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Larissa:

Era sábado à tarde, poucas horas antes de nos direcionarmos ao aeroporto. Eu já havia mencionado a viagem para Yasmim e ao meu pai também, o que foi apoiado por eles. Minha mãe... bem, nos falávamos muito por mensagens, mas eu ainda preferia não contar a ela sobre a viagem, eu não queria que ela se preocupasse comigo agora. Ela sempre pensava muito na maldade mundana, e eu não queria acarretar a ela, pensamentos de que possivelmente eu fosse um alvo a ser atacado apenas por amar e querer estar com uma mulher.

No escritório de Ohana, na mansão, enquanto ela finalizava algumas últimas coisas, permaneci sentada no sofá, no cômodo ao lado. Theodoro assistia algo no tablet deitado na outra ponta.

Sorri fraco com o aproximar da loira. Ohana sentou-se ao meu lado e levou discretamente, a mão até minha perna. Com a mão livre tocou-me o ombro, e após encostar-se no encosto, induziu-me a deitar a cabeça no espaço entre seu ombro e pescoço.

-Larissa: Amor... o Theo. - eu disse baixinho, notando que ele ainda estava entretido.

-Ohana: Se não fizermos nada demais, ele não vai se importar em guardar na mente. - ela deu seu ponto de vista quanto as costumáveis atitudes do garoto. - É só carinho.

Ohana levou a mão a acariciar minha cabeça, em um cafuné lento, enquanto eu abraçava sua cintura lateralmente. Estávamos em silêncio e eu só me confortava em ter sua presença e atenção. Théo olhou-nos de canto de olho e sorriu quando nos percebeu. Afeto pra ele era normal e até um ato admirável, mas ver a mãe beijando a boca de outra pessoa, não. E era por isso que evitávamos isso na sua frente. Dada as causas e sua língua afiada, era melhor manter nossa relação mais reservada ainda que ele tivesse consciência de que não éramos amigas, e deixar explícito a ele somente o carinho que tínhamos uma pela outra. E ele adorava isso, ver que a mãe estava bem. Ademais, também precisávamos manter o desconhecimento de Sidney quanto a esta relação.

-Ohana: Príncipe, vem cá. - ela chamou carinhosa quando ele ficou a nos olhar, como se pedisse atenção também.

Eu sorri boba assim que ele largou o aparelho sobre o estofado e correu com pressa para nós, precisamente para mim. O peguei nos braços e o sentei em meu colo, logo tornei a deitar a cabeça no ombro de Ohana. Levando uma das mãos a segurar Théo, e a outra a repousar sobre a coxa da loira.

-Theodoro: Vocês vão demorar? - ele questionou expressivamente chateado.

-Ohana: A mamãe promete que volta o mais rápido possível.

-Theodoro: Você volta também, não é Lali? - ele olhou-me inocente.

-Larissa: Claro que eu volto, pequeno. - respondi-o com carinho, e ele encostou-se em mim.

Levei a mão que segurava-o, até seus fios, acariciando-o. Ergui o rosto e olhei Ohana, o sorrisinho que mostrou foi o suficiente para que eu roubasse um selinho escondido de Théo.

-Theodoro: A mamãe disse que agora, você vai estar sempre por perto... - ele disse com vagareza tentando não errar a pronúncia, dado ao seu raciocínio. - É verdade?

-Larissa: É sim. - respondi sorrindo fraco, assim como Ohana. - Mas se você não gostar... eu posso não estar. - sugeri, esperando uma resposta. Eu queria ter conhecimento dos seus consentimentos e limites, como filho dela.

-Theodoro: Eu gosto de você, e a mamãe também. - disse paciente. - Pode vir todos os dias, Lali.

-Larissa: Jura? - questionei. Ele parecia ter se esquecido que Ohana estava ali, e ela apenas observava, me fazendo manter o sorriso ladino.

-Theodoro: Sim. - ele respondeu disperso. - Ela até disse que você... é a rainha dela.

-Larissa: Ela também é minha rainha. - mencionei baixinho, tocando-lhe os fios negros. - E você Théo... é o nosso príncipe.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora