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Compartilhar aqueles momentos com a modelo, parecia improvável. Mas Ohana analisava o quanto ela lhe fazia bem de certa forma, a gentileza, o doce no falar. Ela era calmaria, um sopro de paz em meio a tanta bagunça. E a loira sabia, que Larissa era uma ótima companhia, em todos os quesitos.

-Ohana: Eu estou sem fome. - disse baixinho, de fato seu emocional atrapalhava de forma exacerbada no seu cotidiano. - Mas podemos ir ao seu restaurante favorito.

-Larissa: Não... não vai ser legal. - sorriu fraco. - É viciada em café, não é?

Larissa costumava ser observadora, e desde o primeiro dia havia notado que a loira adorava ter um copo biodegradável em mãos. E conhecia bem a logomarca da empresa. Acabaram que compraram dois cafés e caminharam juntas pelo Miami Seaquarium. O lugar era conhecido por ser referência em preservação e proteção á vida animal.

Ohana tinha em conspícuo o quanto Larissa aparentava ser inocente devido o seu jeito bobo de ser, entretanto, ela não era ingênua como todos imaginavam. Afinal, já tinha idade pra ter maturidade e responsabilidades. Mas era incrível presenciar momentos ao lado dela, era como se o tempo passasse mais rápido, as coisas ficassem mais leves... e tudo fosse mais puro.

Depois de passarem por volta de uma hora naquele ponto turístico, Ohana se viu sozinha pelo atender de telefone da ruiva. Enquanto esperava receber um sorvete com pedido efetuado a curtos minutos, fitava a modelo que tinha o celular erguido ao ouvido, e carregava expressão sorridente. Pegou-se analisando-a por inteira, o rosto angelical, os gestos eloquentes, as curvas levemente mostradas pela calça moletom de cor branca que usava. O abdômen levemente definido, a mostra, devido o top em tonalidade também branca. Os cabelos lisos e ruivos, mas não em tom exacerbado... era quase não notório, por possuir tom fechado.

-Ohana: Obrigada! - agradeceu ao atendente, após efetuar o pagamento.

Deixou escapar um sorriso de canto, quando levou a pequena colher de plástico aos lábios com uma quantidade significativa de sorvete. Mas o que a fazia sorrir, não era a temperatura do alimento ou o sabor que possuía, era o riso da ruiva ao telefone. Com o desligar do aparelho e retornar até si, respirou fundo e encarou-a.

-Larissa: Desculpa. - pediu baixinho, deixando escapar um sorrisinho de canto.

-Ohana: Tudo bem. - a loira respondeu dispersa, de fato não se importava com a ausência por curtos minutos.

Caminhavam em direção ao estacionamento aberto, lado a lado enquanto permaneciam em silêncio. O relógio marcava por volta das 14:30, Ohana tinha a tarde livre assim como Larissa. Portanto, não tinham se importado com o que estavam fazendo. Sem preocuparem-se com o tempo. Ohana já não conseguia conter a admiração que tinha por aquela jovem mulher, assim como Larissa.

-Larissa: Espera... - chamou quando Ohana almejou dar a volta no carro para entrar.

Não deram-se conta da posição em que estavam, mas... Ohana encontrava-se presa entre o corpo esbelto da modelo e a porta do passageiro do carro que a pertencia. Larissa notoriamente um pouco mais alta, levava vagarosamente a mão até o rosto angelical da agenciadora.

-Larissa: Está sujo aqui... - disse baixinho, levemente rouca.

O polegar deslizou sobre os lábios róseos da agenciadora, e com um toque sútil, limpou a lateral. Um sorriso surgiu na face límpida de Larissa, assim como na de Ohana.

-Larissa: Não consegui limpar tudo. - tornou a repetir o ato, tendo um sorriso idiota nos lábios.

-Ohana: É? - questionou rouca, em um sussurro.

-Larissa: É. - afirmou no mesmo tom.

Larissa não sabia de onde vinha tanta coragem, mas também não conseguia recuar. Perdia-se em cada mínimo detalhe facial, principalmente nos olhos castanhos que encaravam-a sem timidez. Nunca havia se posto assim diante de uma mulher antes, mas também não entendia o que estava acontecendo. Só não queria sair dali, só não conseguia se desprender.

-Ohana: O que foi? - questionou sorridente.

-Larissa: Eu não disse nada... - sorriu.

Estavam se acostumando a serem assim, bobas, com tempo indeterminado, ao estarem juntas. Mesmo que nunca tivessem ficado tão próximas fisicamente.

-Ohana: Por que está me olhando assim?

-Larissa: Porque você é linda. - disse sem enrolação, tocando o canto dos lábios róseos outra vez.

-Ohana: Ah meu Deus... - sorriu idiota, pelo dito. Estava tímida, envergonhada. Mas estava gostando.

Ohana virou o rosto enquanto sorria e fechava os olhos. Nunca havia sentido-se assim, estava internamente admirada só por estar sentindo ainda que fosse estranho e diferente. Era atração, admiração, ou a carência que a assustava tanto? Bem, não sabia. Mas sentia algo. Suas mãos foram de encontro a barriga bem desenhada, acariciando com o polegar ao tocar a pele quente, mesmo que não fitasse a ruiva nos olhos agora.

-Larissa: Eu gosto de olhar para pessoas bonitas. - soou plácida, puxando de leve o rosto feminino, para que Ohana voltasse a olhá-la.

-Ohana: O que você está fazendo? - questionou quando Larissa deu mais um passo à frente, ficando muito próxima.

-Larissa: Eu não sei. - sussurrou falha, quase inaudível, sorrindo.

Ohana não pôde deixar de pressionar levemente a cintura da modelo, antes de suspirar pesado por ela ter se afastado com um sorriso no rosto e uma expressão demasiadamente confusa.

-Larissa: Agora eu estou com vergonha... - sorriu idiota, e foi a vez de Ohana dar um passo à frente. - Desculpa.

-Ohana: Por que? Não fizemos nada de errado. - disse baixinho. - Ainda...

-Larissa: Ainda... - repetiu.

Larissa engoliu em seco quando as mãos da loira tornaram a repousar em sua cintura, e o olhar ficou vidrado no seu. Não se moveram, e nem tornaram maior aquele ato. Apenas ficaram ali por alguns segundos, ambas se olhando enquanto sentiam-se confortável em fazer aquilo. Ohana sorriu de canto e acabou levando-se a abraçá-la escondendo o rosto em seu pescoço.

(...)

A herdeira a deixou em casa depois de dirigir por todo caminho em um silêncio confortável. Se despediram apenas com um abraçar rápido, e então a loira teve em foco o caminhar da modelo até a entrada da casa em bairro classe média.

-Harvey: Está feliz de mais ou eu estou ficando maluco? - o avô questionou ao presenciar a neta adentrar a casa explicitamente sorridente.

-Yasmim: É... eu também notei.

-Larissa: Da pra pararem? - pediu tentando remediar. - Eu só tive uma manhã boa.

-Yasmim: De forma exacerbada pelo visto.

A ruiva sorriu fraco, e subiu as escadas sem dizer mais nada. Yasmim a seguiu e adentrou o quarto segundos após a ruiva fazê-lo.

-Yasmim: Esqueci de dizer, as coisas que compramos chegaram essa manhã.

-Larissa: Ainda bem. - disse paciente. - Quero repaginar esse lugar.

Yasmim suspirou pesado, havia tido uma manhã cansativa. Sentou-se ao lado da ruiva após ela pedir que o fizesse. Larissa deitou a cabeça em seu ombro e deixou-se fechar o olhos por alguns minutos. Sentia o carinho leve lhe feito, em um cafuné vagaroso. Era ali... que sentia-se em paz.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora