Mia
Só volto para o castelo meio deprimida com a vida, nada da certo nela.
Passo pelo corredor querendo ir para o meu quarto, mas escuto o choro do meu irmão recém nascido no quartinho dele.
Vou até lá e vejo meu irmão chorando sem parar no berço, mas ninguém está aqui para ver o motivo do choro.
Pego meu irmão no colo por não aguentar ver ele agoniado chorando sem parar, vejo que logo ele para e fica olhando a minha cara.
Lilith —eu não acredito que você pegou ele, era para deixar chorar até parar, agora vai ficar viciado em colo.— acho que isso é uma forma cruel de desapegar a criança do colo.
—eu tenho um pouquinho de pena, queria saber como é que você deixa ele chorar sem parar sem sentir nada com a agonia do garoto.—falo e ela continua com o mesmo que olhar.
Lilith —sua mãe e o marido não dormem a uma semana já que esse bebê parece não precisar descansar, e quando descansa é no colo dos pais.— nesse caso ela tem razão, meu irmãozinho precisa aprender a ficar sozinho.
Coloco ele no berço e logo ele volta a chorar agoniado, coitadinho....
Lilith —pode ser um pouco cruel fazer isso, mas aqui é o inferno e se ele for fraco e apegado aos pais vai morrer rápido.— pior é que eu não duvido nada que até mesmo a realeza possa ser morta.
—imagino que minha mãe e meu padrasto estejam dormindo.— falo e ela só senta na poltrona perto do berço enquanto o bebezinho chora, ela nem liga, parece estar acostumada.... Óbvio que ela está né, tem mais filho que sapatos, as vezes eu esqueço disso.
Lilith —acho que estão fazendo amor ou transando, tem que aproveitar que o carrapatinho saiu das costas deles.— ela acabou de chamar o neto de carrapato? Pior é pensar que ela provavelmente deu esse apelido de um jeito carinhoso.
—qual é o nome dele mesmo?— pergunto pois esqueci de perguntar com tanta coisa na cabeça.
Lilith —insinuou que eu sou sem coração, mas nem sabe o nome do seu irmão.— diz e eu fico meio sem jeito.
—eu....— fico sem saber o que falar e ela só respira.
Lilith —foi brincadeira, eu já esqueci o nome da metade dos meus filhos que já morreram ou que nasceram por último. O nome do seu irmão é Asura, Lion escolheu para mostrar que vai ser forte.
—o que vai acontecer se ele não for?— pergunto e ela apenas fica um tempo em silêncio.
Lilith —se não for forte para assumir o trono do Lion vai ser jogado para escanteio.— o que ela quis dizer com isso? Melhor deixar para lá.
—acha que o Lion um dia perdoa meu pai, não precisa perdoar só não tentar matar todo vez que o vê.— falo e ela ri.
Lilith —não faço ideia, mas o fato do Aron ser o primeiro filho dele deve irrita-lo, pois consequentemente é o herdeiro por ser primogênito, mas como não existe provas— Como assim não existe provas, meu pai é a cara dele.
—então não existe perdão?— pergunto e ela só olha para minha cara.
Lilith —me responda na sua opinião, vamos supor que você acabe tendo um caso com o Arael, vocês se apaixonam e começam a ter uma relação, aí você engravida, seu parceiro acaba morrendo de forma trágica, sua criança morre ao nascer, você não conseguiu ver o corpo e nem quis saber o sexo também. Anos se passam, você se apaixona pelo Dagon, vocês estão perdidamente apaixonados e já se casaram, mas aí chega uma garota na história que depois você descobre ser sua filha, ela começa a dar em cima do seu marido e eles acabam dormindo juntos por causa da raiva que ele estava de você não querer ter filhos com ele, você descobre e fica ainda pior por saber que ela está grávida do filho que seu marido tanto desejava, seu marido pedi perdão e diz que te ama, você ainda o ama muito e decidi perdoa-lo, você recebe ele e o fruto da traição na sua casa, mas depois de anos sua filha volta pedindo perdão pelo que fez, você perdoa?— eu fiquei traumatizada com a suposição dela, ela seria uma ótima escritório de livros com reviravolta e drama.
—eu não sei, não consegui imaginar tudo que falou...— digo me sentindo incomodado por ela ter incluído nomes conhecidos a suposição.
Lilith —já tinha esquecido de te falar, precisa pingar um pouco do sangue do Arael no colar para ele começar a funcionar, quando quiser tirar ele é só pingar um pouco do seu.
—certo...— paro de falar ao notar que o meu irmãzinho parou de chorar e dormiu.
Lilith —viu, sempre funciona.— diz olhando o neto a dormir.
—tenho que ir, até outra hora vó.— falo fugindo antes que ela comece a falar coisa estranha.
(...)Ouso alguns gemidos quando passa pela porta do quarto da minha mãe, passo direto fingindo que não ouvi nada...
Entro no quarto do Arael e vejo ele só de cueca box, parece estar se preparando para tomar banho, fico instantâneamente vermelha.
—eu sinto muito mesmo, deveria ter batido na porta.— falo me virando.
Arael —tudo bem, eu não me importo mais.— diz parecendo forçar um sorriso, ele parece deprimido, fico olhando para a asa dele quase totalmente preta, só tem umas 7 penas que ainda continuam brancas.
—eu preciso do seu sangue para colocar no colar, assim não preciso ficar próxima de vocês e os mundos ficaram em equilíbrio.
Arael simplesmente pega uma faca em cima da mesa e corta um pouco a mão, deixa o sangue cair no colar que de vermelho vai para roxo, faço o mesmo e a cor fica violeta. Sinto minha cabeça rodar por alguns segundos, mas logo volta aí normal.
—obrigada.— falo me preparando para sair.
Arael —esta com ódio de mim não é?— diz me olhando nos olhos.
—decepcionada, mas não com raiva. Eu meio que perdoei o Dagon mesmo ele tento tentado me matar, você não fez isso. Deve estar sofrendo pelo seu próprio povo ter atacado você, eu não te odeio e não vou afastar você, é meu servo e nossa conexão sempre será mais forte que toda relação nesse mundo.— nossa, não sabia que essas palavras podiam sair da minha boca.
Vejo que Arael só passa a mão no meu rosto e fica me olhando de forma intensa, só engulo seco quando ele me para na parede.
(*****—vai mesmo deixar ele de prender contra a parede e te beijar? Você sabe que ele está semi nú, vai que o negócio dele levanta e encosta em você, seria agoniante.) Escuta a voz na minha cabeça e levo um belo susto, vejo que Arael se afasta quando percebe isso.
Mas que porra é essa?! Será que estou ficando louca? Só pode.
(*****—sou a alma dentro do colar, fui ativada para te dar concelhos e porque para esse tipo de feitiço precisa de uma alma de uma jovem que morreu virgem) só saio do quarto do Arael para ele não pensar que estou louca ou algo tipo.
Meus Deus, fizeram um sacrifício humano por minha causa...
(Colar— não sua lerda, e eu me achando burra quando era viva. Só roubaram uma alma que estava destinada ao céu e podaram dentro do colar para ativar ele.)
Tiro o colar no mesmo momento e taco ele no sofá da sala.
(Colar— isso não vai funcionar, estou ligada a você já que deixou cair seu sangue na pedra, vai ter que esperar a minha energia acabar)
Por que essas coisas acontecem comigo, eu não quero alguém me espionando.
(Colar —se está tão incomodada é só quebrar a pedra no colar, mas caso o inferno e o céu acabem em destruição a culpa vai ser sua.)
Só tento manter a calma e respirar fundo, pelo lado bom só eu posso ouvir ela e daqui a pouco a energia que meu sangue deu ao colar vai acabar.
(Colar—você reclamando sem muito motivo, quem está presa em um colar sou eu que deveria estar no céu)
Pego o colar, vou até a cozinha e coloco ele no friger.
(Colar —friooo!) Então ela sente as coisas, isso é bom.
(—tudo que eu quero é o silêncio, é melhor eu ter isso.) Falo mentalmente.
(Colar —certo, não irei mais dizer uma única palavra, mas me tira desse inferno congelante.) Pego o colar e coloco de volta no pescoço.
Pelo que eu entendi para ficar sem o colar vou ter que recarregar com o meu sangue, mas se eu fizer isso vou ter que aturar alguém enchendo o saco.
Acho que mais que isso não pode piorar...
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Meu Problemático Demônio
RomanceMia Nasci com uma destinação diferente, uma ligação de mestre e servo. Descobri quando criança que tenho um servo demônio, tudo seria normal se não tivesse que viver com ele no inferno, o pior é aturar o ódio dele por mim. (Continuação de Sequestra...