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Não demorou muito para que Ohana tivesse as câmeras abertas no seu monitor. Acomodou-se melhor na poltrona de couro e colocou-se à observar o que se passava na tela. Seu filho brincava com Larissa, sentado entre as pernas dela enquanto os dois montavam juntos um quebra-cabeça. Parecia bobo, mas era bom ver alguém se dar bem com o Théo. Acabava que, ele era cômodo, e não costumava gostar de outras pessoas a não ser os que constantemente estavam por perto. Geralmente ele estranhava, chorava, birrava... ou só reclamava insistentemente até a mãe retornar. O que de fato, vinha sendo um tenso problema para a loira. Visto que ele havia ingressado na escola a poucos meses.

(...)

Um telefonema tirou-a do foco dado as câmeras, por cerca de 20 minutos. E quando finalizou, decidiu ir até o cômodo. Ao adentra-lo após retirar os saltos, encontrou Larissa com o garoto nos braços enquanto balançava-o com vagareza, induzindo-o ao sono. A ruiva nem se quer notou sua entrada silenciosa, o que deu oportunidade para Ohana analisá-la por alguns minutos.

A ruiva tinha os cabelos lisos levemente emaranhados, devido a mãozinha de Theodoro que descansava em seu colo, sobre alguns dos fios. O rostinho, escondido parcialmente na curva do pescoço, e o corpo, bem seguro pelos braços firmes da modelo. Ainda que tivesse dois anos, Théo era consideravelmente uma criança pequena, baixinha. Larissa o fitava com demasiada atenção, tanta atenção, que Ohana perdia-se em seu observar. Ela vagarosamente levou a mão a tocar os fios escuros de Théo, afastando-os do rosto, eram medianos, lisos. O garotinho, respirou fundo com o contato, e sorriu em meio ao quase sono. Larissa o fazia se sentir seguro de alguma forma, ela era ótima com crianças.

No segundo cômodo, onde era um mediano quarto para o garoto, Ohana permaneceu encostada no batente da porta. Respirou fundo e sorriu. Larissa estava tão dispersa em levar o garoto a dormir, que mesmo com o passar de alguns minutos, não a notou ali.

O quarto era bem detalhado, possuía decoração específica. Minimalismos com estrelas, e no centro, acima do berço, na parede, uma lua. Possuíam um Led, em tonalidade também azul capri, assim como todas as outras mínimas coisas que compunham o lugar bem moderno, moldando um padrão entre o branco e o azul. O carpete, aveludado, também na tonalidade padronizada, e nos janelões do estrito quarto, cortinas que permitiam o escurecer mesmo que durante o dia.

Ohana levou a mão a tocar o interruptor, desligando as luzes e automaticamente ligando apenas os led's dos objetos centralizados na parede com formatos diferentes, eram letreiros decorativos. Por fim, Larissa a notou e sorriu de canto.

-Ohana: Desculpa... - a loira sussurrou, ainda estando encostada no batente da porta.

-Larissa: Pelo que? - questionou também em um sussurro.

Ohana caminhou até ela em passos vagarosos, estando descalço. Ficou bem próxima, onde tocou os fios escuros dos cabelos de Théo, o levando a respirar fundo como outrora. Ele conhecia bem aquele toque materno.

-Ohana: Por ter que ficar com ele. - disse um pouquinho frustrada, afinal, não era todo mundo que se dava bem com o garoto.

-Larissa: Ele é bonzinho. - disse baixinho, mantendo o movimentar, mantendo-o pegando no sono. - Eu juro. Além do mais... não vi problemas em ficar com ele, e ele quem pediu.

Larissa aproximou-se do berço, e Ohana acompanhou-a. Ficando por trás da modelo, segurando-a pela cintura de maneira espontânea, o que internamente, levou Larissa a engolir em seco pela ação inesperada. Ohana repousou o rosto em seu ombro por alguns segundos, antes de inclinar-se e deixar um beijo no topo da cabeça do menino. Após isso, Larissa o colocou no berço, o envolvendo no edredom e o acomodando bem.

-Ohana: Obrigada

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-Ohana: Obrigada. - sussurrou, mantendo as mãos na cintura da outra. A medida em que Larissa, levava as mãos a apoiar-se no protetor do berço. - Obrigada por cuidar dele.

Larissa podia perder-se nas mãos que repousavam sobre sua cintura. Os lábios levemente entreabertos, revelavam o surpreender com o manter da loira. Ohana apoiou o rosto outra vez em seu ombro, envolvendo sua cintura em um abraço vagaroso, a medida em que deslisava as mãos pelo abdômen até formar o envolver. Um amplexo por trás.

-Ohana: Quanto a você... - sussurrou baixinho, evitando acordar o garoto. - Temos um ensaio novo.

-Larissa: Quando? - questionou baixinho.

-Ohana: No domingo, pela manhã. - sussurrou.  - É uma empresa de porte mediano, entretanto, é algo bom a se realizar.

Tinha surgido esta nova proposta e Ohana optou por não deixá-la passar. Acontece, que o presidente era anônimo, aparentemente um novo comprador. Tinha tido contato apenas com a secretária do mesmo, mas isso era o suficiente, não é?

-Larissa: Você vai estar lá de novo? - questionou baixinho.

Ohana respirou fundo e deixou-se pensar por alguns minutos.

-Ohana: É meu dever acompanhar você. - sussurrou.

A loira passou a inalar o cheiro doce que vinha da pele da outra, enquanto passava o nariz pela região do seu pescoço. Outrossim, as vezes deixava beijos fracos por seu ombro despido, dada a roupa que usava.

-Ohana: Você é tão cheirosa... meu Deus! - comentou baixinho, e Larissa sorriu de canto, levemente tímida.

O silenciar tardou, enquanto Ohana permaneceu ali. Estática, segurando a cintura da modelo por trás, tendo o rosto repousado em seu ombro por mais alguns longos minutos. Larissa inclinou a cabeça para trás, e fitou o teto. Fechou os olhos por alguns segundos, e por incrível que pareça, sentiu-se em casa... segura.

(...)

O retornar para casa fôra rápido, após Celine adentrar a sala e as duas se separarem rapidamente para não serem notadas. Por mais que aquele agir não significasse quase nada, ainda assim, não queriam ser alvo de suposições. Yasmim buscou a modelo na empresa, e a levou para casa sequencialmente, onde Larissa contemplou a finalização da reforma rápida em seu quarto, e jantou ao lado dos familiares. No resto da noite, caiu-lhe bem um banho quente, um bom livro e um apagar de luzes para um sono tranquilo.

Já Ohana, compareceu ao jantar importante com os amigos da família. Foi cativante ver o quanto eles orgulhavam-se do seu trabalho, mesmo que tivesse começado a dois anos e isso no meio empresarial fosse bem pouco. Ainda assim, Ohana era destacável pela maneira de agir, o negociar, o lucrar, devido toda sua obstinação e responsabilidade. Após o jantar, se reuniram no enorme gramado da grandiosa mansão, sentados ao chão enquanto papeavam. Desfrutavam de um vinho, qual Ohana momentaneamente negou. Colocava-se apenas a observar a lua e as estrelas.

-Ohana: Vou levar o Théo pra cama... - disse baixinho, tendo o garoto já nos braços, ainda sentada no gramado.

Ele havia aprontado bastante durante o jantar, assim como havia sido mimado pelas tias, pela madrinha Arielle e pelos avós. Feito gracinha, e conquistado todo mundo como todos os outros dias.

-Ivana: Tudo bem. - sua mãe sussurrou, deixando um beijo em sua testa, e outro na da criança.

Ohana adentrou a mansão sozinha, caminhou pelo porcelanato ainda descalço. Subiu as escadas, passou pelos corredores grandiosos e medianamente largos, e por fim adentrou a porta quase no fim do andar. O quarto estava levemente gelado, devido o ar-condicionado que resfriava o ambiente. Théo foi acomodado ao berço, e por fim, Ohana apagou as luzes e o deixou sozinho. Como de costume.

Acontece que deitar na cama fria de seu quarto, foi como cair em um oceano gélido afogando-se nos próprios pensamentos outra vez. Tentou dormir, mas tudo que fez, foi rolar pela cama em meio ao cômodo escuro. Os lençóis de seda agarrado ao seu corpo, deixavam-a ainda mais inquieta, sem sono. Em sua cabeça, os cabelos ruivos a queimavam como fogo. Larissa ainda era muito pouco, para ocupar algum espaço de si, mas a ruiva seria uma problema, ela estava sobressaindo... e todo corpo, alma e cerne de Ohana, reconhecia.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora