17

1.2K 102 0
                                    


Alguns dias depois...

Já haviam se passado alguns dias desde a última ida de Larissa até a empresa Lefundes. Já se tinha o básico, e o plano a se seguir. Precisava apenas cuidar da própria rotina. Enquanto isso, Ohana lidava com contratos, dias cansativos e viagens rápidas até o estado vizinho.

-Harvey: Você tem estado muito dispersa.. - o mais velho comentou, antes de tentar acertar a bola.

Eles jogavam golfe em um enorme campo de Miami, em uma manhã de quinta neblinada. Já estavam ali a algum tempo, faltava pouco para o fim da partida, onde Harvey liderava.

-Larissa: São só... bobeiras. - ela sorriu, tentando mudar o expressar.

-Harvey: Conheço você, Lari... - a voz rouca e já idosa, soou experiente. - Não me engana. - ele sorriu bobo.

Harvey tinha os cabelos branquinhos, mesmo que um porte meio atlético já desgastado pela idade. Ainda que tivesse a beira dos 65 anos, ainda era considerado estável e forte. Os dentes branquinhos como papel, os olhos escuros como os da neta e a face límpida, pouco enrugada.

-Larissa: Você sabe que as coisas têm mudado, não é? - questionou indireta.

-Harvey: Como assim? Não entendo. - ele expressou-se confuso.

-Larissa: Na atualidade em que vivemos, muitos tomaram coragem para assumirem quem verdadeiramente são. Garotos beijam garotos... garotas gostam de garotas...

-Harvey: Onde quer chegar? - ele questionou ainda confuso.

Larissa permaneceu silenciosa por alguns minutos, onde colocou-se em boa postura, a fim de fazer sua tacada. E com maestria, encaçapou a bola pela segunda vez, em sua última tacada da rodada. Era ótima no golfe.

-Larissa: Se eu beijasse uma garota, como reagiria? - questionou e ele sorriu de canto.

-Harvey: Eu não sei... foi você quem supostamente beijou a garota, porquê eu teria que sentir algo? - questionou óbvio.

Larissa respirou fundo e aceitou a garrafinha plástica estendida a ela. Ingeriu um pouco da água gelada e suspirou pesado.

-Larissa: Eu beijei uma mulher. - disse sem hesitar.

-Harvey: Gostou da sensação? - ele questionou curioso.

Harvey realizou a tacada, acertando-a também. Entretanto, ela já mantinha a liderança, dada a pontuação alta.

-Larissa: Eu adorei. - sorriu fraco, permanecendo estática enquanto encarava o avô. - Tratando-se de quem era, eu posso dizer que amei.

Harvey aproximou-se dela, e naquele assunto tão sério, permaneceram parados, pausando a partida de golfe qual se submetiam.

-Larissa: Foi incrível! - ela sorriu outra vez. - Eu senti a sensação de estar sendo eu mesma, entende?

Não podia descrever com complexidade como havia sentido-se, mas podia descrever as sensações tidas. Era um misto de sensações incontáveis. Quais tinha certeza, de que nunca havia sentido antes. De alguma forma, Ohana mesmo insegura, a deixava bem. Larissa não sentia-se usada em meio à turbulência que Ohana era. E nem mesmo a loira, usava-a como um tampão. O que tiveram, fôra real...

Mas... teria alguma importância?

(...)

No domingo pela manhã, Larissa dirigiu-se até a cobertura do prédio mediano em frente a grandiosa e movimentada Miami Beach. Lá de cima, podia observar cada detalhe natural e belíssimo da grandiosa praia de águas cristalinas. Entretanto, o conversar, o movimentar na cobertura tornava tudo um ambiente pesado.

Curvilíneas - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora