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Larissa:

Eu a acompanhei no trabalho o dia todo, foi estressante pra ela do início da tarde ao fim. A observei reclamar, se chatear e até aumentar o tom de voz. Ohana estava saindo dos eixos e eu sabia bem disso, e foi aí que o mau humor que eu já esperava, tornou-se mais que presente.

Me coloquei diante dela, quando olhei-a distante. Ohana levou ambas as mãos escondendo sua expressão, a medida em que sentou-se frustrada na cadeira principal da sala de reuniões. A da ponta da mesa, qual salientava bem sua posição naquele lugar.

-Larissa: Amor... você não pode controlar tudo.

-Ohana: Eu sei disso e isso me irrita. - ela disse rapidamente, pondo-se a me observar. - Hum? Me irrita porque se eu perco o controle, eu me auto coloco em vulnerabilidade.

-Larissa: Olha aqui pra mim... - me coloquei a sua disposição, a medida em que me agachei, repousando as mãos em suas pernas, acariciando de leve. Olhei-a nos olhos e sorri ladina. - Perder o controle não te faz menor ou vulnerável. É só um problema e você vai resolvê-lo como todos os outros, só precisa ter um pouquinho de calma.

-Ohana: Já estamos a três dias aqui e eu basicamente não sai do lugar! - ela se culpou.

-Larissa: Ninguém pode ser perfeito o tempo todo, você está dando o seu melhor e está sendo impecável. - eu tentei ser compreensiva, visto que eu não sabia do que se tratava. - Não se cobra tanto, não dessa forma.

Ela respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos. Permaneci ali, a observando. Outrora, me coloquei à observar através dos janelões, lá fora já era noite mas nunca escuro. As luzes urbanas estavam ali, sempre presentes.

-Ohana: Podemos ir pra casa? - ela pediu baixinho, me tirando do transe.

-Larissa: Podemos. - respondi de prontidão, levantando-me do assento.

Estendi-lhe a mão e ela logo entrelaçou a minha. Saímos daquela sala após ela apagar as luzes e fechar a porta. Nos colocamos em direção ao elevador e com sutileza, posteriormente, até o estacionamento. Acabei por dirigir tendo em vista que ela estava extremamente cansada e um pouquinho pior após passarmos da saída do prédio. Haviam muitos jornalistas e donos de sites da mídia presentes ali, que acabaram por desrespeitar ela com alguns comentários. E por essa razão, até acabei sendo arrogante para protegê-la. Ohana estava pensativa, dispersa do mundo enquanto presa nos próprios pensamentos. Após estacionar no interno do prédio, adentramos-o pelo elevador no térreo e depois de finalmente adentrarmos o apartamento, a esperei tomar banho enquanto sentada na poltrona do quarto.

Eu podia ouvir bem o soar da água indo contra o chão, observar que a luz estava acesa pela brecha da porta. E só isso, apenas isso. Minutos se passaram e eu me vi um pouco preocupada, afinal, não me era comum presenciar tamanha chateação vinda dela. Me coloquei de pé, caminhei até o bendito banheiro e levei a mão a gélida maçaneta. Me encontrei pensativa, entre abrir ou deixá-la ter este tempo. Engoli em seco e fechei os olhos por alguns segundos, foram meros, mas o suficiente para que eu girasse o metálico e empurrasse a porta com vagareza.

Tive seus olhos de encontro aos meus. Ela finalizava o vestir de um roupão, a medida em que desviava seu olhar do meu, e passava a se fitar no grandioso espelho que tomava a parede.

-Larissa: Está tudo bem? - questionei baixinho, ao dar passos curtos até ela.

-Ohana: Porque você se preocupa tanto? - ela questionou-me baixinho, mas calma.

-Larissa: Porque você é tudo pra mim. - respondi-a sem pensar duas vezes. - e eu não suporto, não consigo, te ver assim.

Ohana sorriu de canto, quase imperceptível. Estavam sendo dias difíceis, e por mais que eu tentasse melhorar isso um pouquinho, ainda assim não conseguia. Quando estávamos quase lá, chegava outro baque para tirá-la do foco. Eu só... queria olhar pra ela, e não ver toda aquela frustração.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora