vai parecer um príncipe quando aparecer, mas não confie nele, não se apague a ele, não se apaixone por ele, e o mais importante, não durma jamais com ele.
O colar está vivo e pode explicar a situação inteira para você, mas precisa recarregar ele antes, faça ao dia pois ele só te visitará a noite.
Vai começar a lembrar daqui a um mês e quando isso acontecer vai apagar tudo novamente, estamos aqui a mais de um ano eu acho, não tenho certeza nem de quantos fazes nossa memória foi apagada, tem um diário na escrivaninha da primeira fez que ele apagou a nossa memória, sinto nojo por lembrar, finja que não leu isso, mas não confie nele.
Assinado: MiaEntão meu nome é Mia? Estranho, pensei que esse fosse o som que o gato faz.
Tudo é tão inacreditável, mas eu tenho asas e presas na boca.
Escuto um som na porta, vejo ela começar a abrir, pego um ferro para defesa pois pode ser alguém mau, vejo um homem de cabelos pretos, ele é bronzeado e bem bonito.
—quem é você, o que estou fazendo aqui?— pergunto pois estou completando confusa.
Atalus —meu nome é Atalus, estou aqui para cuidar de você, ajudá-la.— só solto a barra de ferro como se meu corpo tivesse feito isso sozinho.
—o que você quer te mim? Se deseja me ajudar me explique por que não lembro de nada, quem são minha família? Todos tem uma não é?
Atalus —você não tem família, é órfã, você bateu a cabeça e perdeu a memória, sou seu marido, a única pessoa que você tem.— diz olhando diretamente nos meus olhos.
—qual meu nome?— pergunto começando a desconfiar da carta.
Atalus —seu nome é Mai.— estranho, parece Mia ao contrário.
—qual a minha personalidade? Quando nos conhecemos, quando me pediu em casamento?— pergunto ficando cada vez mais confusa.
Atalus —você é curiosa, astuta e bem esperta, nos conhecemos no meio do nada e me apaixonei perdidamente por você.— diz tocando em meu rosto, sinto um pouco de desconforto com isso.
—porque estou presa nessa torre?— pergunto ainda desconfiada.
Atalus —você está sendo perseguida por um demônio de cabelos castanhos, é melhor ficar aqui, demônios são extremamente perigosos, só quero que fique segura.— não vejo mentira, pois a voz não tremeu nenhuma vez.
(...)Ele me trouxe comida e penteou meus cabelos, ficou me olhando sem tirar os olhos por muito tempo antes de sair ao amanhecer.
Caio na cama, fecho meus olhos e tento forçar qualquer lembrança, uma coisa passa em minha mente, nomes....
—quem é Dagon e Arael?— vou até a escrivaninha procurar o tal diário, mas não acho nada.
Estou trancada nesse lugar cheio de ratos e baratas sem o mínimo...
Dagon
Quando a Mia foi embora para fazer a troca com o rei dos elfos da noite ela quebrou a destinação e no mesmo momento parei de sentir.
Não estava mais conseguindo sentir nada, nem mesmo raiva ou carinho por minha filha, eu tinha esquecido completamente como era ser vazio por dentro.
Eu não deixei de procurar a Mia, acabei pedindo para Lúcifer criar uma alma para mim, pois precisava sentir e entender o que realmente sentia por ela, também porque minha filha não pode simplesmente ser criado por um demônio sem alma sendo que ela tem uma, queria saber se o que sentia pela pirralha era amor ou só interesse, no final todos os sentimentos caíram em cima de mim como uma bomba, arrependimento, sofrimento, a dor da morte da minha falecida esposa, a pouca alegria que Mia me trazia quando me infernizava no inferno.
Mesmo com sentimentos eu me sinto meio vazio, sinto falta da pirralha idiota que adorava me chamar de servo, demônio maldito, castanho e carneiro.
Dantalion uniu os demônios mais fortes para invadir o reino e pegar a neta dele de volta, mas não tinha nenhum sinal da Mia lá, tinha um corpo de uma mulher na altura da Mia que foi queimada, mas não acredito ser ela, eu ainda vou procurá-la, nem que seja para me despedir do seu verdadeiro corpo.
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Meu Problemático Demônio
RomansMia Nasci com uma destinação diferente, uma ligação de mestre e servo. Descobri quando criança que tenho um servo demônio, tudo seria normal se não tivesse que viver com ele no inferno, o pior é aturar o ódio dele por mim. (Continuação de Sequestra...