Mia
Acordo com um cheiro maravilhoso de carne de monstro infernal grelhada, existe poucos prazeres nessa torre e uma delas é comer para esquecer minha dor e sofrimento, mas saber que quem cozinha para mim é Atalus me desanima um pouco.
(Colar —eu não quero ver você em fase suicida de novo, sei que não quer descer a escada para ir a cozinha, mas precisa comer.) Acho que quem mais ficou traumatizada quando me joguei da torre foi ela.
Me levanto da cama de camisola branca, a luz do dia entrando pela janela aberta de pedra está me irritando um pouco.
Vou até a cozinha e vejo o moreno cortando alguns legumes, tento ignorar o fato de ele estar sem camisa e com um avental transparente.
Me sento na cadeira em frente a uma mesinha redonda e pequena, eu queria fazer birra e lutar, mas eu já fiz isso antes, eu tô cansada de tudo.
Atalus —consigo ver pela sua cara que já lembrou de tudo em menos de um dia, isso é um recorde.— diz colocando os legumes na panela.
Ele não pode apagar minha memória novamente, o poder dele demora um mês para poder ser usado novamente, isso quer dizer que ele vai precisar me aturar.
Atalus —sua comida está quase pronta.— diz passando para pegar os temperos na parede, lembro que quando ele se distraiu uma vez peguei a faca de cortar carne e enfiei nas costas dele, mas o desgraçado não morre.
(Colar —pela amor de deus, não diga que ele cozinha mal, nem que a comida tem gosto de terra, nem fale que ele é horrível, ele deixou você sem comer por uma semana na última vez que falou) está preocupada demais.
Atalus cozinha bem, não vou mentir, mas esse fato não muda absolutamente nada.
Vejo o moreno colocar a comida no prato, arroz vermelho, é o arroz do inferno que tem essa cor chamativa por causa da chuva, carne e feijão normal com alguns legumes. Só como a comida enquanto sinto lágrimas começarem a escorrer do meu rosto.
Eu nunca vou sair daqui, quero firmemente acreditar que Dagon e Arael estão me procurando, mas provavelmente já seguiram suas vidas e me esqueceram.
Atalus —vai encher seu prato de lágrimas se continuar assim.— diz me olhando, ele parece gostar de me ver sofrer, só não demonstra.
Termino de comer enquanto sei que está me observando, vejo ele pegar duas caixas e colocar em cima da mesa.
Atalus —abra, talvez goste.— esse talvez que ele falou já indica algo ruim.
Vejo que a primeira caixa é um bolo de chocolate com morango, só respiro fundo quando vou abrir a segunda, ele sempre trás algo bom e algo ruim.
Tiro o laço da segunda e abro com cuidado já esperando levar a picada de uma cobra ou aranha, mas nada acontece e nem se mexe, tem uma roupinha de bebê na caixa, não entendo porque ele me deu isso.
—o que isso quer dizer....— antes que eu termine de falar ele responde.
Atalus —eu quero um filho.— só respiro fundo, pois eu nunca vou engravidar, muito menos dessa escória na minha frente.
—eu sou estéril.— falo pois ele não sabe que tenho um implante hormonal no braco.
Atalus —isso é sério? Que pena, eu iria dar liberdade a você por um filho.— diz pegando a caixa de volta.
—liberdade....— falo pois faz tanto tempo que não saio daqui.
(Colar —Mia... Eu não sou você, tudo que decidir...) Eu não vou confiar nele, mesmo querendo a liberdade com todo meu ser, não farei um filho para ele tratar como se fosse um animal de estimação para prender e decidir o que fazer.
—o bolo...
Atalus —sei que gosta de chocolate e morangos, coma antes que estrague, talvez meu bom humor acabe e você demore muito tempo para comer outro doce na vida.— diz tirando o avental deixando seu abdômen completamente amostra.
—eu quero descer a torre para ver o jardim, preciso de um banho e a caixa de água está vazia pela falta de chuva.— falo sem olhar para ele.
O moreno serve dois pedaços de bolo, um para mim e outro para ele, como o bolo sem saborear muito, pois vou precisar comer tudo hoje mesmo.
Atalus —eu melhoro a torre para você se fizer algo.— sei muito bem o que ele vai pedir.
—eu não irei deixar você me foder.— falo, pois me sinto agoniada, me sinto como se estivesse na situação de uma prostituta que precisa se vender para conseguir viver.
Atalus —só estou te dando uma opção, vai ficar aqui por muito tempo, sou bem cuidadoso e ninguém além de mim sabe desse lugar e sobre você, todos pensam que está morta, mas se prefere viver nessa situação do que aceitar logo que é minha tudo bem.— diz comendo sua fatia de bolo.
(Colar —não custa aceitar, da última vez que ele disse isso foi a vários meses atrás, não pode continuar vivendo sem o mínimo, precisa de uma geladeira, de água encanada, de sabonetes e cremes para cabelo.) É a mesma coisa que pedir para aceitar as exigências dele.
Só começo a tossir sem parar, tinha esquecido que estou sem endredon e o frio do meu quarto é super intenso, nesse ritmo vou morrer de hipotermia, acho que não é ruim
Vejo o moreno só vir na minha direção e colocar a mão na minha testa.
Atalus —esta com febre.— diz sério.
—se não tivesse tacado os cobertores de cima da torre eu não estaria assim orelhudo.— falo entre tosses.
(Colar —quer saber, eu desisto, você quer morrer mesmo)
Vejo ele se afastar de mim, seu olhar mostra raiva pela minha desobediência, vai querer me punir e eu nem me importo mais sinceramente.
Atalus —espero que não precise desde orelhudo nessa semana, sem água e sem comida, ainda mais doente, quero saber quando vai aguentar antes de morrer.— diz saindo da torre.
Só fico no chão tossindo sem parar até ver sangue nas minhas mãos, me levanto e coloco os pratos na pia, eu não posso fazer nada além de chorar.
(...)Já faz dois dias que Atalus não volta, estou com tanta cede e fome, meu corpo está frio e não tenho mais forca para levantar por estar doente.
(Colar —eu não quero ver você morrendo, por favor. Um filho não é quase nada a se pagar pela liberdade, você não precisa nem pegar ele depois de nascer...) Ela parece desesperada.
—eu....— só apago quando a dor de cabeça aumenta.
(...)Acordo com o moreno no meu lado colocando um pano úmido na minha testa, estou com um endredon super grosso, ele nunca me deixa morrer, parece um pesadelo eterno.
Atalus —espero que tenha aprendido.— só ignoro e fica olhando para o teto enquanto espirro sem parar.
Vejo ele ficar me olhando por um tempo, queria poder virar mais nem forças tenho para isso, caio no sono novamente por causa da exaustão.
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Meu Problemático Demônio
RomanceMia Nasci com uma destinação diferente, uma ligação de mestre e servo. Descobri quando criança que tenho um servo demônio, tudo seria normal se não tivesse que viver com ele no inferno, o pior é aturar o ódio dele por mim. (Continuação de Sequestra...